01/11/2011

poesia e finitude (14)

à espreita

não ouves seus ofegos? cada dia
eu os escuto mais próximos, sozinho
contigo, no meio do verão
entre os gritos da multidão
à fogueira, no inverno
com um belo livro
no ranger da neve
ou no estrondo da chuva
quando acendo as luzes em casa
quando o mar, quando chegas
quando estendo a mão
para frutos vermelhos palpitantes.

está aí, à espreita
levanta a garra, espera.

tu não a vês, sorris
eu sorrio também.

deixe que te beije mais uma vez
antes que o seu hálito nos alcance.

josé luis garcía martín - espanha, material perecedero (1998)
tradaução: roberto soares

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