28/03/2011

poema, jogo do desvelamento II - rilke

afinal, o ser e o mistério nem sempre querem que os desvelemos através de poemas e verbos, muito menos através de falatórios cotidianos, pasteurizados, incansavelemnte expelidos de tantas bocas e vindos de tantas direções, de qualquer que seja a categoria social, de qualquier que seja a formação cultural ou social. o ser, muitas vezes, pede apenas e delicadamente que o desvelemos tão somente com a escuta dos seus silêncios, com escuta de suas apariçoes e fugas.

o ser pede apenas e delicadamente que aprendamos a esquecer um pouco das distrações que nos desviam de seu desvelamento, esse desvelamento que nunca, jamais se dará de forma inequívoca, vísivel, segura, palpável.

o ser pede apenas e delicadamente que não nos distraiamos tanto daquilo que nos é essencial, que é a nossa condição de precárias testemunhas da fragilidade e do perecimento de tudo o que brota do próprio ser.

o ser pede apenas e delicadamente que aprendamos a aceitar essa mesma fragilidade e perecimento, não fugindo dessa nossa condição através de tantas sedutoras e engehosas distrações que nos solicitam (ou que solicitamos que nos solicitem) dia a dia, noite a noite, momento momento.
e aqui, a falar dessa nossa condição de testemunhas daquilo que é precivel, que nos é lembrada pelo frágil e delicado desvelamento dos er, é conveniente e necessária lembra a fala do frágil leão sombrio, o poeta metafísico rilke:

... E essas coisas, cuja vida
é declínio, compreendem que tu as celebras; perecíveis
elas nos conferem o poder de nos salvarmos, á nós,
os mais perecíveis.
Elas querem que, no fundo do nosso coração invisível, as
transformemos
em - ó infinito! - em nós! Seja qual for, no fim, o nosso
ser.
rainer rilke (Elegias de Duíno)




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