31/03/2009

rebelião na Grécia, março (II)


(divulgado pela agência de notícias anarquistas – ana)

Belo exemplo grego que deveria ser seguido. Populares com marretas, picaretas, britadeiras, pás, e muitos sonhos, ocupam um estacionamento, destroem o asfalto, plantam árvores e transformam o lugar em parque público.

Durante todo o dia de sábado (07 de março), a Assembléia Popular de Exarchia ocupou um grande estacionamento próximo de onde morreu Alexis Grigoropoulos, para recuperar este espaço “cinza e asfaltado” da cidade e exigir sua transformação num parque. Na ação, os ocupantes, crianças, idosos, adolescentes, adultos, homens, mulheres, organizaram no local comidas coletivas, com vinho e danças.

Também foram feitas oficinas e, literalmente, os populares, com diversos utensílios, quebraram o asfalto do lugar aonde foram plantados pinhos e oliveiras. No período da noite, um grande quadro presenteado à insurgência grega pelos Zapatistas de Chiapas foi colocado na parede do edifício na frente do lugar do assassinato de Alexis, já tomado com centenas de cartas e uma placa de mármore posta pela família do jovem libertário. O dia foi encerrado com um grande concerto ao ar livre.

Já no dia anterior, sexta-feira (6), à noite, a três meses do assassinato de Alexis Grigoropoulos pelas mãos de agentes da polícia grega armados, manifestantes se reuniram no lugar de seu assassinato para um ato público. O quartel das Brigadas Antidistúrbios foi atacada com coquetéis molotov, e, em seguida, se deu fortes confrontos de rua com a polícia e manifestantes durante toda noite e madrugada.

Sulco fundo de arado.
A terra aberta ferida
Eis a vida.

Eunice Arruda

veja ainda:

o duelo, de guimarães rosa

A seção “Falas” é um espaço reservado para trechos de obras em prosa, de autores consagrados ou não, publicados ou inéditos. Trazemos, neste mês, trechos de um vibrante conto do mineiro Guimarães Rosa.

‘O Duelo’ é um dos nove contos de ‘Sagarana’, primeiro livro publicado por Guimarães Rosa. Em mais ou menos trinta páginas, num clima solerte e aventureiro, conta a história de uma perseguição, desencadeada através do sertões de Minas Gerais. Sabe-se que a literatura de Rosa é marcada pela inventividade, pelo experimentalismo da linguagem e da forma de contar histórias; e, como se já não bastasse, essa difícil originalidade é sobriamente permeada por uma atmosfera meio filosófica, uma metafísica própria das vastidões, asperezas e delicadezas do sertão mineiro, e própria das falas, cismas e silêncios de seus moradores, viajantes e andarilhos. Mas, se comparada à sua obra posterior, ‘Sagarana’ é quase leve, obra gostosa de ler, indicada principalmente para quem não ainda tomou contato com a desafiadora literatura roseana.
São narrativas cheias de incidentes, situações meio fantásticas ou imaginárias, mas que no mais das vezes não colocam os personagens em situações-limite, não têm o propósito de trazer para o leitor a dramaticidade e a trágédia, a peplexidade e as cismas de um ‘Grande Sertão: Veredas’, por exemplo. Além disso, não há ainda todo aquela festiva e genial abundância de criação de palavras, de liberdades sintáticas, de experimentações narrativas, que acaba por dificultar a fruição por parte de leitores menos habituados. Assim, ‘Sagarana’ è uma ótima porta de entrada para o inigualado universo de Gumarães Rosa. Segue abaixo uma vibrante e sedutora amostra dessas ‘quase sagas’ - ‘rana’ em tupi, significa algo como parecido, semelhante
(
Roberto Soares Coelho)
" Mas, por essa altura, Turíbio Todo teria direito de queixar-se tão-só da sua falta de saber-viver; porque avisara à mulher que não viria dormir em casa, tencionando chegar até ao pesqueiro das Quatorze-Cruzes e pernoitar em casa do primo Lucrécio, no Dêcàmão. Mudara de idéia, sem contra aviso à esposa; bem feito!.: veio encontrá-la em pleno (com perdão da palavra, mas é verídica a narrativa) em pleno adultério, no mais doce, dado e descuidoso, dos idílios fraudulentos.

Felizmente que os culpados não o pressentiram. Turíbio Todo costumava chegar com um mínimo de turbulência: ouviu vozes e espiou por uma fisga da porta; a luz da lamparina, lá dentro, o ajudando, viu. Mas não fez nada. E não fez, por que o outro era o Cassiano Gomes, ex-anspeçada do 1° pelotão da 2° companhia do 5° Batalhão de Infantaria da força Pública, onde as gentes aprendiam a manejar, por música, o ZB tchecoslovaco e até as metralhadoras pesadas Hotchkiss; e era, portanto, muito homem para lhe acertar um balanço na testa, mesmo estando assim em sumaríssima indumentária e fosse a distância para duzentos metros, com o alvo mal iluminado e em movimento.
Turíbio Todo não ignorava isso, nem que o Cassiano Gomes era inseparável da parabellum, nem que ele, Turíbio, estava, no momento, apenas com a honra ultrajada e uma faquinha de picar fumo e tirar bicho-de-pé.

Todavia, com o bom, o legítimo capiau, quanto maior é a raiva tanto melhor e com mais calma raciocina, Turíbio todo dali se afastou mais macio ainda do que tinha chegado, e foi cozinhar o seu ódio branco em panela de água fria.
E fez bem, porque então lhe aconteceu o que em tais circunstâncias acontece as criaturas humanas, a 19° de latitude S. e a 44° de longitude O.: meia dúzia de passos e todo o mau-humor se deitava num estado de alívio, mesmo de satisfação. Respirava fundo e sua cabeça trabalhava com gosto, compondo urdidos planos de vingança.
E pois, no outro dia, voltou para casa, foi gentilíssimo com a mulher, mandou pôr ferraduras novas no cavalo, limpou as armas, proveu de coisas a capanga, falou vagamente numa caçada de pacas, rui muito, se mexeu muito, e foi dormir bem mais cedo do que de costume. E isso foi na quarta-feira. Quinta-feira pela manhã...
(...)
Bem, quinta-feira de manhã, Turíbio Todo teve por terminados os preparativos, e foi tocaiar a casa de Cassiano Gomes. Viu-o à janela, dando as costas para a rua. Turíbio não era mau atirador: baleou o outro bem na nuca. E correu em casa, onde o cavalo o esperava na estaca, arreado, almoçado e descansadão.
Nem por sonhos pensou em exterminar a esposa (Dona Silivana tinha grandes olhos bonitos, de cabra tonta) porque era um cavalheiro, incapaz da covardia de maltratar uma senhora, e porque basta, de sobra, o sangue de uma criatura, para levar, enxaguar e enxugar a honra mais exigente.
Agora tinha que cair no mundo e passar algum tempo longe, e tudo estaria muito bem, conseqüente e certo, limpamente realizado, igualzinho a outros casos locais.

