29/10/2010

salamaleicom!

Muito embora Salam Aleikum em árabe signifique "Que  a paz de Deus (Alah) esteja com você", o texto abaixo tem muito é de guerra - mas guerra apenas contra aquilo que faz mal e degrada as pessoas.

O autor parece um pregador bradando do alto de seu púlpito contra as iniquidades  e canalhices praticadas pelas elites deste mundo. Mas não é uma pregação moralista ou meramente religiosa.

É apenas e tão somente o Verbo brotando com a toda a sua força e sinceridade, é um discurso duro, sem meias palvras, extremamente oportuno nestes tempos de enfrentamento contra a maldade, a ganância, o fingimento, a desinformação e manipulação. Afinal, se estamos enfrentando uma Guerra Suja, nada mais apropriado do que nos postarmos como se estivéssemos num campo de batalha.

E já que o debate político construtivo foi tomado pela pregação religiosa, que seja ao menos um Verbo original,  verdadeiro e contundente. 

O texto é de autoria do arquiteto e urbanista Neilson Gonçalves, de Vitória,  e foi postado no Grupo de Discussão do COLEDUC-ES (Coletivo Educador Ambiental - ES) como uma resposta a uma mensagem de apoio a Serra, mensagem que, como de costume,  falseava a realidade do governo de FHC.

No mais, já que o discurso moralista e religioso tomou o lugar do debate político sério, vamos de citações bíblicas:
Pai, perdoai-os e perdoais-as, eles e elas não sabem o que dizem sobre Dilma.

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Prezados companheiros
Salamaleicom!

Seguinte: primeiramente peço-lhes desculpas, pois... vou barbarizar...

Pelo menos no meu caso, aqueles que apostarem na minha burrice para roubar dos humildes e obter: felicidades individuais, benefícios familiares de filhos, filhas, noivo de filhos(as), parentes e amiguinhos, para adquirir, em cima de quaisquer desgraças, objetos de desejo e ostentação individual, essa elite egoísta, pilantra, satânica e segregadora, em detrimento desse povo sofrido de miseráveis, que esses vagabundos conseguiram criar e manter em suas empresas de geração de desgraça humanas até os dias atuais, se depender de mim todos esses MORRERÃO SECOS...

Eu nunca imaginei que essa elite vagabunda tivesse coragem de ser tão ridícula...Pior é que eles têm estudo: graduados, especialistas, mestres, doutores; cada vez que vejo umas dessas desgraças tentando desconstruir o Brasil, eu acredito menos ainda na educação, esses hediondos não têm legitimidade para trabalharem com educação e o povo humilde não merece isso de jeito nenhum...

Mas...
Acredito que as pessoas de bem como nós, que, estamos segurando esses nefastos carniceiros, engravatados, bonitinhos, cheirosinhos e trilíngues, obteremos êxito...
Deus sempre estará conosco, nos combates à segregação e desgraça humana, ocultos para a maioria...

Os oprimidos não merecem mais humilhações desses bandidos, dessa elite segregadora, o Brasil precisa crescer para todos(as) e de forma sustentável, e não desenvolver-se de froma predadora apenas para uma minoria canalha, vagabunda e oportunista, como temos visto há mais de 500 anos...

Esses viverrídeos funestos têm nojo de pobres, pois os pobres só servem para serem escravos nas empresas desses criminosos satânicos, dotados de conhecimento fértil adquirido com a calmaria da vadiagem.

Esses vagabundos não trabalham, apenas vivem de malditas heranças acumuladas com a ajuda de trabalhadores humildes, e de especulações com a ajuda de seus escravos miseráveis, que não compreendem que estão sendo enganados a cada dia que passa nessas empresas de fachada, que só enriquecem essas desgraças individualistas e que futuramente queimarão nas profundezas do mar de enxofre do inferno...

Deus não gosta de segregação humana em nenhum nível, e aqueles que contribuírem para isso, mesmo de forma sutil e utilizando mecanismos e máquinas religiosas e outras, onde prosperam a desinformação da maioria pobre por questões sociais, esses terão seu lugar reservado ao lado de Satanás, nas profundezas do inferno, assim que o sopro da vida lhes for tirado pelo Salvador.

As igrejas não serão capazes de dar salvação aos hipócritas, que fomentam a mentira e a desinformação como mecanismos de exploração de seres humanos, nossos irmãos, para manterem seus luxos hediondos individualistas, egoístas.

Nós venceremos a mentira, com a ajuda de Deus, pois ele está do lado da verdade e do amor ao próximo.
Finalizando: Quem te segrega, não te ama...

Neilson Guimarães
Arqtº Urb., Esp.

27/10/2010

abortar a mentira e o medo: um basta aos intolerantes

A se julgar pela reportagem abaixo, parece que finalmente teremos um basta aos intolerantes disfarçadas de moralistas, de devotos e devotas religiosas e disfarçadas de defensores da vida.
E, aí sim, os raivosos e intolerantes poderão acusar o povo brasileiro de ter votado no aborto, mas não no aborto da vida e sim votado no aborto da ignorância, no aborto da imbecilidade moralista, no aborto da intolerância e do preconceito, no aborto do medo das mudanças, no aborto da religiosidade dos pobres de espírito (não confundir religiosidade com religião.

Leiam a matéria, que extraí do Yahoo.

No mais, já que o disciurso morqalista e religioso tomou o lugar do debate político sério, vamos de citações bíblicas:
Pai, perdoai-os e perdoai-as, eles e elas não sabem o que dizem sobre a Dilma.
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Agência Estado, 27 de outubro de 2010 11:06
CNT/Sensus: Dilma lidera com 51,9% e Serra tem 36,7%

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, tem 51,9% das intenções de voto, ante 36,7% de seu adversário, o tucano José Serra, segundo pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta manhã. A vantagem de Dilma para Serra aumentou de cinco pontos porcentuais da pesquisa anterior, na semana passada, para 15,2 pontos agora. No levantamento anterior, Dilma tinha 46,8% e Serra, 41,8%.

Ao se considerar somente os votos válidos - o que exclui nulos e brancos e se redistribui os indecisos proporcionalmente, Dilma tem 58,6% e Serra, 41,4%. A rejeição à candidata petista caiu de 35,2% da pesquisa anterior para 32,5%. Já a rejeição a Serra subiu de 39,8% para 43%.

O levantamento, com margem de erro de 2,2 pontos porcentuais, foi feito com dois mil eleitores, entre os dias 23 e 25 de outubro, em 136 municípios e foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 37609/2010.

aberrações - poesia e ação política

Valdeci Batista de Melo encaminhou para o grupo de discussão "Opiniões Cênicas" (Vitória, ES) a curta mas vibrante mensagem abaixo (com o título original de Aberrações), seguida de dois poemas do belorizontino Ricardo Aleixo e um de Mário de Andrade, o famoso Ode ao Burguês, que cai bem nesta reta final da Batalha de 2010.
Tomei a liberdade (também em razão deste clima de Batalha ) de destacar  com uma fonte maior  alguns versos desse poema de Mário.

No mais, já que o disciurso morqalista e religioso tomou o lugar do debate político sério, vamos de citações bíblicas:
Pai, perdoai-os e perdoai-as, eles e elas não sabem o que dizem sobre a Dilma.

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Aberrações
Senhores
Nada é mais aberrante do que um artista, um professor ou um trabalhador alienado e em pleno conluio com o que há mais retrógado, preconceituoso, fundamentalista, homofóbico, misógino como o Serra e seus asseclas.

Brecht e Bernardo Santareno devem estar se revirando no túmulo. Oduvaldo Viana Filho, Jorge Andrade, Oswald de Andrade e tantos outros dramaturgos e artistas também devem estar fulos de fulos. A lista poderia ser acrescida ad infinitun. Dos gregos à atualidade coube sempre a Arte ser iconoclasta. Alguns poucos exemplos de primeiríssima plana.
Valdeci Batista de Melo

paupéria revisitada
Putas, como os deuses,
vendem quando dão.
Poetas, não.
Policiais e pistoleiros
vendem segurança
(isto é, vingança ou proteção).

Poetas se gabam do limbo, do veto
do censor, do exílio, da vaia
e do dinheiro não).
Poesia é pão (para
o espírito, se diz), mas atenção:
o padeiro da esquina balofa
vive do que faz; o mais
fino poeta, não.

Poetas dão de graça
o ar de sua graça
(e ainda troçam
— na companhia das traças —
de tal “nobre condição”).

Pastores e padres vendem
lotes no céu
à prestação.
Políticos compram &
(se) vendem
na primeira ocasião.

Poetas (posto que vivem
de brisa) fazem do No, thanks
seu refrão.
ricardo aleixo - minas

rondó da ronda noturna

q   uanto +
p   obre +
n   egro
q   uanto +
n   egro +
a   lvo
q   uanto +
a   lvo +
m  orto
q   uanto +
m  orto +
u   m
ricardo aleixo - minas

ode ao burguês

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!

Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
mário de andrade, em  'paulicéia desvairada' (1922)

26/10/2010

quem necessitará da nossa piedade?

