29/03/2011

vídeo: avohai


a bela e pujante canção de zé ramalho. houve tempo, não muito distante, que possibilitava que poetas e cancioneiros celebrassem o mundo e exercitassem o seu desvelamento em meio a esse mundo com muito mais vibração e inventividade. não é mero saudosismo, nem crítica fácil à fragmentação, a impotência e à mal disfarçada repetição da arte atual. é apenzs lembrança e reverência a um tempo que nos permitia exercer a nossa tarefa, de viventes e de testemunhas do ser, com um pouco menos de mediocridade, de medo e de impotência, e de tola presunção.

e já que se está falando de tempos diferentes, embora não tão distantes assim, optei por publicar dois momentos diferentes do impetuoso e inventivo menestrel do resistente e criativo nordeste brasileiro. 



e já que se está falando em resistência cultural e inventividade do nordeste, vale lembrar: as  pessoas deveriam fazer turismo menos robotizado e menos pasteurizado, quando fossem ao nordeste. junto com assépticas pousadas e hotéis, à beira de inigualáveis praias, deveriam aprofundar um pouco mais a suas visitas pelo interior adentro.

conhecer o que o povo nordestino têm de criativo, de resistente e de personalidade cultural e social. talvez personalidade e brasilidade maiores do que muitos e presunçosos moradores das modernosas e quase falidas (em termos de existência decente ) cidades do sul/sudeste.

guerra da líbia: outro truque espaetacular dos donos do mundo?

Começam a surgir denúncias de que os rebeldes da Líbia teriam sido armados e até mesmo treinados pelas forças de inteligência dos Estados Unidos e da Europa. Mais ainda: durante as manifestações iniciais dos povos árabes, na Tunísia e no Egito, já estaria em andamento um plano para que EUA e Europa se apropriassem das legítimas aspirações dos povos árabes, para conduzir aquelas admiráveis manifestações de acordo com os seus interesses.

Antes de descartar tais conjecturas como paranóia, teoria da conspiração ou antiamericanismo simplista, convém não esquecer as já muitas conhecidas manipulações das referidas forças de inteligência, em várias ocasiões e em várias partes do mundo. Convém não esquecer nem mesmo as ambiguidades e obscuridades que cercam o jamais esquecido 11 de setembro: onde estão as investigações convincentes, onde estão as provas cabais de que não houve um complacência ou mesmo uma condução do governo americano no monstruoso atentado? Quem viu o documentário de Michael Moore não acha essas perguntas absurdas...

Voltando à Líbia: com que presteza, disposição e facilidade os rebeldes líbios se apossaram de armas e partiram para o conflito armado puro e simples! Sem manifestações em praças públicas, sem multidões. Dir-se-á: a reação do ditador Kadafi foi violenta e desumana a ponto de impossibilitar qualquer indecisão ou qualquer tentativa de vencer através da cidadania e da resistência meramente cívica.

Mas, até onde são confiáveis os jornalistas e veículos de mídia que nos informaram sobre as tais monstruosidades do ditador Kadafi? Ou por outra, não poderia ter havido não houve uma premediatada e muito bem construída situação de provocação, de forma que o desequilibrado ditador líbio reagisse da forma que reagiu? E assim estariam craidas as condições para que o mundo legitimamente gritasse contra as ações do ditador líbio, exigindo com razão uma intervenção humanitária.

Mas quem teria o pode de comandar tal intervenção, senão a Europa e os EUA, ou seja , os de sempre?

Se de fato assim foi, se de fato houve todo esse planejamento pelas forças de inteligência, não há como negar: mais uma vez os doentios donos do mundo americanso e europeus exercitaram de forma admirável a suas técnicas de mentira, de distorção, de inversão e de convencimento.
E dessa vez com um ganho extra: a par da utilização das legítimas revoltas dos povos árabes, para a conquista de seus interesses geopolíticos e econômicos (petróleo, sempre a troca de snague por petróleo), europeus e americanos desta feita também lograram conquistar a simpatia do mundo, já que posaram de salvadores do povo líbio, evitando que fosse massacrado.