Mas... Houve um pequeno engano, um contratempo de ultima hora, que veio pôr dois bons sujeitos, pacatíssimos e pacíficos, num jogo dos demônios, numa comprida complicação: Turíbio Todo, iludido por uma grande parecença e alvejando um adversário por detrás, eliminara não o Cassiano Gomes, mas sim o Levindo Gomes, irmão daquele, o qual não era metralhador, nem ex-militar e nem nada, e que, por sinal, detestava mexida com mulheres dos outros. Turíbio todo soube do erro, ao subir no estribo . –Ui!.. Galope bravo, em vez de andadura!... – pensou. E enterrou as esporas e partiu, jogando o cascalho para os lados e desmanchando poeira no chão.
Cassiano Gomes acompanhou o corpo do irmão ao cemitério, derramou o primeiro punhado de terra, e recebeu, com muita compostura, entristecido e grato, as condolências petentes. Depois voltou em casa, fechou muito bem janelas e portas – felizmente ele era solteiro – e saiu, com a capa verde reiúna, a winchester, a parabellum e outros petrechos, para procurar o Exaltino-de-trás-da-Igreja, que tinha animais de sela para vender.

Comprou a besta douradilha; mas, antes, examinou bem, nos dentes, a idade; deu um repasse, criticou o andar e pediu uma diferença no preço. Encerrado o negócio, com os arreios e tudo, Cassiano mandou que dessem milho e sal à mula; escovaram-na, lavaram-na e ferraram-na de novo.
Já ele pronto, quando estava amarrando a capa nas garupeiras, ainda ouviu o que o Exaltino-detrás-da-igreja falou, baixinho, para Clodinho Preto:
- Está morto. O Turíbio Todo está morto e enterrado!.. Esta foi a última trapalhada que o papudo arranjou...

Cassiano pensou, fumou, imaginou, trocou, crismou, e, já a duas léguas do arraial, na grande estrada do norte, os seus cálculos acharam conclusão: Turíbio Todo tinha uns parentes na Piedade do Bagre, ou ali por menos longe... Para lá batera, direitinho, ainda assustado por conta do malfeito. Não podia ter tomado outro rumo, e, de seguro, dando o mais que pudesse, teria vindo a galope. Quando ele chegasse na Piedade – para diante não havia terras aonde um cristão pensasse ir, - descansado, junto de gente sua, tornaria e ter raiva e tratava de voltar nos passos.
E estava muito certo disso tudo:
- Ele vai como veado acochado, mas volta como cangussu... No meio do caminho agente topa, e quem puder mais é que vai ter razão... "


Guimarães Rosa, ‘O Duelo’, da obra ‘Sagarana’, Ed. Record, 1984

preparar a grande festa da humanidade

No texto abaixo, como escapar do serviço militar, as interessantes peripécias de um jovem para escapar de obrigações impostas pela visão militarista, que por muito ainda influenciará conceitos como os de estado, nação e soberania. E, pelo menos enquanto ainda estiver de pé essa estrutura econômica e política que opõe pessoas e povos, até mesmo nações que lograram romper ou iniciar um processo de ruptura com o capitalismo (felizmente, muitos aqui na América Latina, em maior ou menor grau: Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia, Brasil, Paraguai, Nicarágua e agora o caçula El Salvador) terão que tolerar a presença dessa tola, maléfica e primitiva visão guerreira.

Registre-se também a breve queixa que o rapaz faz dos movimentos anarquistas, com relação à falta de firmeza e coerência dos mesmos. E o interessante é que esse texto vem sendo divulgado por entidades e espaços ligados ao movimento libertário e anarquista. Chamamos a atenção para esse detalhe, aparentemente insignificante, porque isso só mostra que há no movimento a necessária lucidez para perceber e lidar com suas próprias contradições, contradições que fazem parte de qualquer movimento que busca um mínimo de compreensão do desenvolvimento dialético da história e da humanidade.

E também mostra que o importante é ter em mente que, passar do velho para o novo, passar da compreensão à transformação das estruturas - seja para anarquistas, libertários ou socialistas - não significa exatamente agir de forma sempre coerente, perfeita, plena; afinal, isso seria fazer o jogo da velha ordem, seria deixar-se envolver por uma visão purista que somente beneficiaria aqueles que não querem a transformação, que fazem de tudo para negar a presença de pessoas, idéias e movimentos insatisfeitos com a ordem estabelecida.

Aos que querem conservar a ordem, é um ótima tática essa de desqualificar, apontar as incoerências, contradições e supostos oportunismos daqueles que pretendem revolucionar, como se aqueles que apregoam e forjam o novo tivessem que vir como anjos, tivessem que vir já como perfeitos frutos do novo. Como se os agentes da transformação não tivessem o direito de também estar em construção, a viver um constante e às vezes desgastante processo de ruptura com o dia a dia da ordem que negam, e na qual têm que trabalhar, evoluir, criar ou respeitar laços afetivos e familiares. E, nesse processo de recorrente construção e ruptura, claro que existem aqueles agentes que, em maior ou menor grau, aderem aos valores, práticas e vivências que caracterizam a velha ordem, passando reproduzir seus vícios, suas relações de poder, sua visão verticalizada e opressora. Mas isso não significa que todos os agentes da transformação enveredem por esse caminho, ou que não estejam minimamente lúcidos com relação a essas contradições e armadilhas.

Por outro lado, o detalhe acima apontado também mostra que, para aqueles que se colocam revolucionários da ordem, não há palavras, posições ou verdades definitivas. O movimento anarquista é passível das mesmas limitações, incoerências ou contradições que os socialistas. Uns e outros têm que se ver como complementos e não como oposição insolúvel ou agentes mutuamente excludentes.

Anarquistas têm que levar em conta que, talvez, talvez, o projeto de eliminar o Estado limitador, hierárquico e burocrático, somente possa se concretizar junto com o processo socialista, quer dizer, talvez uma sociedade libertária somente possa se consolidar a partir de um mínimo de superação do capitalismo pelo Estado socialista. Enquanto isso, libertários têm que aprender a respeitar e conviver com os agente do processo socialista, mas sem jamais renunciar à tarefa de denunciar os desvios desses agentes, seus deslumbramentos, seus oportunismos, suas reproduções das relações autoritárias próprias da velha ordem.

E, claro, também jamais renunciar à sua tarefa de insistir em apontar para os socialistas, e às pessoas em geral, o horizonte último da caminhada humana sobre a Terra, qual seja, o horizonte do congraçamento, da pacificação, da confiança, da riqueza de relacionamentos, da reverência para com os outros e com o mundo, enfim o horizonte da verdadeira Festa, com a qual podemos nos deparar lá à frente na História.
Anarquistas e libertários talvez sejam os últimos agentes que podem e devem manter acesa a chama que aponta para esse horizonte último da humanidade, e que aponta concreta e lucidamente, com argumentos e análises sérias, convincentes (sem se inspirar na metafísica própria da religião e nem se amparar na liberdade visionária própria da arte). Portanto, devem fazê-lo sem o constrangimento de parecerem utópicos, sonhadores, obsoletos, inconsistentes, escapistas e outros tantos adjetivos que são lançados - ora da direita, ora da esquerda - contra o movimento.

