02/06/2009

flecheira libertária (3)

"Flecheira Libertária" é uma seção do endereço libertário nu-sol. É um espaço de onde são lançadas flechadas certeiras e cortantes contra o senso comum e os mecanismos de domesticação e captura de nossa liberdade. É uma abertura, um buraco nas muralhas da engrenagem e na nossa tendência para a aceitação da ordem, nossa necessidade inconsciente de se entregar a uma visão sempre tranquilizadora do mundo e da história.
Flechadas que, geralmente através de um ou dois parágrafos, atingem em cheio o alvo e despertam para o risco de nos aquietarmos nas certezas estabelecidas, mesmo que tenham duramente conquistadas. Mesmo para quem não comunga das propostas anarquistas ou libertárias, vale a pena ao menos acompanhar o ousado e inusitado percurso dessas flechadas. E quem sabe se deixar flechar. Um pouco de lucidez e dúvidas não ferem tanto assim.
Flecheira 112, 26 de maio
assim já caminhou a humanidade.... ?
Chifre da África. 4 milhões de crianças correm o risco de desaparecer de fome, doenças, maus-tratos; 6 milhões de pessoas dependem de doações da caridade internacional, para serem mantidas lá, em seus campos de refugiados, em suas aldeias de terra seca, aguardando a caixinha de ração, a vacina contra sarampo, o fotógrafo condoído. E se a tal ajuda não chegar? Se nem o fotógrafo aparecer? Esses milhões começarão a se mover, a sair de suas choças e atravessar mares apenas para fazer viver suas crianças? Tal qual aqueles hominídeos primatas que se ergueram em duas pernas e, andando livres a partir da África, ocuparam o mundo inteiro, das estepes geladas às florestas úmidas, dos desertos às praias. Ou não, ou morrerão a míngua? Confinados dentro de cercas farpadas, esperando o comboio humanitário chegar pelo caminho empoeirado.

zeladores
Moças e senhoras educadas dedicam-se a delatar condutas politicamente incorretas. São as novas policiais ou zeladoras da sua vida. Há homens também entre elas, firmes em deixar tudo limpo. Limpar o congresso, bares, escolas e lares. Nada de barulhos, risadas, choros, diversão; somente ruídos controlados, sorrisos breves, lágrimas com discrição: violência surda! Não fume, não beba, não minta, não diga as palavras erradas. Seja um (a) conformista sóbrio (a). Ao abrir a capa vê-se no corpo as carnes do fascista!

tráfico de gente ou imigrações ilegais?
Não há capitalismo sem ilegalidades, sem tráfico de mercadorias, produtos e gente. Não são poucos os livros, os relatórios, as reportagens jornalísticas que informam como se ganha dinheiro arruinando a vida de pessoas, paisagens, ares e lugares. Na maioria das vezes, e em nome da segurança, o cidadão responsável pede mais polícia, exército, força-tarefa. Não raramente polícias, comerciantes ilegais e as legalidades capitalistas associados extraem lucros em grana, bebem o sangue, detonam crianças e jovens, traficam gente para empresas legais e ilegais. Lidam com vidas de pessoas como excesso no matadouro.
flecheira 111 - 19/05/09
fósforos queimados
Gaza (Palestina), Bagram (Afeganistão), Fallujah (Iraque), tanto faz. Bombas explodem a pretexto de portar luz à noite durante combates e o pó de branca fumaça adere à pele de corpos vivos e queima até ser totalmente consumido. Polêmicas humanitárias espocam aqui e ali com alarde, depois caem na apatia. Estaria o fósforo branco dentro das proibições do direito de guerra internacional? Não é arma química, nem arma incendiária, concluem especialistas internacionais, os quais permitem seu emprego, exclusivamente, para sinalizar, iluminar e fazer fumaça. Queima? Tanto faz um fósforo ou outro queimado para a vitória dos exércitos, tanto faz qual exército.

você pode fumar baseado (continuação)
Deu na primeira página da grande imprensa paulista: jovens fumam maconha, a direção da escola chama a polícia e acontece o confronto. Universidades pelo Brasil: jovens fumam pelos cantos temerosos e sorrateiros. Nos lares por aí, o uso de drogas segue condenado pelos pais. Seus filhos usuários, bem domesticados, calam ou concordam. E com sorrisinhos marotos se declaram antitabagistas. Era da dissimulação e dos contingentes reativos que pedem segurança, polícia, vigilância, prisão, tribunal e, ao mesmo tempo, consomem sua droguinha de juventude. Enquanto isso o tráfico enriquece, os bancos lucram, a polícia se arma e espiona sob a alegação de controle dos perigosos.

você pode ...
Um desfigurado contingente reativo escorre pelas ruas e avenidas fritos pelo crack. Um montado pequeno contingente reativo sacode pelas pistas de danças com cocaína e sintéticos. Um enorme contingente reativo tenta dormir contagiado pelos medicamentos. Hoje você pode, mas no interior dos variados contingentes reativos.

“ na escola ensinam-lhe cidadania, patriotismo... e como eleger chefes”
“ os que optam pela via libertária têm pela frente todas as adversidades”
(edgar rodrigues).

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