Não se passaram nem  24  e sou obrigado  a me retratar. Afirmei na postagem abaixo, os últimos episódios..., que certamente não precisaria voltar a escrever ou publicar sobre a Batalha de 2010. 
Mas não resisti. O artigo do Humberto Oliveira é um desses textos que vão direto ao ponto, e sintetiza toda a complexidade destas eleições em duas perguntinhas básicas. Leia e tente responder para você mesmo às duas perguntas, antes de se dirigir ás urnas e ajudar a decidir o resultado final da Batalha de 2010, no domingo. 

Uma nova liberdade no horizonte do Brasil

 Saberemos ser uma nação civilizada? Como viveremos sem os pobres? Quem trabalhará em nossas cozinhas, em nossas fazendas com baixos salários e diárias? Como faremos nossas caridades, quem necessitará da nossa piedade? Que privilégios teremos sendo todos tão semelhantes, tão iguais? Como conviver sem a superioridade dos sobrenomes nas universidades, nas profissões, nas ciências, na política? Como compartilhar espaços de convivência, antes tão restritos, nos aviões, nos hotéis, nos cinemas, nos teatros e nos palácios? O artigo é de Humberto Oliveira.

Humberto Oliveira  (Secretário de Desenvolvimento Territorial do MDA)

Você é a favor da liberdade dos escravos? Você é a favor do fim da pobreza no Brasil? Duas perguntas, dois contextos, duas épocas. A primeira, totalmente descontextualizada, teria hoje 100% de aprovação do povo brasileiro. A segunda, completamente atual, ainda que não assumida de forma tão clara e explícita, é uma contenda do presente que ganhou veemência neste processo eleitoral. De comum entre elas, as conseqüências de uma intensa ruptura no modo de ser de uma nação.

Pois bem, tratemos de explicitar o que se esconde no jogo político das eleições presidenciais. Não é por acaso que a disputa eleitoral de 2010 alcançou um nível tão alto de antagonismo, despertando paixões em quase todos os setores da sociedade brasileira. O governo do presidente Lula colocou o Brasil no caminho de uma profunda transformação que o eleva a perigosa condição de um país moderno, sem fome, sem miséria, sem pobreza, sem desigualdades.

É pouco? Não, é o rompimento com mais de 500 anos de história política, de forte enraizamento cultural, de preconceitos sólidos. Saberemos ser uma nação civilizada? Como viveremos sem os pobres? Quem trabalhará em nossas cozinhas, em nossas fazendas com baixos salários e diárias? Como faremos nossas caridades, quem necessitará da nossa piedade? Que privilégios teremos sendo todos tão semelhantes, tão iguais? Como conviver sem a superioridade dos sobrenomes nas universidades, nas profissões, nas ciências, na política? Como compartilhar espaços de convivência, antes tão restritos, nos aviões, nos hotéis, nos cinemas, nos teatros e nos palácios?

Essas profundas mudanças que estão em curso no Brasil, que têm origem no governo Lula e terão continuidade no governo Dilma implantam pavor e preconceito na grande maioria da elite brasileira e na parte mais conservadora da nossa sociedade. Por isso há um debate disfarçado de religiosidade utilizado pelo conservadorismo político, daqueles que não querem que o Brasil siga mudando. A maior prova desse argumento é que não há um único segmento específico contra o projeto Lula/Dilma.

Parte da elite brasileira, a que é moderna, produtiva e progressista está apoiando a candidatura Dilma, assim como a maioria dos religiosos, dos intelectuais, da classe média, da juventude, dos professores e de todos aqueles brasileiros e brasileiras que não teriam dúvida no século XIX em lutar contra a escravidão e que passarão para a história como aqueles que não tiveram a dúvida contemporânea em escolher no século XXI o projeto político que põe fim a pobreza e a miséria e libertam do jugo da exploração o povo pobre do Brasil.

Comparativamente aos anos 1880, estamos nos aproximando do momento em que uma mulher, Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, assinaria por definitivo a Lei Áurea. E, como em todo fim de uma era, as resistências são truculentas e coléricas. Analogamente, a campanha de Serra representaria a última trincheira da mais feroz resistência ao fim da escravidão.

Por sorte, o Brasil segue seu rumo em direção ao futuro, com orgulho do presente, com apoio de 80% dos que aprovam o governo Lula e que elegerão Dilma presidente. Estabelecendo essa analogia com a luta pela libertação dos escravos, na luta pelo fim da pobreza os intelectuais de hoje são os Joaquim Nabuco de outrora, os atuais artistas, os Castro Alves de antanho e o povo brasileiro de agora, os que lutaram pela libertação dos seus irmãos escravizados pela elite conservadora daqueles tempos. Surge uma nova liberdade no horizonte do Brasil.

25/10/2010

últimos episódios da batalha?

Depois do episódio da falsa agressão a José Serra, com a fagueira imagem da bolinha de papel voando pelo Brasil afora, a eleição, apesar de dramática, vai ganhando ares de comédia pastelão.

Aparentemente, a direita raivosa vai perdendo a noção do ridículo. Mas essa postura patética de Serra e aliados (aí se incluindo descarados veículos da grande mídia golpista, claro) pode ser extremamente enganadora. Patéticos, há muito eles o são, o que não quer dizer que não sejam também extremamente espertos.

O artigo abaixo, a quinta onda contra Dilma e o PT,  alerta para uma possibilidade sombria e perigosa, que talvez seja concretizada, nesta semana decisiva, pela Guerra Suja do PSDB, do DEM, dos conservadores católicos e evangélicos e da grande mídia.

Trata-se da 5ª Onda contra a campanha de Dilma, que seria a fabricação ou a provocação de um fato concreto que, às vésperas da eleição, confirmaria e inculcaria na mente dos eleitores a suposta violência e intolerância de petistas e simpatizantes da campanha de dIlma. O patético episódio da bolinha de papel seria na verdade um ensaio, um começo da fabricação dessa imagem de violência e intolerância.

Quem acha isso muito fantasioso, que se lembre das armações que a direita raivosa aprontou em 89 e que leia com atenção o texto sobre a  a quinta onda contra Dilma e o PT, do jornalista Rodrigo Viana
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No mais, a não ser pela perigosa possibilidade dessa última armação, parece que a dura Batalha de 2010 será decidida em favor da candidatura de centro-esquerda do PT-PMDB e coligados. Pois não são apenas as pesquisas que apontam uma recuperação e uma retomada da tendência de alta da candidatura Dilma. Essa tendência também se percebe nas ruas, nas conversas em geral.

Claro que vai ser uma disputa acirradíssima, mas já se percebe uma menor resistência nos setores populares, mesmo entre os evangélicos e católicos. O estrago da boataria e do preconceito do primeiro turno não foi remediado, mas ao menos se percebe um estancamento da sangria de votos e uma perda da eficácia das calúnias e difamações de cunho religioso e moralista.

Várias inciativas contribuíram para essa recuperação: a eficácia no combate à boataria e à calúnia, com o consequente desmonte e desmascaramento dos métodos dos adversários (os panfletos clandestinos na gráfica do PSDB e a denúncia contra a Central de Telemarketing, para citar dois exemplos); uma maior aproximação com as lideranças evangélicas, com o engajamento efetivo de algumas delas na Campanha, e uma postura mais contundente de Dilma nos programas de televisão.

Por fim, não se pode esquecer a iniciativa mais importante, que é o resgate da militância petista. A direção do PT se descuidou demais daquilo que o Partido tem de melhor, que é a capacidade de envolver a sociedade no debate e na participação política. A campanha demorou a sair do presunçoso e abstrato domínio dos marqueteiros políticos e produtores de televisão. Demorou a vir para as ruas, praças e conversas do dia a dia.

Tivesse havido campanha real, de carne e osso, no último mês antes do primeiro turno (nem boca de urna houve!) provavelmente teríamos evitado um cada vez mais perigoso e raivoso segundo turno.

Mas que venha a dura e merecida vitória. E, oxalá, não haja mais motivos para sobressaltos e alertas. Oxalá esses sejam os últimos textos sobre a histórica Batalha de 2010 a serem publicados aqui antes das eleições. 
Deixemos as considerações críticas ao PT para depois, teremos muito tempo para abordar temas espinhosos.
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Seguem então dois textos que, espero, sejam os últimos antes do Domingo da batalha final.
O de Emir Sader, 10 coisas que devemos fazer para garantir a vitória da Dilma, que na verdade é uma convocação, uma lembrança ou uma sugestão para posturas e ações que militantes e simpatizantes da campanha de Dilma.
E o de Rodrigo Viana, que já citei acima.

E que venha vitória da verdade sobre mentira, da lenta, difícil, mas inelutávelrre construção da democracia direta e popular em nosso Brasil, em nossa América Latina e em nosso mundo!!!!!

10 açoes para a vitória

10 coisas que devemos fazer para garantir a vitória da Dilma
postado por Emir Sader em seu blog , no site cartamaior.com.br

1. Conversar com quem não pretende votar nela, argumentar sobre as razões pelas quais você vai votar, ouvir as razões do voto da pessoa e contra argumentar.