Já socialistas têm que meramente cumprir a sua tarefa de superação e eliminação do Estado capitalista, com eficiência e disciplina, lucidez e coragem, sem se preocuparem com um horizonte muito longínquo, com um hipotético mundo sem contradições e conflitos de qualquer ordem. Socialistas não trabalham com o ideal ou o desejável, mas com aquilo pode ser construído e forjado a partir das condições históricas presentes, concretas. Mas isso não os habilita a ignorar as posições de libertários e anarquistas, ou a desqualificá-las.

Pelo contrário, deveriam entender as aspirações libertárias como algo que mantém acesa a chama da utopia maior para a humanidade, como a lembrança de que a luta não se esgotará na superação do capitalismo, mas terá que ir adiante, rumo à supressão total de toda e qualquer estrutura que aliene o os homens e mulheres de sua palpitante relação com o mundo e consigo próprios.
Socialistas têm que ter em mira o horizonte apregoado pelos movimento libertário - claro, não para se basearem nele, mas para não se mumificarem, não se acomodarem, não se traírem no seu glorioso, redentor e indispensável combate contra o capitalismo, sabedores que os brados e barricadas libertários são como uma alerta para seus desvios de conduta no duro e cotidiano enfrentamento com as estruturas da velha ordem.
E, tão importante quanto os alertas, socialistas têm que aprender a ouvir os chamados à utopia feitos pelos libertários.

Afinal, anarquismo não é brincadeira, não é escapismo ou fuga da verdadeira luta; não é algo abstrato, que existiria independente da realidade humana, o anarquismo não tem vida separada do ser humano, não surgiu antes dos homens e mulheres, as exigências e propostas libertárias são exigências própria da condição humana, há todo um fundamento filosófico, ético e ontológico a ampará-las.
Na verdade, as aspirações libertárias são apenas uma síntese daquilo que há de melhor, mais digno e mais comovente na arte, na religiosidade, na cultura popular, na ação política. O que acontece é que o que diferencia esse diferença desse movimento está exatamente em propor tudo isso para aqui e agora, a essência do anarquismo está na sua postura de acreditar que o melhor do ser humano e da vida pode e deve ser vivido sem mais delongas, sem quaisquer mediações ou condicionamentos, sejam eles filosóficas, políticas, artísticos, religiosos ou econômicos.

Quer dizer, a riqueza libertária está em nos lembrar que sempre seremos capazes de dar o melhor de nós e despertar o melhor do mundo e dos outros aqui e agora. O anarquismo nos lembra que a Grande Festa da vida e do mundo não é utopia, sonho ou delírio, muito menos prêmio raro ou celestial, e sim algo a ser construído pela nossas mãos e mentes, pelos nossos corações e espíritos. . E essa lembrança, esse apelo deve ser levado a sério também pelos seus irmãos de luta, os socialistas das mais diversas correntes.
Roberto Soares Coelho

como escapar do serviço militar

(postado na lista de discussões da palca, volume 113, assunto 01)
Caio Maniero D’Auria é um enxadrista. Calculista. Paciente. Insistente. Irritante, até. Graças a essas características, tornou-se, aos 22 anos, o primeiro brasileiro dispensado do serviço militar obrigatório por “razões políticas e filosóficas”. Na prática, significa que ele foi dispensado sem nem precisar jurar à bandeira. Para muitos, a formalidade é apenas um detalhe. Para ele, uma batalha de quase cinco anos de duração em defesa da “liberdade”.

Todos os anos 1,6 milhão de jovens alistam-se e cerca de 100 mil são incorporados ao Exército, à Marinha ou à Aeronáutica (em 2008 foram 80 mil), segundo o Ministério da Defesa. Desses, 95% declararam no alistamento desejo de servir. Os que não queriam, foram convocados por ter alguma habilidade necessária à unidade militar da região. “A Estratégia Nacional de Defesa pretende alterar esse quadro, de modo a que o serviço militar seja efetivamente obrigatório, e passe a refletir o perfil social e geográfico da sociedade brasileira”, anuncia o Ministério da Defesa, sem dar detalhes de como isso será feito.

Por ora, a única exigência feita para os dispensados é uma pastosa cerimônia de Juramento à Bandeira, tão esvaziada quanto a obrigação de executar o Hino Nacional antes das partidas de futebol em São Paulo. Ninguém reclama. Caio recusou-se.

Determinado a encontrar um meio válido de não jurar à bandeira, entranhou-se nas leis militares. Telefonou para o Comando Militar do Sudeste e soube que podia pedir para prestar um serviço alternativo e que, por não haver convênio firmado, isso resultava na dispensa automática. “Mas a secretária da Junta Militar me falou que só Testemunhas de Jeová podiam alegar objeção de consciência. Ela me mandou jurar à bandeira, mas eu estaria mentindo se jurasse dar a vida pela nação, pois jamais faria isso”, diz, com um sorriso tímido de quem mal deixou a adolescência.

De próprio punho, Caio redigiu uma “declaração de imperativo de consciência”, e declarou-se anarquista. A Junta Militar exigiu a declaração de uma associação anarquista confirmando o vínculo. Caio, então, contatou mais de vinte organizações em busca de, como diz, uma “carta de alforria”. Perdeu um ano nessa. “Os anarquistas brasileiros não tiveram a coragem de colocar em prática o que tanto pregam. A maioria está mais interessada em festinhas”, reclama. E pondera: “Acho que eles tiveram medo de ser fichados pelo Exército”.

Desiludido, encontrou na internet a organização Movimento Humanista. Enfim, sentiu que seria atendido. “Pregamos a não-violência e somos contra o serviço militar obrigatório”, diz Paulo Genovese, coordenador do grupo, que faz reuniões semanais e promove a Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência.
Diante de nova declaração de objeção de consciência, a Junta pediu dados dos integrantes e o CNPJ da organização. Três meses depois, foi preciso detalhar quais eram as incompatibilidades do movimento com o serviço militar. Era janeiro de 2008. “Passei noites em claro redigindo. Fui pessoalmente entregar”, diz, satisfeito. Sustentou que os humanistas colocam “o ser humano como valor central”, enquanto os militares devem defender a pátria “mesmo com o sacrifício da própria vida”. E que o “repúdio à violência” é incompatível com o “amor à profissão das armas”.
Quatro anos e oito meses após se alistar, Caio pegou seu Certificado de Dispensa do Serviço Alternativo. Em 2008, apenas seis jovens foram eximidos por objeção de consciência. Nos últimos cinco anos, 232. Mas Caio foi pioneiro. “Nunca motivos políticos livraram alguém, o meu processo é o número 001/08. Abri um precedente e agora tenho onde lutar por minha liberdade e pela dos demais”, comemora ele, que é analista de dados de telemarketing. Há anos quer prestar concurso público. Agora pode.

não à captura da rede!

Sem entrar no mérito do que de fato ocorre nas mídias e nas lutas políticas da Bahia, vale conhecer o texto abaixo, já que o problema da ‘captura’ e manipulação do espaço virtual, pelos grandes meios de comunicação, certamente não se restringe àquelas plagas. Afinal, constata-se que a disputa de idéias deve ser feita até mesmo na internet, ainda mais se levamos em conta que a rede é (ou ainda é) a ferramenta que mais se aproxima de um espaço democrático, aberto, plural e horizontal. Espaço que devemos estar sempre alertas para defender. Nesse sentido, o texto do César é bem pertinente.
Veja também: 'veículos virtuais...' e 'twitter...'

