23/09/2009

lendo milosz

li a tua poesia uma vez mais
poemas escritos por um rico homem, sabedor
e por um mendigo, sem casa
um emigrante, só.

sempre quiseste ir
além da poesia, superá-la, planando
mas também abaixo, onde a nossa região
começa, modesta e tímida.

por vezes o teu tom
transforma-nos por um momento
e acreditamos - verdadeiramente
que cada dia é sagrado

que a poesia - como pôr isto?
torna a vida plena
mais cheia, orgulhosa, ousada
de formulação perfeita.

mas o fim de tarde chega
eu poiso o livro de lado
e o estrondo banal da cidade retoma –
alguém tosse, alguém chora e maldiz.

adam zagajewski - polônia

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