2. Sair com plásticos, bandeiras, bottons, tudo o que identifique nosso voto.

3. Acionar redes de internet com freqüência, reenviar mensagens, responder outras, escrever e mandar – em suma, fazer circular ao máximo as mensagens que acredita que possam favorecer o voto na Dilma.

4. Denunciar sistematicamente, multiplicando pelos endereços já existentes, a rede de calúnias que a direita continua a fazer circular.

5. Fazer circular especificamente as declarações da Dilma e do Lula.

6. Tomar a iniciativa de marcar atividades – seja com grupos de propaganda nas ruas, seja em debates nos setores onde exista certo número de indecisos, de gente que pensa votar em branco ou passível de ser convencido do voto pela Dilma.

7. Fazer campanha sistematicamente para que as pessoas votem, só viajando depois de fazê-lo, caso pensem viajar.

8. Ir votar, se possível, com algo de vermelho na roupa.

9. Reiterar a necessidade dos eleitores terem que levar algum documento com foto.

10. Não nos fiarmos nas expectativas geradas pelas pesquisas e disputar votos até o último momento, para garantirmos a vitória da Dilma.

a quinta onda contra Dilma e o PT

Cinco Ondas da campanha contra Dilma Rousseff
por Rodrigo Vianna, extraído do site Escrevinhador

O jornalista Tony Chastinet é um especialista em desvendar ações criminosas. Sejam elas cometidas por traficantes, assaltantes de banco, bandidos de farda ou gangues do colarinho branco. Foi o Tony que ajudou a mostrar os caminhos da calúnia contra Dilma, como você pode ler aqui.

O Tony é também um estudioso de inteligência e contra-inteligência militar. E ele detectou, na atual campanha eleitoral, o uso de técnicas típicas de estrategistas militares: desde setembro, temos visto ações massivas com o objetivo de disseminar “falsa informação”, “desinformação” e criar “decepção” e “dúvida” em relação a Dilma. São conceitos típicos dessa área militar, mas usados também em batalhas políticas ou corporativas – como podemos ler, por exemplo, nesse site.

Na atual campanha, nada disso é feito às claras, até porque tiraria parte do impacto. Mas é feito às sombras, com a utilização de uma rede sofisticada, bem-treinada, instruída. Detectamos nessa campanha, desde a reta final do primeiro turno, 4 ondas de contra informação muito claras.

1) Primeira Onda – emails e ações eletrônicas: mensagens disseminadas por email ou pelas redes sociais, com informações sobre a “Dilma abortista”, “Dilma terrorista”, “Dilma contra Jesus”; foi essa técnica, associada aos sermões de padres e pastores, que garantiu o segundo turno.

2) Segunda Onda – panfletos: foi a fase iniciada na reta final do primeiro turno e retomada com toda força no segundo turno; aqueles “boatos” disformes que chegavam pela internet, agora ganham forma; o povão acredita mais naquilo que está impresso, no papel; é informação concreta, é “verdade” a reforçar os “boatos” de antes;

3) Terceira Onda – telemarketing: um passo a mais para dar crédito aos boatos; reparem, agora a informação chega por uma voz de verdade, é alguém de carne e osso contando pro cidadão aquilo tudo que ele já tinha “ouvido falar”.

4) Quarta Onda – pichações e faixas nas ruas: a boataria deixa de frequentar espaços privados e cai na rua; “Cristãos não querem Dilma e PT”; “Dilma é contra Igreja”; mais um reforço na estratégia. Faixas desse tipo apareceram ontem em São Paulo, como eu contei aqui.

O PT fica, o tempo todo, correndo atrás do prejuízo. Reparem que agora o partido tenta desarmar a onda do telemarketing. Quando conseguir, a onda provavelmente já terá mudado para as pichações.

Há também a hipótese de todas as ondas voltarem, ao mesmo tempo, com toda força, na última semana de campanha. Tudo isso não é por acaso. Há uma estratégia, como nas ações militares.

O que preocupa é que, assim como nas guerras, os que tentam derrotar Dilma parecem não enxergar meio termo: é a vitória completa, ou nada. É tudo ou nada – pouco importando os “danos colaterais” dessas ações para nossa Democracia.

Reparem que essas ondas todas não foram capazes de destruir a candidatura de Dilma. Ao contrário, a petista parece ter recuperado força na última semana. Mas as dúvidas sobre Dilma ainda estão no ar.

Minha mulher fez uma “quali” curiosa nos últimos dias. Saiu perguntando pro taxista, pro funcionário da oficina mecânica, pro vigia da rua de baixo, pra moça da farmácia: em quem vocês vão votar? Nessa eleição, pessoas humildes- quando são indagadas por alguém de classe média sobre o assunto - parecem se intimidar. Uns disseram, bem baixinho: “voto na Dilma”, outros disseram “não sei ainda”. Quando minha mulher disse que ia votar na Dilma, aí as pesoas se abriram, declararam voto. Mas ainda com algum medo de serem ouvidos por outros que chamam Dilma de “terrorista”, “vagabunda”, “matadora de criancinhas”.

O que concluo: as técnicas de contra-inteligência de Serra conseguiram deixar parte do eleitorado de Dilma na defensiva. As pessoas – em São Paulo, sobretudo -têm certo medo de dizer que vão votar em Dilma.

Esse eleitorado pode ser sensível a escândalos de última hora. Não falo de Erenice, Receita Federal, Amaury – nada disso.

Tony teme que as o desdobramento final da campanha (ou seja a “Quinta Onda”) inclua técnicas conhecidas nessa área estratégico-militar: criar fatos concretos que façam as pessoas acreditarem nos boatos espalhados antes.

Do que estamos falando? Imaginem uma Igreja queimando no Nordeste, e panfletos de petistas espalhados pela Igreja. Imaginem um carro de uma emissora de TV ou editora quebrado por “raivosos petistas”.

Paranóia?

Não. Lembrem como agiam as forças obscuras que tentaram conter a redemocratização no Brasil no fim dos anos 70. Promoveram atentados, para jogar a culpa na esquerda, e mostrar que democracia não era possível porque os “terroristas” da esquerda estavam em ação. Às vezes, sai errado, como no RioCentro.

Por isso, vejo com extrema preocupação o que ocoreu hoje no Rio: militantes do PT e PSDB se enfrentaram numa passeta de Serra. É tudo que o que os tucanos querem na reta final: a estratégia, a lógica, leva a isso. Eles precisam de imagens espataculares de “violência”, da “Dilma perigosa”, do “PT agitador” – para coroar a campanha iniciada em agosto/setembro.

Espero que o Tony esteja errado, e que a Quinta Onda não venha. Se vier, vai estourar semana que vem: quando não haverá tempo para investigar, nem para saber de onde vieram os ataques.

Tudo isso faz ainda mais sentido depois de ler o que foi publicado aqui , pelo ”Correio do Brasil”: uma Fundação dos EUA mostra que agentes da CIA e brasileiros cooptados pela CIA estariam atuando no Brasil – exatamente como no pré-64.

Como já disse um leitor: FHC queria fazer do Brasil um México do sul (dependente dos EUA), Serra talvez queira nos transformar em Honduras (com instituições em frangalhos).

Os indícios estão todo aí. Essa não é uma campanha só “política”. Muito mais está em jogo. Técnicas de inteligência militares estão sendo usadas. Bobagem imaginar que não sejam aprofundadas nos dez dias que sobram de campanha.

Por isso, o desespero do PSDB com as pesquisas. Ele precisa chegar à ultima semana com diferença pequena. Se abrir muito, até a elite vai desconfiar das atitudes das sombras, vai parecer apelação demais.

Por último, uma pergunta: por que o “JN” adiou o Ibope – que deveria ter sido divulgado ontem? Porque Serra estava na bancada do jornal.

A Globo não quis constranger Serra com uma pesquisa ruim? Imaginem as pressões sobre Montenegro, de ontem pra hoje? O PSDB precisa segurar a diferença em 8 pontos no máximo.Para que a estratégina de ataque final, na última semana, tenha chance de surtir efeitos.

Estejamos preparados pra tudo. E evitemos entregar à turma das sombras o que ela quer: agressões contra Serra, contra Igrejas, contra carros de reportagem.

O Brasil precisa respirar fundo e passar por esse túnel de sombras em que acampanha de Serra nos lançou."