Por último, as tais perguntinhas que não querem calar, e das quais ninguém pode honestamente fugir, por mais apatia e conformismo que tenha, ou por mais boa vontade que tenha para com o poder estabelecido: Porque as ONUs, OTANs e UEs da vida não têm a mesma presteza e a mesma preocupação para agir em relação ao Egito, ao Iemen, ao Bahrein e principalmente em relação à despótica monarquia absolutista da Arábia Saudita?
Porque as monstruosidades, repressões, massacres sempre ocorrem em países que têm um histórico de enfrentamento com os europeus, americanos e israelenses, tais como Síria, Líbia, Irã e Venezuela?
Essas mídias e esses jornalistas nos trasnmitem realmente os fatos na sua íntegra e no seu real contexto?

A apatia e o conformismo, quando não a estupidez e a presunção, deveriam de vez em quando dar uma chance às dúvidas.

Seguem abaixo alguns textos que tratam da questão das revoltas e principalmente da questão da Guerra da Líbia.

nova operação colonial contra a líbia

por Domenico Losurdo [*]

Não satisfeitos com o bloqueio solitário de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU condenando o expansionismo de Israel na Palestina ocupada, os Estados Unidos vêm hoje se apresentar novamente como os intérpretes e campeões da "comunidade internacional". Convocaram o Conselho de Segurança, e não foi para condenar a intervenção das tropas sauditas em Bahrein, mas sim para exigir e finalmente impor o lançamento da "no-fly zone" e outras medidas guerreiras contra a Líbia.
Algumas medidas agressivas já eram tomadas unilateralmente por Washington e por alguns de seus aliados, como a aproximação da frota militar americana das costas da Líbia e o apelo ao instrumento clássico da política do canhão. Mas Obama não parou por aí: nestes últimos dias vinha intimando Kadafi de modo ameaçador a abandonar o poder e pressionava o exército líbio a dar um golpe de Estado.

Mais grave ainda, desde há algum tempo os agentes estadunidenses, juntos com os da França e Grã-Bretanha, vinham deixando os funcionários líbios diante de um dilema: ou passar para o lado dos rebeldes ou serem processados perante o Tribunal Penal Internacional e passarem os restos das suas vidas encarcerados por "crimes contra a humanidade".
A fim de dar cobertura à retomada das práticas colonialistas mais infames, o gigantesco aparelho midiático de manipulação e desinformação lançou sua campanha e, entretanto, basta ler com atenção a própria imprensa burguesa para perceber o engodo. Por exemplo, diz-se há dias que a aviação de Kadafi bombardeia a população civil. Mas em 1° de março o jornal La Stampa escreve, pag. 6, e pela pena de Guido Ruotolo: "É verdade, provavelmente não houve bombardeio".

Mudou radicalmente a situação nos dias seguintes? Dia 16 de março, Lorenzo Cremonesi escreve de Tobruk no Corriere della Sera: "Como já aconteceu nas outras localidades onde interveio a aviação, o que houve foram apenas raids de advertência". "Eles queriam assustar; muito barulho por nada", disse-nos pelo telefone um dos porta-vozes do governo provisório. São, portanto, os próprios rebeldes que desmentem os 'massacres' invocados para justificar a intervenção 'humanitária'.

A propósito dos rebeldes. Eles são celebrados dia após dia como os campeões da democracia em toda a sua pureza, eis porém a forma como foi relatada por Lorenzo Cremonesi, no Corriere della Sera de 12 de março, sua retirada frente à contra-ofensiva do exército líbio: "Na confusão geral, acontecem também atos de pilhagem. O mais notório é o do hotel El Fadeel, de onde levaram televisores, colchões, cobertores, transformaram as cozinhas em lixeiras e os corredores em acampamentos imundos". Não parece ser o comportamento de um exército de liberação, e o mínimo que se pode dizer é que a visão maniqueísta do conflito na Líbia não tem o menor fundamento.

Há mais. A cada dia denunciam as "atrocidades" da repressão na Líbia. Mas, falando de Bahrein, conta Nicholas D. Kristoff no International Herald Tribune: "No curso destas ultimas semanas, vi cadáveres de manifestantes, quase todos executados de perto por armas de fogo, vi uma moça retorcendo-se de dor após ter sido espancada, vi o pessoal das ambulâncias ser golpeado por tentar salvar manifestantes".