Bahia Singular - Crítica e Avaliação dos blogues da mídia baiana
Os jornalistas, em sua quase totalidade, queixam-se dos donos dos meios de comunicação que limitariam a sua liberdade de informar, quando não impõem a eles o dever de informar aquilo que interessa à empresa. Alguns outros profissionais, mais pragmáticos, constatando que não existem santos nesse meio, por necessidade ou esperteza colocam a pena a serviço dos ricos e poderosos.
Com o advento da internet e com a proliferação dos blogues, os jornalistas de certo modo encontraram um espaço para o exercício da autonomia profissional, a possibilidade de escreverem aquilo que entendem ser a verdade factual a ser exposta ao público.

Este caminho, a par de representar para esses comunicadores a via para o exercício independente da sua atividade, resulta para o público na oportunidade de receber informação fidedigna, cada vez mais negada pelos órgãos tradicionais de imprensa, em face dos seus crescentes interesses.
No entanto, em alguns estados - e a Bahia é o exemplo que nos interessa - a proliferação dos blogues, não tem representado para o público acesso a informação de qualidade, com comentários e críticas consistentes e isentas. Ao contrário, os blogues por aqui acabaram se transformando numa amarga, triste e lamentável extensão das páginas e colunas dos jornais, rádios e emissoras de TV.

Os nossos jornalistas e assemelhados, habituados aos costumeiros contorcionismos, vendem a imagem de uma independência que não gozam, seja por conveniência pessoal ou porque não conseguem se desvencilhar do velho hábito imposto pelos patrões.
Observa-se que, sem qualquer pudor, transferiram para o blogues a subserviência e a insuperável vocação para transformar a profissão mal paga pelos patrões em rentável negócio. As críticas, quando feitas, ficam na superficialidade, afinal a sutileza é permitir ao próprio criticado entender que pega bem vender essa idéia de isenção e de radical cumplicidade com o público leitor. O descaramento é tal, que quase todos reproduzem as manchetes dos principais jornais do país, mas se negam a abrir espaços para críticas e comentários dos leitores. Em suma, ignoram os leitores e dialogam com os seus próprios botões. O resultado é que por aqui, os blogues transformaram-se em meras ‘bodegas noticiosas’ e extensão dos negócios dos seus titulares.

Um bom exemplo da visão comercial e dos interesses que permeiam a atividade da mídia local ocorreu nesta semana. O jornal A TARDE e a coluna do jornalista presidente da ABI Samuel Celestino, publicada no mesmo jornal, a partir de denúncia de bailarinos do Teatro Castro Alves, abriram fogo contra a Secretaria da Cultura, dirigida pelo diretor de Teatro Marcio Meireles. A animosidade contra a secretaria é clara e tem sido assunto de críticas de outros veículos. O secretário se defende dizendo que ao redirecionar os recursos gerou insatisfações uma vez que desmontou velhas estruturas que sempre se beneficiaram em administrações anteriores. Viria daí a inconformidade.
Na mesma edição do jornal, à primeira página vem uma manchete noticiando que aos estados da Bahia e do Piauí tiveram o pior desempenho educacional do país. Sobre essa verdadeira tragédia, nem uma palavra. Todos os colunistas, âncoras e blogueiros desta bela capital, sem exceção, enfiaram a viola no saco, porque educação pública diz respeito a pobre.

Como diz um radialista local: ‘nós somos formadores de opinião’. Para dar a exata dimensão do nosso estágio de primarismo e ignorância, imagine semi-analfabetos formando opiniões. Parafraseando o texto bíblico, enfim, quem bebe dessas fontes, sempre terá sede. E seguem todos bailando.
Cesar Rabelo

nos bastidores de Capitu

veja também: 'veículos virtuais...'
http://www.capituz.wordpress.com/ é o endereço de um espaço, senão diferente, ao menos não tão comum. Na verdade, são muitas as tentativas de escrever, filmar ou representar em tempo real, ou de mostrar, através da internet, os bastidores de algum trabalho artístico - que me desculpem os mais ‘antenados’, mas prefiro usar o vocábulo ‘bastidores’ ao invés da expressão ‘making-off’, ainda cultivo o hábito de deixar de escrever na língua materna somente quando realmente há uma estrita necessidade vocabular, de entendimento ou mesmo uma sempre benvinda necessidade estética, sem ser necessariamente submissa.
Mas voltando às tentativas de bastidores e de trabalhos virtuais, algumas são cansativas, outras um redondo ou parcial fracasso, outras até mesmo constrangedoras na sua inconsistência, e muitas acertam. O blog referenciado acima, editado por Dinho Marques, é uma dessas que têm tudo para acertar. Trata-se de um espaço onde o diretor e atores de um grupo de teatro, aqui de Vitória, expõem o seu dia a dia, as suas impressões e diálogos acerca da peça que pretendem montar em breve, baseada no Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O tom dos textos é no mais das vezes bem didático e descritivo da rotina do grupo, mas passando para o leitor noções interessantes acerca da história do teatro, dos tipos de teatro e principalmente acerca do fazer teatral (Dinho Marques, o editor do blog, é professor de teatro na FAFI e diretor do Grupo Z).
E às vezes o tom é intimista, mas sem resvalar para chiliques verbais; claro, há toda uma espontaneidade e uma forma própria de se expressar, mas cujo limite é uma comunicação minimamente séria, sem esses exageros de impressões e expressões, supostamente originais ou sensíveis, ou seja, não há essa preocupação de ser ‘engraçadinho(a)’, que costuma proliferar nessas situações; aliás, não só nelas - a esse respeito, é interessante um texto já publicado aqui no Desvelar, do escritor Florian Zeller.
Enfim, embora o blogue seja visivelmente dirigido para pessoas ligadas ao teatro, o leigo ou apenas espectador tem muito a ganhar com toda essa partilha de informações e vivências. Se ressalva há, é com relação ao aspecto excessivamente técnico ou detalhista que, às vezes, predomina nos textos. Mas nada que obrigatoriamente canse o leitor, não é difícil filtrar o que lhe interessa.
Num de seus últimos espetáculos de dança-teatro, o "Quatro Intérpretes para Cinco Peças", Dinho Marques conseguia transmitir para o espectador uma leveza mesclada com agilidade. Quem viu o trabalho pode conhecer a preocupação de Dinho com a concisão, a linguagem enxuta, a resistência em inundar o palco com gestos, figurinos e cenários desnecessários. Oxalá, o trabalho ‘Capitu’ mantenha ou aperfeiçoe aquela linguagem às vezes nervosa e apressada, mas de enxuta sedução.
Claro, escrever é algo bem mais pesado, barroco e abundante do que o simples e gostoso dançar, mas é uma experiência que pode valer a pena, essa de acompanhar, ou ao menos visitar, através da escrita a gestação de mais esse trabalho do Dinho e o Grupo Z - e, claro, se possível conferir o resultado no palco.
A título de amostra, segue abaixo fragmentos de um dos relatórios escritos pelo Fernando ‘Dinho’ Marques.

