01/11/2010

vida sempre

entre a vida e a morte há apenas
o simples fenómeno
de uma subtil transformação. a morte
não é morte da vida.
amorte não é inação, inutilidade.
a morte é apenas a face obscura,
mínima, em gestação
de uma viagem que não cessa de ser. aventura
prolongada
desde o porão do tempo. projectando-se
nas naves inconcebíveis do futuro.

a morte não é morte da vida: apenas
novas formas de vida. nova
utilidade. outro papel a desepenhar
no palco velocíssimo do mundo. novo ser-se (comércio
do pó) e não se pertencer.
nova claridade, respiração, naufrágio
na maquina incomparável do universo.

casimiro de brito, em "solidão imperfeita" -  portugal

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