Um vídeo de Bahrein mostra o que parecem ser forças de segurança atingir com uma bomba lacrimogênea um homem de meia-idade e desarmado, a poucos metros delas. O homem cai no chão e tenta levantar-se. Atiram então nele, na cabeça, outra bomba. Caso não seja suficiente, vale lembrar que "nestes últimos dias, as coisas vão de mal a pior". Antes mesmo da repressão, é na vida quotidiana que a violência se expressa; a maioria xiita é submetida a um regime de "apartheid".
Para reforçar o aparelho de repressão, agem os "mercenários estrangeiros" com tanques de assalto, armas e gás lacrimogêneo estadunidenses. O papel dos Estados Unidos é decisivo, como o explica o jornalista do International Herald Tribune, ao contar um episódio por si esclarecedor: "Umas semanas atrás, um colega meu do New York Times, Michael Slackman, foi capturado pelas forças de segurança de Bahrein. Ele me contou que chegaram a apontar-lhe armas. Receoso de alguém atirar nele sem mais nem menos, ele pega seu passaporte e grita que é jornalista dos Estados Unidos. A partir dali, o humor do grupo muda de repente. O chefe chega perto dele, aperta a sua mão e muito animado, lhe diz "Não se preocupe. Nós gostamos dos Estados Unidos!".

De fato, a Quinta Frota dos Estados Unidos tem base em Bahrein. Inútil dizer que tem como dever defender ou impor a democracia: sempre que não seja em Bahrein ou mesmo no Iêmen, e sim… na Líbia ou em algum outro país que, por sua vez, entre na mira de Washington.
Por mais repugnante que seja a hipocrisia do imperialismo, não é uma razão suficiente para esconder as responsabilidades de Kadafi. Embora tenha, historicamente, o mérito de ter acabado com a dominação colonial e as bases militares que intimidavam seu país, ele não soube estabelecer uma camada dirigente bastante ampla. Além do mais, utilizou os lucros do petróleo para construir improváveis projetos "internacionalistas" sob a bandeira do "Livro Verde", em vez de desenvolver uma economia nacional, moderna e independente. Perdeu-se assim uma oportunidade única de pôr fim à estrutura tribal da Líbia e ao antigo dualismo entre Tripolitânia e Cirenáica, e de contrapor uma sólida estrutura econômico-social diante das manobras renovadas e das pressões do imperialismo.
E temos não obstante, de um lado, um líder do Terceiro Mundo que, de forma rústica, confusa, contraditória e bizarra, segue uma linha de independência nacional, enquanto, de outro lado, em Washington, um dirigente expressa de forma elegante, educada e sofisticada as razões do neocolonialismo e do imperialismo. Somente um surdo à causa da emancipação dos povos e da democracia nas relações internacionais, ou então quem se deixa conduzir antes pelo esteticismo que pelo raciocínio político, pode alinhar-se com Obama, Cameron e Sarkozy!
Aliás, será tão elegante assim este refinado Obama que, embora condecorado com o prêmio Nobel da Paz, não leva sequer por um instante em consideração a sábia proposição dos países sul-americanos, ou seja, o convite de Chávez e outros dirigido às duas partes em luta na Líbia para que se esforcem por chegar a uma solução pacífica do conflito, em benefício da salvação e da integridade territorial do país?
Imediatamente após a votação da ONU, e indo ainda além da proposição que mal acabava de ser votada, o presidente dos Estados Unidos lançava um ultimato a Kadafi, que teve a pretensão de ação em nome da "comunidade internacional". Desde sempre, a ideologia dominante revela o seu racismo ao identificar a humanidade com o Ocidente; agora, desta vez, são excluídos da "comunidade internacional" não apenas os dois países cuja população é a mais numerosa, mas também um país chave da União Européia. Quando se coloca como intérprete da dita "comunidade internacional", Obama demonstra uma arrogância racista ainda pior do que aqueles que, no passado, reduziram os seus ancestrais à escravidão.

Será tão elegante e refinado este Cameron que, para vencer em sua casa a oposição à guerra, repete até a obsessão que ela corresponde aos "interesses nacionais" da Grã-Bretanha, como se o apetite em relação ao petróleo não fosse já bastante claro?

E que dizer enfim de Sarkozy? Nos jornais, pode-se ler tranqüilamente que, mais do que no petróleo, ele pensa nas eleições: quantos líbios o presidente francês tem necessidade de matar para que sejam esquecidos os seus escândalos, suas gafes e tenha maior possibilidade de ser reeleito?

Os jornalistas e os intelectuais da corte gostam de pintar um Kadafi isolado, acuado por um povo unido. Porém, para quem acompanha atentamente os acontecimentos, é fácil perceber o grotesco dessa representação. O voto recente no Conselho de Segurança desmascarou outra manipulação: aquela que inventa a fábula sobre uma "comunidade internacional" unida na luta contra a barbárie. Na realidade, abstiveram-se e expressaram fortes reservas China, Rússia, Brasil, Índia e Alemanha!