"A memória prega peças - faz acreditar que sabemos objetivamente de tudo o que houve. Não. Retemos apenas parte do que os olhos pegaram. Sobre essa parte, pensamos, sentimos, tecemos impressões, tiramos conclusões - essa parte, nós a reelaboramos. No que fica, no que a memória nos dá, talvez haja apenas traços do que houve; às vezes mais fortes, às vezes mais tênues.

Eu devo - essa foi a tarefa a mim encomendada - escrever sobre a última semana de ensaios. O problema é que eu não sei onde ela começa; eu não sei como ela termina. Tudo é contínuo, um fluxo. Talvez tudo isso tenha começado quando eu li pela primeira vez o Dom Casmurro, lá pela sétima série? Ou antes, quando em 1899 o romance foi publicado? Ou quando o romance, sabe-se lá de que forma, começou a se desenhar para o autor? Ou muito antes - e podemos ir pensando em vários elos, num exercício absolutamente inútil. Mas o fato é que a semana começa, se não me prega peças a memória - e ela sempre prega -, com os olhares; e esses olhares vêm de antes; no mínimo, da semana passada.
Os olhares. Os atores, divididos em dois grupos criaram cenas - não havia sobre essas cenas a serem criadas nenhuma exigência, podiam criar o que quisessem, qualquer cena curta: o exercício não estava aí. A questão era, na verdade, pontuar a cena criada com olhares: depois de feita, refazê-la, interrompendo o fluxo dramático com olhares que perdurassem no silêncio.

E foi interessante notar como há medo de parar a cena no olho, de interromper o diálogo. Medo dessa ação que nos parece, aristotélicos, inação. Mas melhor ainda foi forçar a barra nesse sentido, introduzir os olhares, e ir percebendo como eles sustentam a cena, como podem substituir falas que descobrimos serem desnecessárias, que só estão lá, provavelmente, em função de um vício nosso de querermos ser completamente entendidos a qualquer custo - como se isso fosse possível.

Os olhares são fortes e paradoxais - interrompem a cena e a sustentam; mostram a personagem e seu intérprete; levam a cena ao espectador e trazem-no para dentro dela.
Ao final - apenas como exercício -, repetimos a cena reduzida aos olhares. E ali estava tudo: o enredo, as falas, as ações, as relações, a cena. E vimos que os olhares - que são tão fortes no romance - são algo que queremos mesmo explorar.

Envolvido com Dom Casmurro, tendo a acreditar agora que tudo é uma questão de olhar. Escrito por Fernando, em 25/03/2009 "
Roberto Soares Coelho

o twitter: o modismo e a arma política


Num artigo postado por Carlos Castilho, em 24/3/2009, o “Observatório da Imprensa” aborda o fenômeno do Twitter, ferramenta de comunicação virtual. Além de elaborar uma concisa mas ilustrativa descrição das potencialidades do Twitter, o autor sugere que, nas suas abordagens, a imprensa fique mais alerta para as possibilidades de sua utilização política, ao invés de mero modismo, sugere que a mídia vá além de “um expediente editorial que visa apenas estar na onda, e que impressiona mais os que estão fora da Web do que os usuários da rede.”.
Como se sabe, e como o próprio nome indica, o “Observatório” foca a atuação dos veículos de comunicação em relação aos mais diversos assuntos. Mesmo para quem já conhece o programa homônimo da TV Brasil, apresentado por Alberto Dines às terças-feiras, vale a pena conhecer o site, e o artigo do Carlos Castilho pode ser uma boa porta de entrada: A imprensa celebra o fenômeno Twitter mas esquece outras aplicações do programa
O texto também vale pela lembrança de que a rede - e qualquer ferramenta a ela ligada - pode e deve servir também como instrumento de transformação social, seja qual for a orientação e as ‘atitudes’ que mídias e mercados tentem impor aos usuários dessas ferramentas, que vão surgindo por obra e graça da engenhosidade de indivíduos e povos, e não por uma suposta, inquestionável e ‘mágica’ eficiência de mercados e corporações.

saulo laranjeiras: nos braços da viola

TV Brasil começa a acertar

Ainda sobre a TV Brasil: para quem gosta de música popular no sentido estrito, deve conferir o programa comandado pelo cantor e compositor mineiro Saulo Laranjeiras, “Nos braços da viola”, às segundas-feiras, entre 19:30 e 20:00 h - aliás, com uma maior estabilidade na programação e um maior respeito aos horários, está ficando novamente agradável assistir à TV Brasil.

Porque interessante e necessário sempre foi, no lastimável contexto televisivo que nos é oferecido; só que a direção das emissoras, recentemente agrupadas na TV Brasil, oferecia uma programação um tanto ou quanto confusa, que tirava um pouco da paciência e da disposição do telespectador. Ainda falta enriquecer e diversificar um pouco o conteúdo, e dar um pouco mais de harmonia e agilidade à grade de programação, mas a TV Brasil está no caminho certo.
Voltando ao programa do Saulo, são apresentações de violeiros, que o apresentador conhece pelo Brasil afora, mescladas de conversas amenas mas consistentes, numa gostosa e equilibrada mistura de muita música, alguma informação e uma relaxante convivência com a simplicidade e a autenticidade de nossos artistas populares. Vida longa às violas de Saulo Laranjeiras na TV Brasil!
Roberto Soares Coelho

ashaninkas e franceses: celebração da diferença

Ainda a música: foi bonito de se ver uma apresentação que o cantor Leoni fez na França, ao lado de membros dos Ashaninkas, tribo indígena do Amazonas. Trechos da apresentação foram exibidas pela TV Brasil, no dia 29/03, domingo à noite. Junto com os Ashaninkas e Leoni, apresentava-se também um quarteto de música erudita, parece que também da França, o Quarteto Alhambra.
O que se viu foi um despretensioso mas vibrante congraçamento entre culturas diferentes. Encontro feito de respeito e reconhecimento de parte a parte, sem a preocupação com discurso e gestos políticos ou ecológicos, deixando a música e a arte falarem. Não que arte tenha o condão de fazer sumir, como num passe de mágica, os conflitos, ou os ajustes que deveriam ser feitos entre o primeiro e os outros mundos.
Mas a atmosfera de celebração das diferenças dispensava confrontos explícitos ou sugeridos. A platéia de europeus visivelmente se encantava, numa admiração equilibrada, sem expressões ou manifestações de paternalismos. Não havia aquele ar de filhos de uma civilização superior a dar o seu apoio formal e os seus educados aplausos aos singulares representantes de um qualquer canto exótico do planeta. O que havia era realmente admiração, reconhecimento entre iguais, iguais na capacidade produzir arte, magia, iguais na necessidade de serem acolhidos, de se acolherem.