20/10/2010

a falsa agressão

Relatos sobre confusão no Rio: Serra quer virar vítima para armar Quinta Onda? (para saber mais sobre as “Ondas” da campanha contra Dilma, clique aqui)
por Rodrigo Viana, publicado originalmente no Escrevinhador

 Recebi agora relato de Flávio Loureiro – jornalista e blogueiro no Rio - sobre os incidentes ocorridos em Campo Grande, envolvendo Serra, militantes do PSDB e militantes do PT. Segue o relato:
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1 – Serra marcou uma caminhada no calçadão de Campo Grande com forte aparato de segurança.
2 – O sindicato dos mata-mosquitos, demitidos na época em que Serra era ministra da Saúde de FHC, se localiza nas imediações.
3 – O processo de demissão dos mata-mosquitos foi traumático, a ponto de trabalhadores perderem tudo, e foram registrados cinco suícdios entre os mata-mosquitos demitidos.
4 – A categoria organizou manifestação no calçadão de Campo Grande.
5 – Os petistas da região, que organizam panfletagens no calçadão, sabendo do quadro, foram para lá evitar confrontos.
6 – Mas os seguranças de Serra, liderados por Júnior, filho da vereadora e deputada estadual Lucinha (PSDB), rasgaram os cartazes dos mata-mosquitos, aí o tumulto começou. Vale lembrar que a comitiva de Serra estava distante do local do conflito, mas Serra foi visto entrando numa Van sem qualquer ferimento.
7 – O miltante petista Carlos Calixto foi agredido e teve o supercílio rasgado, e ainda sangrando foi para a Delegacia Policial registrar a ocorrência.
8 – Segundo o militante petista Sebastião Moraes, a confusão só não foi maior porque outros mata-mosquitos que vinham se incorporar à manifestação chegaram atrasados.
9 – O pessoal mata-mosquitos que estava na manifestação não tem vínculo com o PT. Essa turma tem dois sentimentos básicos: paixão por Lula, que os reincorporou; e ódio por Serra/FHC, que os demitiu.
Abs, Flávio Loureiro
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Agora volto eu, Rodrigo Vianna. Como informei via twitter durante a tarde, assisti imagens brutas da confusão. Vou relatar o que vi:
1) Serra caminha numa calçada, ao lado de Indio e Gabeira…
2) Há militantes com bandeiras do Serra e vários seguranças à paisana, com aquele corte de cabelo típico de p-2 (serviço reservado), vao empurrando a turma do PT que está por ali.
3) Há empurrra empurra. Cenas nitidas de um rapaz muito forte, de camisa amarela: bate nuns caras de camisa vermelha. Petistas reagem.
4) Serra para varias vezes. Entra numa loja, depois entra numa van. Sai de novo. Quando vai pra van pela segunda vez, põe a mao na cabeça.
5) Parece mesmo ter sido atingido. Mas a gente não vê direito o que era. Depois, aparece um cara com camisa vermelha (petista?), ensanguentado. Serra entra na van.
6) Sai pela última vez, fica só na porta da van, e dá tchauzinho ao lado de Índio. A careca reluzente, nenhum machucado à vista. E vai embora.

Na sequência, pelo que me contam colegas jornalistas do Rio, Serra seguiu para um hospital, foi atendido por um médico (ex-secretario de Cesar Maia) que recomendou repouso. Serra cancelou agenda.
Dizem que foi atingido por um rolo de fita crepe, ou algo parecido.

Na minha humilde opinião, está só preparando o clima. Semana que vem tem mais. É a quinta onda de terror, para “provar” violência de Dilma e PT.

um pinóquio brasileiro

por Gilson Reis

Vejamos as várias mentiras destiladas pela campanha e pelo candidato demotucano José Serra Pinóquio, o trololó.
José Serra Pinóquio: o trololó criou o seguro-desemprego!
Mentira.
O seguro-desemprego foi criado em 1986 pelo então presidente José Sarney. O programa foi instituído junto ao Plano Cruzado, decreto-lei número 2.284, de 1º de março de 1986.

José Serra Pinóquio: o trololó é o pai dos remédios genéricos no Brasil!
Mentira.
A fabricação de remédios genéricos no Brasil começou em 1993, através do decreto-lei 793, pela iniciativa do então ministro da Saúde do governo Itamar Franco, Jamil Hadad.

José Serra Pinóquio: o trololó criou a bolsa-alimentação, que no governo Lula transformou-se em bolsa-família!
Mentira.
A bolsa-alimentação era um programa restrito a uma pequena parcela da sociedade. Conforme o candidato demotucano, o bolsa-família é um programa de bolsa-esmola. Em seus quatro anos à frente do governo de São Paulo, destinou apenas 0,15% do orçamento para programas de transferência de renda, 500% menos que o governo Lula/Dilma.

José Serra Pinóquio: o trololó tem afirmado nos debates e programas eleitorais que é contra a privatização e que vai fortalecer as estatais brasileiras!
Mentira.
Conforme FHC, o ministro do Planejamento do seu governo, José Serra, foi o responsável direto pelo processo de privatização no país. Em quatro anos de governo no estado de São Paulo, o candidato demotucano privatizou 33 empresas estatais paulistas, incluindo nessa liquidação irresponsável o banco estadual Minha Caixa.


José Serra Pinóquio: o trololó afirma com veemência que tem as mãos limpas e que jamais participou de esquemas de corrupção e caixa-dois!
Mentira.
FHC e José Serra são os responsáveis pelo processo de privatização no Brasil e pelo maior esquema de corrupção da história do país. O livro Os porões da privataria, que deverá ser lançado após as eleições, mostrará a partir de documentos oficiais como funcionava a transferência de milhões de dólares para paraísos fiscais. O esquema envolve personalidades do alto demotucanato, incluindo Daniel Dantas e a filha do candidato José Serra.

José Serra Pinóquio: o trololó afirma que jamais utilizou caixa-dois em suas campanhas eleitorais e jamais esteve envolvido em esquema de corrupção.
Mentira.
Há uma semana o país quer saber quem é o engenheiro Paulo Preto (ex-presidente da Dersa, empresa paulista responsável por grandes obras viárias, como o rodoanel de São Paulo), que sumiu com 4 milhões de reais da campanha demotucana. O candidato disse desconhecer o engenheiro. Vinte e quatro horas depois, após a imprensa publicar uma foto do então governador de São Paulo junto ao arrecadador da campanha, Serra disse: conheço o homem, mas não tenho nenhuma relação com ele. Paulo Preto afirmou em tom de cobrança: não se deix a um homem ferido no meio da rua. Também é necessário afirmar para todos os homens brasileiros honestos que José Serra responde a dezessete processos na Justiça, conforme demonstra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sendo três por corrupção.

José Serra Pinóquio: o trololó fala em seu programa eleitoral que foi o melhor ministro da Saúde da história do Brasil e que vai melhorar ainda mais a saúde no país.
Mentira.
Foi no governo FHC/Serra que o país viveu a maior crise da saúde de todos os tempos. A política de destruição do SUS (Sistema Único de Saúde), com a transferência de volumosos recursos para a iniciativa privada, levou o país a desenvolver epidemias já controladas pelo Brasil em governos anteriores, com destaque para dengue, febre amarela e leishmaniose. Em quatro anos do seu governo em São Paulo, Serra prizatizou a saúde no estado, transferindo a gestão de 79 hospitais públicos estaduais para a iniciativa privada, por meios de Oscips.

José Serra Pinóquio: o trololó vem afirmando em seus programas eleitorais que será o presidente da educação, do infantil ao superior, passando pelo ensino profissionalizante.
Mentira
José Serra/FHC/Paulo Renato destruíram, em oito anos de governo, a educação pública superior brasileira, sucateando completamente as universidades federais. Transformaram o ensino superior em serviços, conforme orientava o Banco Mundial, em mera mercadoria. FHC investiu em oito anos de governo menos de 3% do PIB na educação nacional, destruiu o ensino técnico profissionalizante e submeteu os professores ao maior arrocho salarial da história do país.

O atual secretário da Educação do Estado de São Paulo e ex-ministro da Educação do governo FHC, Paulo Renato, é sócio da empresa PRS consultoria. A empresa é e specializada na indústria do conhecimento e sua função é prestar assessoria às instituições privadas, realizando pesquisa de mercado e traçando estratégias para a entrada de instituições estrangeiras no país, através de fusões, aquisições e expansão. A empresa é orientatada segundo os princípios do Banco Mundial: privatizar a educação pública.


José Serra Pinóquio: o trololó está dizendo em seu programa eleitoral que vai reajustar o salário dos aposentados em 10% e vai melhorar a vida de todos.
Mentira
FHC e Serra foram responsáveis pela maior destruição e desestruturação da previdência pública brasileira. Foram eles os responsáveis pela reforma do sistema que limitou a aposentadoria em dez salários mínimos e achatou de forma desumana os vencimentos dos aposentados; eles instituíram o fator previdenciário e construíram junto aos banqueiros o modelo de previdência privada, entre dezenas de outras mudanças que prejudicaram sistematicamente os trabalhadores aposentados. Não satisfeito com todas as atrocidades, FHC chamou os aposentados de vagabundos. Serra pode até reajustar o vencimento dos aposentados em 10%, mas ele não disse que depois disto vai arrochar os vencimentos e realizar uma nova reforma da previdência para aumentar a idade mínima para aposentar.

Verdes, vermelhos, amarelos e todas as cores e colorações do país. Conforme sabedoria popular, a mentira tem perna curta. Todavia, a decisão que os eleitores brasileiros tomarão no próximo dia 31 de outubro é espremida por um tempo escasso e confuso de mentiras e distorções.

 Não podemos em hipótese alguma descobrir o tamanho das pernas da mentira depois da consumação do processo eleitoral. Investigue os temas acima relacionados, compare os oito anos de governo FHC/Serra e os oito anos de Governo Lula /Dilma. Não podemos deixar que o país recue ao passado de tantas mazelas e descaso. O Brasil avança. E nós, brasileiros, precisamos avançar ainda muito mais.

será que o PT conseguirá escapar...?