Os dois primeiros países não foram além da abstenção e não usaram o seu poder de veto por uma série de motivos. Pois não é fácil sempre desafiar a superpotência solitária. Não se trata apenas disso e tanto China quanto Rússia conseguiram em troca que não se enviem tropas de terra (e de ocupação colonial); evitaram intervenções militares unilaterais de Washington e de seus aliados mais próximos, semelhantes às intervenções contra a Iugoslávia em 1999 e o Iraque em 2003; tentaram conter as manobras dos círculos mais agressivos do imperialismo, que gostariam de deslegitimar a ONU e substituí-la pela OTAN e a Aliança das Democracias; enfim, apareceu uma contradição no seio do imperialismo ocidental conduzido pelos EUA, como o mostra o voto da Alemanha.

Ao fazer referência a um país como a China, dirigida por um partido comunista, deve-se observar que o compromisso que ela quis aceitar em nada engaja os povos do mundo. Mao Zedong explicou em seu tempo que as exigências de política internacional e os próprios compromissos dos países de orientação socialista ou progressista são uma coisa; outra coisa, por sua vez, é a linha política de povos, classes sociais e partidos políticos que não conquistaram o poder e por isso não estão engajados na construção de uma nova sociedade.

Fica claro então que a agressão à Líbia torna mais urgente que nunca o ressurgimento da luta contra a guerra e o imperialismo.

25/Março/2011

A tradução, de Ana Maria Dávila, encontra-se em Correio da Cidadania
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

EUA e aliados cometem crimes monstruosos na Líbia

Os EUA e os seus aliados repetem na Líbia crimes contra a humanidade similares aos cometidos no Iraque e no Afeganistão.

A agressão ao povo líbio difere das outras apenas porque o discurso que pretende justificá-la excede o imaginável no tocante à hipocrisia.

A encenação prévia, pela mentira e perfídia, traz à memória as concebidas por Hitler na preparação da anexação da Áustria e das campanhas que precederam a invasão da Checoslováquia e da Polónia.

Michel Chossudovsky, James Petras e outros escritores progressistas revelaram em sucessivos artigos – citando fontes credíveis – que a rebelião de Benghazi foi concebida com grande antecedência e minúcia e alertaram para o papel decisivo nela desempenhado pelos serviços de inteligência dos EUA e do Reino Unido.

A suposta hesitação dos EUA em apoiar a Resolução do Conselho de Segurança da ONU que criou a chamada zona de "Exclusão Aérea", e posteriormente, em assumir a "coordenação das operações militares" foi também uma grosseira mentira. Farsa idêntica caracterizou o debate em torno da transferência para a NATO do comando da operação dita "Amanhecer de Odisseia", titulo que ofende o nome e a epopeia do herói de Homero.

O Pentágono tinha elaborado planos de intervenção militar na Líbia muito antes das primeiras manifestações em Benghazi, quando ali apareceram as bandeiras da monarquia fantoche inventada pelos ingleses após a expulsão dos italianos. Tudo isso se acha descrito em documentos (alguns constantes de correspondência diplomática divulgada pela Wikileaks) que principiam agora a ser tornados públicos por webs alternativos.

OS CRIMES ENCOBERTOS
Os discursos dos responsáveis pela agressão ao povo líbio e a torrencial e massacrante campanha de desinformação montada pelos grandes media ocidentais, empenhados na defesa e apologia da intervenção militar, são diariamente desmentidos pela tragédia que se abateu sobre a Tripolitania, ou seja o ocidente do país controlado pelo Governo.

Hoje não é mais possível desmentir que o texto da Resolução do CS – que não teria sido aprovado sem a abstenção cúmplice da Rússia e da China – foi desafiadoramente violado pelos Estados agressores.

Os ataques aéreos não estavam previstos. Mas foram imediatamente desencadeados pela força aérea francesa e pelos navios de guerra dos EUA e do Reino Unido que dispararam em tempo mínimo mais de uma centena de mísseis de cruzeiro Tomahwac sobre alvos muito diferenciados.

Têm afirmado repetidamente os governantes dos EUA do Reino Unido, da França, da Itália que a "intervenção é humanitária" para proteger as populações e que "os danos colaterais" por ela provocados são mínimos.

Mentem consciente e descaradamente.