Algo bem diferente de nossas elites - e da ampla parcela de nossa classe média que vive, ou imagina viver, segundo os padrões dessa mesma elite - que têm como hábito de elegância e de bom tom desprezar o que há de riqueza cultural no seu próprio. Isso, claro, supondo que conheçam o que há no meio do seu próprio povo. Isso, claro, supondo que se sintam como parte de um povo, qualquer que seja ele. Mas tudo isso não tem muita importância, afinal as práticas e os valores esquizofrênicos dessa elite e dessa classe média despersonalizada não contarão muito no novo mundo que se prepara.
Roberto Soares Coelho

rebelião na Grécia, março (I)

Últimas Ações na Grécia

A chispa rebelde na Grécia continua acessa e ardendo. Na última semana mais uma série de atividades e ações aconteceram por todo território daquele país. (divulgado pela agência de notícias anarquistas – ana)
Policiais são atacados
Neste sábado (28), aproximadamente sete polícias, enquanto estavam fazendo patrulha no centro de Atenas, foram atacados por um grupo de mais ou menos 50 anarquistas. Um policial foi ferido e transportado para o hospital, posteriormente o grupo destruiu a fachada do Banco Nacional, localizado na rua Eolu.
Protesto contra antenas de celular
Ainda no sábado (28), em outro bairro da capital grega, em Trimestre Gkisi, foi realizada uma manifestação com várias centenas de moradores do bairro contra as antenas de celulares. A antena da empresa Cosmote foi “desativada” pela população.
Prédio é ocupado
Moradores do bairro de Nea Filadélfia ocuparam um prédio vazio que pertencia ao município para transformá-lo em um Centro Autogestionário.
Manifestação anti-fascista
Na cidade de Loannina, ocorreu uma manifestação anti-fascista, com a participação de quase 200 pessoas. Durante o protesto foram feitas várias pichações e diversos caixas eletrônicos danificados.
Banco é atacado
O Banco Nacional, na cidade de Serres, foi alvo de um ataque incendiário. Um caixa eletrônico foi queimado e a entrada do banco destruída.
Ofensiva anarquista contra sedes de partidos
Em Tessalônica, no dia 23 e 25, foram levadas a cabo ataques em várias sedes de partidos políticos, provocando danos materiais. Especificamente foram alvos da ofensiva anarquista, a sede da Nova Democracia, do PASOK, do KKE (Partido Comunista), SYRIZA (coalizão de esquerda) e LAOS (partido de extrema direita).
Concessionária de automóvel é atacada
Por volta da uma da madrugada, cerca de 15 pessoas atacaram a concessionária de carros de luxo Jaguar, no bairro de ateniense de Jalandri com coqueéisl molotov. Quatro carros foram completamente queimados, e vários "sofreram" danos materiais.
Banco Millennium é atacado
Em Tessalônica, um grupo de ativistas atacou o Banco Millennium com coquetel molotov.
Igreja é ocupada
Na cidade de Iraklio, na Ilha de Creta, foi ocupada a Basílica de San Marco, no coração da cidade, para albergar as jornadas solidárias, organizada pela Assembléia de Insurretos de Iraklio.
Reitorias são ocupadas
Diante da ameaça de despejo da Ocupa "Lela Karagiani!,uma das mais antigas da Grécia, com uma vida de 21 anos, foi ocupado na quinta-feira (26), as reitorias da Universidade Politécnica de Atenas, da Universidade da Ilha de Creta, em Iraklio e a Universidade de Patras.
Ação para divulgar o caso Konstantina Kuneva
Na manhã de quinta-feira (26), em Busy Town Center, no centro da cidade de Esparta, cerca de 30 pessoas (estudantes, desempregados e assalariados), ocuparam o Centro do Povo para divulgar o caso de Konstantina Kuneva neste município provincial do Peloponeso.
agência de notícias anarquistas-ana
na manhã de bruma
os dióspiros vermelhos —
vai nascer o sol
Leonilda Alfarrobinha

10/03/2009

iara e a arca da filosofia

O blogue repassa abaixo material de divulgação encaminhado por Maurício Abdala, professor de Filosofia da UFES, a propósito do lançamento de seu romance infanto-juvenil “Iara e a Arca da Filosofia”. Abdalla tem um longo histórico de participação em movimentos sociais e populares, como palestrante e ativista. Já publicou também “O Princípio da Cooperação”, no qual coloca a exigência de um novo paradigma, de um novo sentido para a marcha do homem no mundo, a saber, o sentido da cooperação e da reverência, tanto na relação do homem com o mundo, quanto na relação com os outros, em substituição ao princípio da conquista, da hostilidade ou da indiferença.

Numa visão marxista, ou do socialismo dito científico, pareceria simplesmente utópico e ingênuo querer “decretar” a mudança de postura do homem em relação ao mundo e a si próprio, sem pretender mudar antes as estruturas econômicas e sociais. Afinal, o comportamento individual está submetido aos costumes e práticas, aos valores e visões que ele encontra ao vir ao mundo. Seria uma visão idealista, não dialética, pretender que a vontade ou a idéia determine o real.Com certeza, não há como se opor à visão dialética do mundo e da história, nem é essa a pretensão de Abdalla; muito pelo contrário.

Mas há uma contribuição a se extrair da leitura de “O Princípio...” . Na verdade, a obra segue a linha de pensamento que tenta avançar para além de um marxismo que, em certa medida, reproduz o paradigma do capitalismo. Ou seja, um marxismo que tem uma visão de mundo produtivista, que considera o infinito progresso material o motor da própria história. Como se a transformação das estruturas sociais somente pudesse se dar através de mais e mais progresso material, com mais e mais agressão ao mundo físico que nos rodeia, e mais e mais restrição à riqueza espiritual e existencial que se habita em nós todos. Como se, sem usar as mesmas armas do capitalismo, o pensamento e a prática que propõem a transformação não tivessem mais como atrair seguidores, ou não tivessem mais o que propor.

Porém, sem negar, de forma alguma, a necessidade de enfrentamento das obsoletas estruturas capitalistas, neste ponto é o caso de se perguntar se não há algo em comum por trás do próprio capitalismo e do próprio socialismo, que seria o paradigma da agressão, do domínio obsessivo sobre o real. E talvez entender que a melhor forma de o socialismo transformador superar o capitalismo agonizante seja negar esse sedutor e arrogante paradigma do capitalismo, pensar e propor uma nova motivação para o estar-no-mundo do homem, um sentido novo, que não seja apenas o conquista pela conquista, e sim o da cooperação e do respeito ao mundo e ao outro e, porque não, o sentido do reverência ao mistério das coisas do cosmos e do tempo. Afinal, não fomos forjados para sermos apenas testemunhas de nós próprios e da história, há outras dimensões das quais devemos cuidar, às quais devemos desvelos.

‘O Princípio da Cooperação’ tenta dar a sua contribuição exatamente na construção desse novo processo de transformação do homem e da história.Mas voltando ao convite, com “Iara...” Maurício Abdala aventura-se agora no terreno da ficção, sem abandonar o fundo filosófico. Seguem o convite e o texto de divulgação enviados pelo autor.

Caros amigos
Quero compartilhar com vocês a alegria do lançamento de meu novo livro, Iara e a Arca da Filosofia, da editora Mercuryo Jovem. Trata-se de um romance infanto-juvenil sobre filosofia, escrito também para adultos que não perderam o espírito de aventura e fantasia.O preço nas livrarias é de R$ 32, 00. Pedidos direto na editora pelo endereço: mercuryojovem@mercurio.com.br. Espero que curtam e ajudem na divulgação. Abaixo, envio a apresentação e a imagem da capa.
Um abraço
Maurício Abdalla

Imagine que, num dia comum, um estranho animalzinho saia da tela da televisão e convide você para uma aventura que marcará para sempre sua vida. Imagine que as coisas de seu mundo e a sua vida adquiram um outro sentido e você se encontre, de repente, desafiado a enfrentar enigmas e a mostrar toda a coragem e a sabedoria que nem sequer imaginava que possuía.Como você se sentiria ao encontrar-se em um universo habitado por criaturas engraçadas, inteligentes, com poderes mágicos e com o destino do mundo nas mãos?