Os três textos abaixo (a campanha da vizinhança da SQN 210, a velha e boa militância e derrotar serra nas urnas e depois dilma nas ruas) lembram e reforçam um argumento que desenvolvi no texto o enfrentamento e a mobilização popular, qual seja, a necessidade de um governo - que quer realmente ser democrático e popular - priorizar a formação política e a mobilização de amplos setores das camadas populares, no próprio exercício do mandato e não apenas durante o processo eleitoral.

Nem de longe essa formação e essa mobilização foram prioridades nos dois governos do PT, apesar das louváveis iniciativas das Conferências Nacionais. Com certeza, isso explica muito do fato de não ter havido uma vitória de Dilma logo no primeiro turno, apesar dos avassaladores 80% de aprovação de Lula.

Ficou provado que, na dura disputa política contra as 'elites' deste país, não se deve confiar apenas no carisma de qualquer que seja a liderança política, seja ela de esquerda ou de direita. Ainda bem. Lá no texto eu já apontava:

"Pode ser que o vasto contingente social, que obteve consideráveis benefícios econômicos e sociais nos dois governos Lula, esqueça-se do partido e das lideranças que permitiram essas conquistas econômicas e sociais.
E então será presa fácil para uma direita falsamente renovada, que no momento oportuno poderá ressurgir com seus apelos moralistas, conservadores, e que certamente saberá explorar os preconceitos que as camadas populares tem contra seus próprios líderes, contra sua própria história.".

Emfim, não adianta formar apenas consumidores, não adianta dar apenas dignidade econômica ou material, é preciso proporcionar a oportunidade para que as pessoas tenham também dignidade política, para que tenham a livre opção de alargar os seus horizontes políticos e ampliar o seu sentido de existir neste mundo.
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O texto-manifesto divulgado pelo PCB, derrotar serra nas urnas e depois dilma nas ruas, explica um pouco a conjuntura e os mecanismos pelos quais Lula optou por cooptar e neutralizar os movimentos populares ao invés de fortalecê-los, incentivar-lhes uma maior autonomia e governar com eles. 
O manifesto já chama a atenção pelo próprio título, ao lembrar que a trasnformação popular de um país se faz de fato é nas ruas, praças, bairros, comunidades, fábricas e campos.
Também é interessante pelo fato de apontar já para o futuro, o pós-eleição, para a necessidade de superação dialético do PT enquanto condutor do processo de transformação popular no Brasil. Ressalvando que não se afirma aqui, e nem se afirma no Manifesto, que o PCB seria esse 'substituto' do PT.

Mesmo porque, como já expus no texto o grito que ainda se faz ouvir, essa nova força política tanto pode ser um partido, uma frente ou um movimento, quanto pode ser o próprio PT, oportunamnete resgatado do projeto aliancista e reformista que tem permitido a sua autodenominada revolução democrática , o PT que no momento certo promoveria sua própria superação dialética, rompendo com as opções e limitações atuais.

Com relação a isso, o que se sabe é que ainda existe - e sempre existiu ao longo desses 08 anos de governo Lula - uma disputa interna pelos rumos do Partido, se um PT mais socialista e popular ou mais reformista, institucional.

Será que o PT conseguirá escapar do destino de grandes e revolucionários partidos de esquerda do mundo que, depois, se transformaram em partidos reformistas? A ver.
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Os textos de Silvino Heck, A velha e boa militância e de Gilney Viana, A campanha da vizinhança da SQN 210, são interessantes exatamente por tratarem daquilo que faltou no primeiro turno: militantes atuando, emoção, a campanha realmente nas ruas.
A registrar: as diferenças que Heck aponta entre militantes e militontos, feitas por Frei Betto, e que talvez sejam um tanto ingênuas para os dias de hoje. Afinal, com a chegada do PT ao governo federal e a diversos governos municipais e estaduais, de ingênuos ou ‘tontos’ muitos militantes não têm nada. Pelo contrário, são bastante lúcidos e objetivos nas suas ações e análises, muitas vezes colocando projetos e necessidades pessoais à frente de um autêntico projeto popular e coletivo.
Nada de novo nas observações acima, claro.

Afinal, o que esperar de uma militância aguerrida, abnegada, que passou longos anso de sacrifício em nome do partido e da luta popular, e que de uma hora para outra passa a conviver com a segurança, a sedução e o poder proporcionado por cargos, viagens, salários, contatos importantes etc? Todos somos vulneráveis a essas seduções e promessas de segurança e de um futuro menos incerto.

Isso não deveria acontecer, claro, mas não podemos ver essa mudança de postura de muitos companheiros sob uma ótica moralista. São apenas produto das circusntâncias, militantes idealistas, abnegados e lúcidos que são neutralizados, ‘reciclados’ (para usar uma palavra da moda) pela engrenagem institucional e tecnocrática daquilo que o PT deveria estar a combater, mas com o qual teve, ou quis, se aliar em nome da acumulação de forças para uma futura transformação das estruturas e ruptura com essa mesma ordem. O que resta a fazer é procurar antídotos para esses ‘doces venenos’ do poder burocrático-institucional.

A questão é saber se esse antídotos estão nos gabinetes e instituições ou se terão que ‘produzidos’ de novo nas ruas, praças, campos e cidades, como sugere o Manifesto do PCB.
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Por fim, esses dois textos sugerem uma perigosa inépcia da direção partidária para mobilizar ou articular a sua militância. É como se a direção do partido tivesse perdido o hábito de conviver com os militantes, de ouvir a sua voz.

Será que de tanto subestimar a importância da formação política, da moblização e da participação popular durante o exercício do mandato, o PT passa agora a ter dificuldade, ou inspiração, ou humildade, até mesmo para conviver com a sua própria e ainda aguerrida militância durante um decisivo processo eleitoral?

Parece que cabe repetir a pergunta acima: será que o PT conseguirá escapar do destino de grandes e revolucionários partidos de esquerda do mundo que, depois, se transformaram em partidos reformistas? A ver.

19/10/2010

a campanha da vizinhança da SQN 210

por Gilney Viana, extraído do site doPT

Vejo e ouço relatos de iniciativas de campanha de pessoas, famílias, pequenos grupos de voluntários que saem às ruas, com a bandeira da Dilma nas costas e os ideais petistas no coração. É o ciclista solitário percorrendo as ruas com a bandeira da Dilma; o companheiro idoso, cheio de adesivos do PT, que discute calorosamente no boteco da “comercial”; o cidadão que balança a bandeira vermelha da janela do seu apartamento na Asa Norte ou a eleva acima dos barracos da Estrutural; a servidora que se dispôs e está fazendo uma conversa individual com todas as colegas da sua autarquia; os bancários que, após a jornada de trabalho, fazem bandeiraço; enfim, militantes que tomam a iniciativa sem esperar orientação da coordenação de campanha...simplesmente fazem a campanha, como a campanha da vizinhança da SQN 210, em Brasília.

Paramos de reclamar e fomos à luta. Inicialmente montamos uma barraca no Eixão aos domingos em frente à 210. Eu, Décio e sua família (às vezes até o netinho), Allan e seu filho menor, Marina e Elvira. Ao balançar da bandeira vermelha atenderam outros e outras. Encorajados pela adesão passamos a bandeirar todas as noites no eixinho que divide a super quadra 210 da 410, das 18:15 horas às 20:30 horas. E novos militantes se juntaram: Luis, Dori, Ali, Cida, o Roberto, a gaucha, a paraibana, e assim por diante... sem medo de enfrentar os adversários, às vezes agressivos.

No dia 10 de outubro estávamos fazendo nosso primeiro bandeiraço do segundo turno no Eixão quando agregamos novos militantes e novas idéias. Aí a Lylia se adiantou: precisamos fazer algo alegre, com cantorias, eu trago o violão. Tudo bem! Então vamos nos preparar para o dia 12 que é feriado, combinado? Ah! Dia 12 é dia da criança, vamos fazer alguma coisa para as crianças, para nossos filhos e netos...e para os filhos e netos das famílias que passeiam no Eixão. Tudo certo, fulano faz isto, fulano faz aquilo. Tudo na maior improvisação, na boa vontade, na raça, como geralmente são as iniciativas da militância.

No dia seguinte fomos ao Comício da Ceilândia: Lula, Dilma e Agnelo (nosso candidato a governador). Apesar da chuva, muita animação. De repente, o locutor do comício anunciou o evento da 210. Ficamos muito agradecidos. Logo depois soubemos pela Benildes que o evento da 210 foi integrado à agenda da Dilma. Ficamos alegres e preocupados. Dilma irá à nossa atividade? Gente: o que vamos fazer? Cadê nossas crianças? Quem vai nos ajudar na organização do evento?... Ainda bem que a Arlete compareceu...

Às 9 horas já estávamos no Eixão, à altura da 210. Armamos nossa pequena barraca, a barraca maior da Arlete e arrumamos as mesas para as crianças; à vista da imprensa e com a ajuda do pessoal que foi chegando. De repente centenas de pessoas e variadas atividades: outras barracas foram montadas, bandeiraço no Eixinho, distribuição de adesivos, cantorias, atividades das crianças e congraçamento da militância, seguido da agitação com a chegada da Dilma. Nós, da campanha de vizinhança da 210, alegres e satisfeitos desaparecemos na multidão...voltamos a ser o que sempre fomos, a militância anônima, autônoma e combativa do PT.

