18/05/2011

no fio da navalha

quando o amor decide se suicidar
não há quem o detenha;
súbito, gelam-se os abraços
e as palavras da véspera, queimam

cavalgam os capangas do orgulho
libertos de negra caverna masoquista
para nos roubar a ingenuidade infantil
de amar como loucos e sem exigências -
crianças inocentes e sem medos

mas agora crescemos e estamos a postos
nada nem ninguém nos engana:
nossos próprios demônios nos defendem
de qualquer tentação de ser felizes
e então podemos placidamente dormir
apoiados no lasso travesseiro do fracasso

a punta de navaja
Cuando al amor le da por suicidarse
no hay quien sea capaz de detenerlo;
de pronto se congelan los abrazos
y queman las palabras de ayer mismo.

Regresan los sicarios del orgullo
desde un negro reducto masoquista,
a robarnos la infantil inconsciencia
de amarnos a lo loco y sin preguntas,
como niños idiotas, sin recelos.

Ahora que hemos crecido y somos listos,
no nos engaña nadie; nos protege
nuestro propio demonio de la guarda
de cualquier tentación de ser felices
para poder dormir, plácidamente,
sobre la tibia almohada del fracaso.

ana montojo micó - espanha
tradução: roberto soares

Nenhum comentário:

Postar um comentário