A aventura de Iara e seu encontro com a misteriosa Arca da Filosofia irá conduzir você e seus amigos a esse mundo fantástico, em que lêmures, corujas, cães, galinhas e pavões são os protagonistas. Ao mesmo tempo em que desvenda mistérios, decifra enigmas e enfrenta desafios, Iara descobre o que se esconde por trás das aparências e, assim, começa a entender o mundo da filosofia. Ao se conscientizar de que tudo que a rodeia é carregado de significados e de histórias, a garota entende por que o estranho animalzinho entrou em sua vida, convidando-a para a maior, a mais bela e a mais profunda viagem de sua existência. (Texto do autor)

campanha veja outras caras

Abaixo, material enviado por Vinicius Souza. Num texto bem humorado, mas nem por isso menos engajado, propõe uma singela maneira de combater o monopólio da informação. À primeira vista, parece uma iniciativa ingênua, ou pura perda de tempo.
Afinal, seria o mesmo que substituir uma gota de água num oceano. Mas precisamos aprender a não duvidar da eficácias de nossas pequenas ações de resistência... Muito menos duvidar da necessidade e da urgência de nossas pequenas guerrilhas... Além disso, não deixa de ser uma solução para quando temos que limpar mesas, gavetas e guarda-roupas e ficamos com aquele leve ‘remorso’ por ter que jogar no lixo publicações tão boas e com as quais aprendemos tanto... Evita o ‘remorso’ e dá uma sensação de que estamos partilhando com alguém aquilo que nos foi oferecido...
Veja Outras Caras!!!
Troque a Falha de S.Paulo, Veja, Caras e outros lixos nas salas de espera por material decente de leitura.
De nada adianta berrar contra a mídia hegemônica se não houver alternativas à disposição da população. Se a televisão brasileira e os jornalões são dominados por um punhado de famílias, e as rádios comunitárias e livres continuam sob repressão de políticos e igrejas que não querem dividir o dial, as publicações dos trabalhadores em papel não sofrem a mesma perseguição. Mas a distribuição em bancas também é dominada por um cartel que se recusa a entregar as revistas de maior circulação para quem insiste em vender material de concorrentes. Já que os donos de bancas não podem prescindir economicamente das hegemônicas e as tiragens das populares são menores, estas, quando são vendidas, normalmente ficam de fora das prateleiras mais visíveis e quase nunca nas vitrines. Além disso, devido aos custos de papel e produção, os preços também não podem ser muito diferentes.
Como, então, levar ao público leitor uma informação alternativa de qualidade e de graça? Nossa humilde sugestão é a singela: “Campanha Veja outras Caras!” A idéia é simples: trocar algumas publicações da mídia hegemônica, disponíveis em lugares públicos, por revistas, jornais, boletins e outros materiais de conteúdo diferenciado. Afinal, quem já não teve de ficar horas na sala de espera de um consultório, escritório ou repartição tendo à mão para leitura apenas revistas sobre a vida das ‘celebridades’ ou panfletos da direita disfarçados de semanários pseudo-informativos? E o que é pior: essas publicações normalmente são antigas, perpetuando sua condição hegemônica (como se não houvesse alternativa) e reafirmando conceitos e ideologias que, quando não são francamente mentirosos ou preconceituosos, são contrários aos interesses dos trabalhadores, como o estímulo ao consumismo e à manutenção do status quo.
A Campanha Veja outras Caras não requer prática nem tampouco habilidade. O investimento financeiro, quando ocorre, é irrisório, por ser distribuído entre vários agentes e sempre absorvido intelectualmente pelos autores antes das ações. Pode ser considerada uma prática de guerrilha midiática, mas não é ilegal nem traz danos às pessoas atingidas, a não ser talvez ao seu preconceito. E você ainda pode se livrar do acúmulo de papel em casa, que na era da Internet serve mais para juntar poeira e atrair cupins.
Para fazer parte da Campanha Veja outras Caras, basta simplesmente levar consigo, sempre que for passar por uma sala de espera, algumas boas publicações já lidas, atuais ou não, ou até mesmo textos interessantes impressos em papel reutilizado (verso de sulfite já usado) como por exemplo os presentes no CMI. Também valem fanzines, revistas semanais ou mensais de real credibilidade (Carta Capital, Caros Amigos, Le Monde Diplomatique Brasil, entre outras), jornais de bairro, quadrinhos, publicações sobre cultura, música, literatura, culinária, viagens e até livros que estejam apenas ocupando lugar nas estantes. Aí é só trocar seu bom material de leitura pelo lixo que estiver disponível.
E dar um fim decente ao papel recolhido, como mandar para reciclagem, forrar a caixa de areia do gatinho, fazer esculturas de papier mâché, acender o carvão do churrasco.
Por Vincius Souza e Maria Eugênia Sá, jornalistas e fotógrafos independentes http://mediaquatro.sites.uol.com.br/

09/03/2009

veículos virtuais: opiniões e 'atitudes'