Gilney Viana é membro do Diretório Nacional do PT

derrotar Serra nas urnas e depois Dilma nas ruas

por PCB, extraído de resistir 

O PCB apresentou, nas eleições de 2010, através da candidatura de Ivan Pinheiro, uma alternativa socialista para o Brasil que rompesse com o consenso burguês, que determina os limites da sociedade capitalista como intransponíveis. As candidaturas do PCO, do PSOL e do PSTU também cumpriram importante papel neste contraponto.

Hoje, mais do que nunca, torna-se necessário que as forças socialistas busquem constituir uma alternativa real de poder para os trabalhadores, capaz de enfrentar os grandes problemas causados pelo capitalismo e responder às reais necessidades e interesses da maioria da população brasileira.

Estamos convencidos de que não serão resolvidos com mais capitalismo os problemas e as carências que os trabalhadores enfrentam, no acesso à terra e a outros direitos essenciais à vida como emprego, educação, saúde, alimentação, moradia, transporte, segurança, cultura e lazer. Pelo contrário, estes problemas se agravam pelo próprio desenvolvimento capitalista, que mercantiliza a vida e se funda na exploração do trabalho. Por isso, nossa clara defesa em prol de uma alternativa socialista.

Mais uma vez, a burguesia conseguiu transformar o segundo turno numa disputa no campo da ordem, através do poder econômico e da exclusão política e midiática das candidaturas socialistas, reduzindo as alternativas a dois estilos de conduzir a gestão do capitalismo no Brasil, um atrelando as demandas populares ao crescimento da economia privada com mais ênfase no mercado; outro, nos mecanismos de regulação estatal a serviço deste mesmo mercado.

Neste sentido, o PCB não participará da campanha de nenhum dos candidatos neste segundo turno e se manterá na oposição, qualquer que seja o resultado do pleito. Continuaremos defendendo a necessidade de construirmos uma Frente Anticapitalista e Anti-imperialista, permanente, para além das eleições, que conquiste a necessária autonomia e independência de classe dos trabalhadores para intervirem com voz própria na conjuntura política e não dublados por supostos representantes que lhes impõem um projeto político que não é seu.

O grande capital monopolista, em todos os seus setores – industrial, comercial, bancário, serviços, agronegócio e outros – dividiu seu apoio entre estas duas candidaturas. Entretanto, a direita política, fortalecida e confiante, até pela opção do atual governo em não combatê-la e com ela conciliar durante todo o mandato, se sente forte o suficiente para buscar uma alternativa de governo diretamente ligado às fileiras de seus fiéis e tradicionais vassalos. Estrategicamente, a direita raciocina também do ponto de vista da América Latina, esperando ter papel decisivo na tentativa de neutralizar o crescimento das experiências populares e anti-imperialistas, materializadas especialmente nos governos da Venezuela, da Bolívia e, principalmente, de Cuba socialista.

As candidaturas de Serra e de Dilma, embora restritas ao campo da ordem burguesa, diferem quanto aos meios e formas de implantação de seus projetos, assim como se inserem de maneira diferente no sistema de dominação imperialista. Isto leva a um maior ou menor espaço de autonomia e um maior ou menor campo de ação e manobra para lidar com experiências de mudanças em curso na América Latina e outros temas mundiais. Ou seja, os dois projetos divergem na forma de inserir o capitalismo brasileiro no cenário mundial.

Da mesma forma, as estratégias de neutralização dos movimentos populares e sindicais, que interessa aos dois projetos em disputa, diferem quanto à ênfase na cooptação política e financeira ou na repressão e criminalização.

Outra diferença é a questão da privatização. Embora o governo Lula não tenha adotado qualquer medida para reestatizar as empresas privatizadas no governo FHC, tenha implantado as parcerias público-privadas e mantido os leilões do nosso petróleo, um governo demotucano fará de tudo para privatizar a Petrobrás e entregar o pré-sal para as multinacionais.

Para o PCB, estas diferenças não são suficientes qualitativamente para que possamos empenhar nosso apoio ao governo que se seguirá, da mesma forma que não apoiamos o governo atual e o governo anterior. A candidatura Dilma move-se numa trajetória conservadora, muito mais preocupada em conciliar com o atraso e consolidar seus apoios no campo burguês do que em promover qualquer alteração de rumo favorável às demandas dos trabalhadores e dos movimentos populares. Contra ela, apesar disso, a direita se move animada pela possibilidade de vitória no segundo turno, agitando bandeiras retrógradas, acenando para uma maior submissão aos interesses dos EUA e ameaçando criminalizar ainda mais as lutas sociais.
O principal responsável por este quadro é o próprio governo petista que, por oito anos, não tomou medida alguma para diminuir o poderio da direita na acumulação de capital e não deu qualquer passo no sentido da democratização dos meios de comunicação, nem de uma reforma política que permitisse uma alteração qualitativa da democracia brasileira em favor do poder de pressão da população e da classe trabalhadora organizada, optando pelas benesses das regras do viciado jogo político eleitoral e o peso das máquinas institucionais que dele derivam.

Considerando essas diferenças no campo do capital e os cenários possíveis de desenvolvimento da luta de classes – mas com a firme decisão de nos mantermos na oposição a qualquer governo que saia deste segundo turno – o PCB orienta seus militantes e amigos ao voto contra Serra.

Com o possível agravamento da crise do capitalismo, podem aumentar os ataques aos direitos sociais e trabalhistas e a repressão aos movimentos populares. A resistência dos trabalhadores e o seu avanço em novas conquistas dependerão muito mais de sua disposição de luta e de sua organização e não de quem estiver exercendo a Presidência da República.

A velha e boa militância

por Selvino Heck, extraído do site do PT

Domingo de eleição, primeiro turno, vou votar no Instituto de Educação, Bairro Bomfim, quase centro de Porto Alegre. Converso com o fiscal da candidatura Dilma, Eduardo Mancuso, companheiro das antigas. Fala da calma absoluta que é esta eleição. Não há agito, poucas bandeiras na rua, quase nenhuma militância. Até aquele momento, umas nove horas da manhã, sequer fiscal da candidatura Serra tinha aparecido. Muito diferente de outras eleições, diz o Mancuso, quando o barulho era grande, uns acusavam os outros de boca de urna, a mobilização era geral e total.
Chego em Venâncio Aires, minha terra, perto do meio dia. Os apoiadores de Tarso Genro e Dilma andam correndo por todos os lugares, postados em pontos estratégicos, levando a última palavra, bandeira às costas, alegria pela certeza da vitória.
Em outros tempos, especialmente anos oitenta, a militância de partidos de esquerda e de movimentos sociais era um fenômeno temido pela direita, pela garra, pelo entusiasmo, pelo amor à camiseta e à causa, pela disposição de luta. Não tinha hora nem lugar. Porta de fábrica nas madrugadas, caminhadas nos sábados e domingos, ocupações urbanas e rurais, greves e mobilizações: todos tiravam dinheiro do bolso sem qualquer dúvida se ia faltar no dia seguinte ou se alguém iria repor, se o carro ia estragar ou iria ter hora para comer. Fazia parte do processo, essa palavra quase mágica que passou a freqüentar qualquer discurso.

A urgência do tempo era maior que qualquer compromisso pessoal ou necessidade outra imediata. Era tempo de mudança, de transformações estruturais. Quem podia fazê-los era o trabalho de base, a organização popular de baixo para cima, a consciência de que, coletiva e solidariamente, ninguém superava o povo em sua capacidade de determinar o futuro e a democracia.
O neoliberalismo dos anos noventa, junto com o crescimento das organizações e sua conseqüente burocratização, abafou essa militância ruidosa e alegre. São menos os que vão às ruas, os que tiram dinheiro do bolso, os que têm tempo para o sonho e a utopia, com as exceções conhecidas e de sempre.
Nas últimas eleições, em especial, os militantes pagos começaram a proliferar em todos os cantos e comitês, o que era apenas prática, condenadíssima, da política conservadora. Muitas vezes mal sabem o que estão fazendo, o que e a quem estão defendendo. Ou um dia estão com a situação, no dia seguinte com a oposição, dependendo de quem ofereça mais.

Perdeu-se boa parte do encanto e da mística. Frei Betto em “Dez Conselhos a todos os Militantes de Esquerda” escreveu e falava por todo Brasil: “Saiba a diferença entre militante e ‘militonto’. “Militonto’ é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais. O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e projetos comunitários.”

Não se trata, hoje, fundamentalmente, de discutir a diferença entre militante e militonto, e sim recuperar o militante e a militância, dar de novo sentido à coragem de se doar, à liberdade generosa de se engajar sem esperar nada em troca, ao sentimento de saber que o novo virá se cada um e cada uma forem capazes de fazer o novo, envolver-se no sonho, construir a utopia com quem está do seu lado e marcha junto. Nenhum direito foi conquistado por nenhum trabalhador deste país sem mobilização e luta.

Há espaço para recuperar a velha e boa militância. A Rede Talher de Educação Cidadã e o Programa Escolas-Irmãs, por exemplo, coordenados a partir do Gabinete Pessoal do Presidente da República, que não são eleitorais mas de vida, com muitos outros atores e protagonistas Brasil afora, estão no esforço, não de ressuscitar o que eventualmente está morto, mas reviver, à luz dos tempos de hoje, o que está vivo, o que anima, o que mexe com corações e mentes, o que faz brilhar os olhos e a alma, o que apaixona e faz extravazar o amor, a coragem, a entrega da vida para os outros e outras, especialmente os mais pobres entre os pobres, a sonhar com um mundo diferente e uma sociedade justa e igualitária, de direitos garantidos para todos e todas.

Pepe Mujica, presidente do Uruguai, ex-tupamaro e militante, falou em um discurso: “Que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e super-mulheres e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu. Vêm entregar a alma por um punhado de sonhos. Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente de que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida a serviço do progresso humano. Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício. É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente.”

A vitória de Dilma no segundo turno, a primeira mulher presidenta do Brasil, depende muito do que a velha, a boa e a nova militância será capaz de fazer (re)viver e pulsar no coração de brasileiras e brasileiros.

Selvino Heck é assessor Especial do Gabinete do Presidente da República.

17/10/2010

o feitiço já virou... ?

a batalha de 2010  (11)

Finalmente a campanha de Dilma se faz mais presente na internet. Não vem ao caso saber se é uma iniciativa do Comitê de Campanha da candidata ou se é um movimento espontâneo dos blogueiros progressistas, iniciado já no primeiro turno, consolidado agora e amplificado por iniciativas individuais de milhares de militantes e simpatizantes.

Talvez um pouco de tudo isso.
O certo é que está havendo uma profusão de mensagens e textos cruzando a rede em todas as direções. São denúncias, informações e contrainformações, artigos, ora irônicos, ora sérios, tudo isso resultando numa maior presença da candidatura Dilma na internet. 

Ao menos na minha caixa, diminuiram bastante as mensagens com ataques à candidatura petista, na mesma razão em que aumentou o número de mensagens com  denúncias e textos convincentes, ora em favor do projeto petista, ora desnudando o projeto do PSDB.

Enfim, custou mas parece que finalmente veio uma eficiente  contraofensiva aos ataques, calúnias, difamações e safadezas que predomiram na rede ao longo do primeiro turno.

E foram tantas as mensagens e os textos publicados em blogues progressistas, que ficou até difícil fazer, ao longo da semana, uma filtragem daquilo que era realmente urgente, contundente. Foi uma verdadeira festa, me pareceu que todos estavam a par de tudo, e todos no afã de comunicar aos outros aquilo de que  tomavam conhecimento.

Por isso, acabei não publicando quase nada do que recebi ou do que pesquisei. Preferi assistir de camarote essa que talvez tenha sido, pelo menos até agora, a semana mais vibrante da campanha presidencial de 2010. 
De qualquer forma, selecionei alguns textos que repasso, par quem ainda não tomou conhecimento:

1 - O de Rodrigo Viana trata do mais recente exemplo de baixaria vindo das hostes do PSDB em sua desesperada Guerra Suja, a saber, o episódio dos 2 milhões de panfletos apócrifos, encomendados pela Diocese de Guarulhos a uma gráfica de propriedade de uma filiada ao PSDB. Confiram os detalhes:  

2 - Do Rodrigo Viana também vale a pena conhecer o rastreamento da boataria contra Dilma:

3 - Outra notícia que caiu como um raio na internet foi a surpreendente, irônica e benvinda declaração do ator José de Abreu. Afinal, trata-se nada menos que um ator popular e contratado da poderosa Rede Globo rasgar o verbo contra Serra e seu arremedo de projeto político:

A propósito: primeiro foi Maria Rita Khel, depois Sérgio Malbergier e agora José de Abreu, todos a se manifestarem com sinceridade e coragem nesta Batalha de 2010, e todos vinculados a poderosos meios de comunicação. Rebelião à vista na mídia, como sugeri aqui e no texto logo abaixo, sobre o Tiririca? 

4 - Não poderia ficar de fora  a revelação que desmascarou Mônica Serra, feita por uma de suas ex-alunas. A moça mostrou quem é de fato aquela que andou enfiando na cabeça do povão que   Dilma  'gosta de matar criancinhas':
Ex-aluna diz que Monica Serra contou ter feito aborto

Abaixo, uma entrevista com a ex-aluna Sheila Canevacci:
Eu não esperava tanta repercussão, diz ex-aluna

Sem comentários, não vale a pena. Apenas um lembrete: Mônica Serra é ou era professora universitária da bem conceituadíssima UNICAMP. É impressionante como a a ideologia e a condição de classe fazem as pessoas decaírem, se prostituírem politicae moralmente.

É, o feitico virou contra os feiticeiros... e contra a feiticeira da academia.

tiririca: quem são os palhaços?

a batalha de 2010 (10)

Duas observações acerca do texto de Sérgio Malbergier "Deixem o palhaço legislar" -  extraído da Folha online  e que vai abaixo.

A primeira é uma pergunta: esse artigo seria mais um sinal daquela rebelião, que sugeri na apresentação do texto de Maria Rita Khel, a saber, uma improvável mas não impossível rebelião dos jornalistas submissos e analistas malabaristas contra os seus inflexíveis patrões da mídia?  

A segunda observação é a de que finalmente temos uma abordagem diferente, e corajosa, do polêmico fenômeno da eleição de Tiririca. o mais deputado mais votado do país. Malberguer tem a coragem de nadar contra a corrente e colocar em questão

A minha opinião sobre o caso é a de uma solução conciliatória: já que Tiririca foi sagrado e consagrado nas urnas que se dê a ele a oportunidade aprender a ler e escrever.

Que se pare com essa hipocrisia de tentar nos passar  a imagem de que um Parlamento, somente por abrigar representantes letrados ou razoavelmente escolarizados, seria automaticamente um Parlamento competente e compromissado com a cidadania e e transparência.

E, na outra ponta, que se pare com essa arrogância de que somente cidadãos  razoavelmente escolarizados é que poderiam contribuir para o Legislativo, ou ficar àrente do Executivo, com competência, seriedade e sensibilidade social. Ora, o episódio do torneiro mecânico do Nordeste versus o "princípe" do mundo acadêmico de São Paulo mostrou muito bem que a questão não pode ser reduzida à ausência ou abundância de escolaridade e conhecimentos formais.

Se o Ministério Pùblico e o Congresso querem se apresentar como institruições sérias, democráticas e cidadãs, o mínimo que deveriam proporcionar - ao mais votado dos deputados e supostamente analfabeto - seriam condições para que o mesmo, além de suprir o seu eventual analfabetismo, também fosse capaz de adquirir, num tempo razoável, a formação técnica e política necessária para exercer o seu mandato.

Assim, o MP e o Congresso estariam acolhendo condignamente aquele que, bem ou mal,  lhes foi enviado pelos eleitores. O Ministério Público poderia até mesmo criar mecanismos de avaliação do desempenho dos deputados que precisassem passar por essa espécie de 'curso de formação'.

Mas aí haveria um problema:  para sermos coerentes e justos, esses mecanismos de avaliação deveriam julgar todos os deputados do Congresso, e não apenas os supostamente incapacitados, julgar e eventualmente cassar o mandato, no caso de um avaliação muito aquém dos requisitos exigidos: a ética, o compromisso com a coisa pública, a competência e a dedicação ao mandato,  a humildade própria de um representante do povo, a sensibilidade para com os dramas sociais, e por aí vai.

E, nesse caso, certamente que o índice de reprovação e quiçá de cassação seria extremamente alto, independentemente do nível de es.colaridade...

Por tudo isso, é preciso dizer como Malbergue: deixem o palhaço trabalhar, não se pode antecipadamente acusá-lo, como se pela sua condição humilde e limitada (fruto da opressiva história que as oligarquais têm inposto a este país) ele fosse as mesmas palhaçadas e safadezas que muitos dos atuais ocupantes do Congresso - na verdade, ele  pode até surpreeender positivamente,memso porque vai ser mais cobrado ou vigiado do que os outros.

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Um outro aspecto, que já abordei no texto  a cidade de minas e de niemeyer.
Todo esse burburinho em torno da escolaridade de um candidato têm como pano de fundo a cultura da misficação das instituições burguesas e capitalistas.

Essas instituições precisam passar  a imagem de seriedade, de competência, de neutralidade e principalmente de racionalidade na adminsitração do trabalho e da convivência humanas.
É preciso   que o capitalismo e suas instituições políticas se apresentem como insubstituíveis, como o  resultado de um longo processo de evolução: a superação ou a mera contestação do capitalismo e das instituições da democracia formal poderiam nos levar para o perigo da anarquia, do conflito, do desperdicio, da irracioanlidade administrativa etc.

Então, nada como exibir cidades futuristas como sede e centro de uma inexistente competência e transparência adminsitrativa.
E nada como exigir que os 'representantes do povo'  nos parlamentos burgueses-capitalistas transmitam à massa domesticada uma imagem de também de competência, de lucidez e de capacitação técnica.