Como complemento ao texto Rumos da Arte Capixaba e Cultura em Rede, publicado abaixo, vale a pena chamar a atenção para um detalhe: o potencial de aglutinação e de integração de uma lista de discussões virtuais. Mesmo que haja a necessidade de um administrador ou de um moderador, para evitar excessos ou desvios dos objetivos propostos, uma lista, diferentemente de um blog ou site, não tem dono, não tem hierarquia. Não há um editor para selecionar textos, matérias ou para definir uma linha editorial, para “dar o tom”.
E o procedimento para postar um texto é bem mais simples. Num blog ou site, é preciso passar por um procedimento técnico que, por mínimo que seja, não deixa de ser uma barreira, um desestímulo. Além disso, já há uma certa apresentação visual, escolhida de antemão pelo editor, por uma terceira pessoa. Já na lista, além de o processo de postagem ser instantâneo e sem necessidade de operar muitos comandos, há um completo despojamento, em termos de layout e de formatação de texto. É como se o espaço da lista, com seu despojamento e simplicidade, fosse mais humanizado, oferecesse uma maior proximidade com as nossa vivências e com aquilo que queremos transmitir. Não há uma presença tão forte da tecnologia da informática, com sua carga de complexidade e de desumanização.
Na lista, o que vale mais é de fato o conteúdo, a mensagem, a conversa, a naturalidade, as pessoas sem medo de se mostrar na sua espontaneidade e mesmo nas suas vulnerabilidades de domínio da tecnologia. No blogue e principalmente no site, há o distanciamento da forma, da inovação visual, do domínio da tecnologia. Claro que são veículos diferentes, para servir a diferentes propósitos diferentes. Não podemos criar uma lista de discussão se pretendemos publicar textos e imagens em grande número, agrupados em diversas categorias, ou se queremos apresentar criações artísticas ou intelectuais mais elaboradas, seja do ponto de vista visual ou da formatação. Assim, como não resolve oferecer um blog ou site se o propósito é o de uma discussão livre e ágil, sem muitas formalidades. Isso iria inibir a participação.
Não é mera coincidência que as conversas, que desembocaram no movimento ‘Rumos da Arte e da Cultura no Espírito Santo’, tenham começado exatamente numa lista de discussão, a “Opiniões Cênicas”, criada por Rosa Rasuck e Charlaine Lopes. Também é facilmente compreensível que o espaço adequado para a continuidade do movimento seja agora uma rede social, do ripo NING, criada e administrada por Orlando Lopes, e que é um veículo mais elaborado e abrangente, próprio para abrigar, oferecer acessos a e fazer cruzamentos de documentos de características variadas. O que não quer dizer que se deva esquecer a “Opiniões Cênicas’ com sua atmosfera de espontaneidade, de despojamento, de democracia horizontal. Talvez a lista seja até mesmo fundamental para se dar continuidade ao “Rumos...’, no que o movimento necessitar de oxigenação, informalidade, criatividade.
De qualquer forma, o “Opiniões Cênicas”, nascido e mantido como uma simples e despretensiosa lista de discussão, já exerceu um importante papel de aglutinação, reflexão e divulgação das artes. Papel este que uma imensa gama de publicações digitais que, embora bem intencionadas e voltadas para a divulgação e reflexão do fazer artístico, não conseguem cumprir; em parte, devido ao próprio aparato tecnológico, distanciador, vertical, impessoal; ainda mais quando ao lado desse aparato, há toda uma entusiasmada opção pela espetacularização verbal-visual, que se pretende inovadora, criadora, quando na verdade apenas substitui essência criativa e reflexão crítica por ‘modas’, ou para sermos mais moderninhos, por ‘atitudes’- típicos e, sem dúvida nenhuma, eficientes produtos da geração sprite, para a qual “imagem é tudo”.

rumos da arte capixaba e cultura em rede

O ‘Rumos da Arte e da Cultura no Espírito Santo’ é um movimento que surgiu de conversas virtuais, iniciadas na lista de discussão ‘Opiniões Cênicas’, no final de 2008, a partir de iniciativas de Luiz Tadeu Teixeira, Willian Berger, Maurício Fuziyama, Waldo Motta, Rosa Rasuk, Orlando Lopes, Margareth Maia e vários outros participantes do ‘Opiniões’. Aos poucos as idéias, propostas e debates se intensificaram e se consolidaram, culminando num primeiro encontro presencial, realizado na Faculdade Saberes, em Vitória. DESVELAR estará divulgando regularmente as deliberações e encaminhamentos surgidos desses encontros, que certamente voltarão a acontecer ao longo do ano de 2009.
Por ora, o blogue publica abaixo um dos primeiros desdobramentos do encontro presencial, que é a divulgação do ‘Cultura em Rede”, uma iniciativa do Grupo de Teatro Quintal. O texto foi postado por Colette Dantas, no ‘Opiniões’. Colette é atriz do ‘Quintal’ e também participa do movimento ‘Rumos...’. Afinal, essa decisão de divulgar uma iniciativa já existente, para os demais participantes, não deixa de ser uma profissão de fé no potencial do movimento “Rumos.. .’. Para quem quiser saber mais sobre os objetivos, motivações e propostas, e também conhecer os participantes do movimento, pode acessar http://arteeculturanoes.ning.com/
Prezados
O Grupo Quintal de Teatro, após uma bem-sucedida temporada em Recife e João Pessoa, no mês de janeiro, retorna com a temporada em Vitória, antes de circular pelo Estado e por outras cidades do país.Entre 11 e 22 de março, de quarta a domingo, às 20h, o espetáculo “O Figurante Invisível” apresenta-se no Teatro Galpão.
Ingresso Cultura em Rede
Os membros do `Quintal`, conscientes do seu papel social enquanto agentes da arte/cultura, participantes ativos das batalhas do movimento cultural do Estado, - artistas que hoje têm a honra de interpretar na sua obra de arte `facetas da vida’ do artista de teatro, microcosmo do universo de todo artista, intelectual e outros guerreiros da vida sensível neste planeta - vêm lançar, através das redes de cultura das quais seus membros fazem parte, o ingresso cultura em rede. Vivemos, como artistas, nos queixando de nosso público, sempre insuficiente, dos poucos leitores das obras literárias ou de consumidores das artes plásticas; reclamamos dos órgãos públicos, que não tratam do tema com a seriedade e importância que merece, na proposição de uma política pública de cultura para o Estado e todos os seus municípios.
Não temos encontrado soluções a curto prazo para estas questões, continuaremos buscando junto com todos destas redes, mas acreditamos mesmo nessa trama da cultura em rede, e queremos fazer a nossa parte. Dar a nossa contribuição, de alguma forma, para que os apreciadores de arte possam usufruir das obras que produzimos cada dia mais. E que eles sejam mais e mais a cada dia.
Criamos um valor de ingresso, subsidiado por nós mesmos, artistas do Quintal, destinado àqueles que participam das redes de cultura. É um valor de 50% do valor da meia entrada, dando direito àquele que o acompanhar, de pagar meia entrada. Aliás, o Quintal já cobra dos artistas em geral, o valor de meia entrada em seus espetáculos. Temos o objetivo de trazer o público que participa das redes de cultura, que muitas vezes não `consome` mais arte porque não tem condições financeiras para tal. E é de extrema coerência com nossas palavras - queixosas de público, e pela óbvia razão do alimento arte, que precisamos ver as obras uns dos outros, e nos facilitar este acesso, sempre que possível. Sugerimos que um tipo de ingresso ou acesso, do tipo que estamos lançando, seja adotado pelos grupos e artistas que participam destas redes. Certamente nos veremos mais nas platéias uns dos outros, e outras pessoas serão contagiadas com o fluxo que faremos.
Para poder usufruir do Ingresso Cultura em Rede, basta imprimir um email em seu nome (este, por exemplo), proveniente de uma rede de cultura, com o texto de divulgação do espetáculo, ou email marketing, e apresentar na bilheteria. Valores dos ingressos: R$ 20,00 inteira, R$10,00 meia (estudantes, artistas), R$ 5,00 cultura em rede (membros de redes de cultura indicadas), entrada franca para pessoas da terceira idade. No mais, desejamos encontrar cada um de vocês compartilhando conosco o palco do Teatro Galpão, em um dos dias dessa nossa pequena temporada, e sempre, nas nossas cotidianas batalhas pelo nosso espaço como artista nessa sociedade.
FICHA TÉCNICA “O Figurante Invisível” - Grupo Quintal de Teatro
Texto - Romário Borelli
Direção - Thelma Smith
Elenco - Colette Dantas, Ednardo Pinheiro, Higor Campagnaro, José Augusto Loureiro
Produção - Miriam Gonçalves;
Técnica - William Zane.Figurinos - Luisa Fardim;
Cenografia - José Augusto Loureiro; Iluminação - Fabio Prieto.
Grupo Quintal de Teatro, divulgado por Colette Dantas