Como se diz nestes tempos de plástico: imagem é tudo.
Mas oxalá Tiririca não se deixe domesticar e prossiga escacancarando um pouco  das hipocrisisas e dissimulaçoes, contradições  e palhaçadas da democracia formal. Como diz Malbergier, vai ser divertido vê-lo excutando suas típicas dancinhas em frente ao microfone do Congresso Nacional.

Seria impagável, com certeza.    

deixem o palhaço legislar

por sérgio malbergier, na  folhaonline


Tiririca é o novo herói nacional. A expressão mais raivosa e consistente do voto de protesto contra o corpo político brasileiro. Que a Justiça esteja já acionada para cassá-lo por suposto analfabetismo revela como o palhaço/deputado federal mais votado do país ameaça o sistema. O deboche e o humor são armas poderosas.

E que boa piada: uma Justiça sem dentes para barrar os eternos abutres da política afia suas garras diante do palhaço nordestino que, como nosso consagrado presidente, veio de muito baixo na pirâmide social para afirmar-se de forma retumbante em São Paulo.

Quem conhece e representa melhor o Brasil profundo do que o palhaço Tiririca hoje na política? Só Lula. Que elitismo suspeito esse preconceito contra o suposto analfabetismo do palhaço. Quem melhor que um analfabeto ou semi-analfabeto para representar os milhões de mal educados do país? Analfabeto não é incapaz nem criminoso para ter direitos políticos limitados. Muito pelo contrário, é vítima da má gestão desta obrigação pública mais básica que é a educação.

Se a Wikipédia está certa, o palhaço Tiririca começou a vida no circo aos 8 anos, em Itapipoca, no Ceará, e estourou regionalmente com a música "Florentina", que a Sony Music tornou megahit nacional em 1996.

Ele já teve problemas com a lei naquela época por causa da música "Veja os Cabelos Dela", que lhe rendeu uma acusação de racismo, da qual foi inocentado. A letra, puro Tiririca, dizia: "Veja, veja, veja, veja, veja os cabelos dela/Parece bombril, de ariá panela/Parece bombril, de ariá panela/Quando ela passa, me chama atenção/Mas os seus cabelos, não tem jeito não/A sua caatinga quase me desmaiou/Olha eu não aguento, é grande o seu fedor".

Uau!
A singeleza sempre foi seu atributo. Os jingles e os spots de sua campanha, feitos de forma despretensiosa por amigos humoristas, devem ser estudados pelos caríssimos marqueteiros de plantão. São a maior lição de marketing político desta campanha.

Dançando daquele jeito nordestino, o palhaço canta meio preguiçoso: "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto", ou "Pior do que tá não fica, vote Tiririca". Bingo!

Os mais de 1,3 milhão de votos que Tiririca teve em São Paulo não podem ser desclassificados por essa Justiça incapaz de julgar os que deveriam ser julgados e que ainda por cima pode barrar a melhor notícia desta eleição: a lei da ficha limpa.

Deixem Tiririca legislar. Queremos vê-lo dançando no tapete do Congresso e discursando daquele jeito engraçado no microfone do plenário. Estará, legitimamente, representando muita gente. Dos que enfrentam as mesmas dificuldades e preconceitos que ele enfrentou e enfrenta aos que acham que a política brasileira é uma grande piada.

11/10/2010

o debate da band - a batalha de 2010 (9)

Parece que Dilma se saiu melhor do que Serra no debate promovido pela Rede Bandeitrantes.
A opinião geral na mídia é a de que o candidato tucano não esperava uma postura tão firme, incisiva, contundente, da parte de Dilma Roussef. De tanto agredir e promover calúnias contra a candidata petista, parece que o comitê da campanha de Serra esperava uma adversária assustada, abatida, submissa.

Enfim, para quem não pode ver o debate, como foi o meu caso, o texto abaixo parece ser uma análise fidedigna, vazada numa linguagem coloquial, direta, mas sem perder a argúcia.  É de autoria do jornalista Rodrigo Viana e foi extraído de seu site, o Escrevinhador. 
Dilma joga pra militância, com firmeza.
 Serra apanha: pedirá cabeça da petista?
por Rodrigo Viana

Apontado como “líder satanista” (na imunda boataria pró-Serra, que inundou a internet nas últimas semanas), Michel Temer (o vice de Dilma) foi quem analisou com mais calma e conteúdo o debate, numa entrevista rápida ainda dentro do estúdio da “Band”: a atuação da Dilma “vai jogar nas ruas a militância”.

O debate foi isso. Audiência baixa, cerca de 3 pontos. Quem tava acompanhando? O público mais ligado em política – dos dois lados. Dilma falou pra militância. E acho que surpreendeu positivamente a todos.

A turma do PT – meio ressabiada, porque esperava liquidar tudo no primeiro turno, e porque não via reação da campanha à onda difamatória das últimas semanas – recebeu uma injeção de ânimo.


Em vez de bater pesado no horário político gratuito (visto por um público mais amplo, que poderia rejeitar a estratégia mais dura) Dilma deu as respostas no debate – visto pela militância. Foi estratégia inteligente, certeira.

Serra, ao que parece, não esperava por isso. Engoliu em seco várias vezes. E acusou o golpe, falando que Dilma estava “agressiva”. Machismo puro. Mulher quando enfrenta é “agressiva”. Ele quer princesinha? Vai buscar na MTV…


O tucano é mal acostumado – como sabemos. Tem à sua volta uma imprensa amiga, que não o incomoda. E quando aparece um jornalista ou outro a fazer pergunta “inconveniente”, ele liga pra Redação e pede a cabeça do repórter. Ou, então, confisca as fitas (como fez depois de uma entrevista pra Márcia Peltier, na CNT).
Ao fim do debate, eu olhava pro Serra (que parecia aturdido e contrariado por apanhar tanto), e pensava comigo: será que ele vai ligar pro Lula e pedir a cabeça da Dilma?


Durante uma panfletagem no Rio, há poucas semanas, Serra botou a mulher dele (não a Soninha, mas a Mônica) pra acusar Dilma de “matar criancinhas”: é o papo sujo do aborto. Quando ficou frente a frente com Dilma, nesse domingo, ele não sustentou a frase. Fugiu. E não defendeu a mulher oficial. Covardia típica de machão mal-resolvido. Ainda por cima, não gostou da Dilma “agressiva”. Tá mal acostumado com certas apresentadoras e jornalistas “amigas”…

No conteúdo, Dilma foi bem ao desmascarar a campanha de calúnias, e ao marcar na testa de Serra o rótulo de “privatista”. Tão incomodado Serra ficou que, naquela entrevista rápida pós-debate, fez questão de dizer “sou defensor das empresas estatais”.
Sentiu o golpe.

Mauricio Stycer, ótimo repórter do UOL, postava no twitter pouco depois do encerramento: “Petistas comemoram e tucanos criticam estratégia de Dilma”.
Esse também é um bom resumo.

Os petistas gostaram de ver a candidata firme – o que deve ter incendiado a militância pra reta final.
Já os tucanos não gostaram do Serra acuado. Acostumados a bater na surdina, a usar pastores e padres para os ataques mais vis, e a se esconder no anonimato da internet, os líderes do serrismo choravam: pôxa, essa doeu.


Tenho a impressão que a onda de otimismo virou de lado. Esse debate volta a lançar otimismo para o lado lulo-dilmista. E projeta sombras para o lado dos tucanos.
Vocês – que me acompanham aqui – sabem que eu tenho lado e não escondo. Mas nem por isso brigo com os fatos. Quando a boataria religiosa veio pesada, eu falei que isso podia dar segundo turno. Assim como deixei claro que Dilma apanhar calada era o caminho pra derrota. Agora, vejo uma fase nova.


Essa campanha já teve vários momentos:
- no início do ano, os tucanos menosprezaram Dilma, espalharam que ela não tinha personalidade, e era um “poste”; o menosprezo fez com que fossem surpreendidos pela arrancada de Dilma dos 15% aos 50% nas pesquisas;
- em setembro, foi o PT que menosprezou a capacidade de reação dos tucanos e de seus aliados midiáticos; denúncias e boatos levaram votos pra Marina, garantindo segundo turno;
- com o segundo turno, já se ouvia na internet o discurso dos tucanos “ah, o PT perdeu uma eleição ganha; agora Serra vai crescer até a vitória, Dilma está perdiada, e a eleição está no papo”.


Os tucanos (com o segundo turno) sentaram na cadeira antes da hora. A soberba parece ter castigado Serra nesse domingo. Ele entrou no debate confiante demais. Apanhou até ficar tonto.
E, agora, vai ser difícil virar a onda de novo.

A turma dele vai tentar – com mais baixaria. Mas o recurso vai ficando gasto. Dilma recuperou a inciativa. Pra quem já tem 10 pontos de vantagem, trata-se de um passo gigantesco rumo à vitória.

Será uma eleição difícil até o fim. Mas Dilma recuperou o favoritismo inconteste. E, agora, sem a soberba que deu errado no primeiro turno.

É o quadro que vejo nessa segunda-feira, a 20 dias da eleiçâo.