As "bombas inteligentes" não são cegas. Têm atingido, com grande precisão, depósitos de combustíveis e de produtos tóxicos, pontes, portos, edifícios públicos, quartéis, fábricas, centrais eléctricas, sedes de televisões e jornais. Reduziram a escombros a residência principal de Muamar Khadafi.
Um objectivo transparente foi a destruição da infra-estrutura produtiva da Líbia e da sua rede de comunicações.
Outro objectivo prioritário foi semear o terror entre a população civil das áreas bombardeadas.

Afirmaram repetidas vezes o secretário da Defesa Robert Gates e o secretário do Foreign Ofice, William Haggue que as forças daquilo a que chamam a «coligação» mandatada pelo Conselho de Segurança, não se desviaram das metas humanitárias de "Odisseia". Garantem que o número de vítimas civis tem sido mínimo e, na maioria dos bombardeamentos cirúrgicos, inexistente.

Não é o que informam os correspondentes de alguns influentes media ocidentais e árabes.
Segundo a Al Jazeera e jornalistas italianos, o "bombardeamento humanitário" de Adhjedabya foi na realidade uma matança sanguinária, executada com requintes de crueldade.
Outros repórteres utilizam a palavra tragédia para definir os quadros dantescos que presenciaram em bairros residenciais de Tripoli.

Generais e almirantes norte-americanos e britânicos insistem em negar que instalações não militares ou afins tenham sido atingidas. É outra mentira. As ruínas de um hospital de Tripoli e de duas clínicas de Ain Zara, apontadas ao céu azul do deserto líbio, expressam melhor do que quaisquer palavras a praxis dos "bombardeamentos humanitários". Jornalistas que as contemplaram e falaram com sobreviventes do massacre, afirmam que em Ain Zara não havia um só militar nem blindados, sequer armas.

Numa tirada de humor negro, no primeiro dia da agressão, um oficial dos EUA declarou que a artilharia anti aérea líbia ao abrir fogo contra os aviões aliados que bombardeavam Tripoli estava a "violar o cessar-fogo" declarado por Khadafi.
Cito o episódio por ser expressivo do desvario, do farisaísmo, do primarismo dos executantes da abjecta agressão ao povo líbio, definida como "nova cruzada" por Berlusconi, o clown neofascista da coligação ocidental.

Khadafi é o sucessor de Ben Laden como inimigo número um dos EUA e dos governantes que há poucos meses o abraçavam ainda fraternalmente.
O dirigente líbio não me inspira hoje respeito. Acredito que muitos dos seus compatriotas que participam na rebelião da Cirenaica e exigem o fim do seu regime despótico actuam movidos por objectivos louváveis.

Mas invocar a personalidade e os desmandos de Muamar Khadafi no esforço para apresentar como exigência de princípios e valores da humanidade a criminosa agressão ao povo de um país soberano é o desfecho repugnante de uma ambiciosa estratégia imperialista.

O subsolo líbio encerra as maiores reservas de petróleo (o dobro das norte-americanas) e de gás da África. Tomar posse delas é o objectivo inconfessado da falsa intervenção humanitária.
É dever de todas as forças progressistas que lutam contra a barbárie imperialista desmascarar a engrenagem que mundo afora qualifica de salvadora e democrática a monstruosa agressão à Líbia.

A Síria pode ser o próximo alvo. Isso quando não há uma palavra de crítica às monarquias teocráticas da Arábia Saudita, do Bahrein, dos Emirados.

Uma nota pessoal a terminar. Os líderes da direita europeia, de Sarkozy e Cameron à chanceler Merkel, cultivam nestes dias – repito – o discurso da hipocrisia. Nenhum, porém, consegue igualar na mentira e na desfaçatez a oratória de Barack Obama, que, pelos seus actos, responderá perante a História pela criminosa política externa do seu país, cujo povo merecia outro presidente.

Vila Nova de Gaia, 26/Março/2011

O original encontra-se em http://www.odiario.info/?p=2022

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

28/03/2011

poema, jogo do desvelamento I - mariana botelho

um poema novo de Marina Botelho - há um bom tempo que não se via tal. aliás, bastante oportuna  a sua publicação no desvelar, afinal faz eco a recente edição de poemas que tinham fio condutor exatamente a manhã, aqui publicados em janeiro.

ao poema de mariana, então: o que me atraiu de imediato foi o jogo denso, aparentemente contraditório e obscuro, entre presença e esquecimento do verbo, da fala. a fala, ou a sua ausência, a sua impossibilidade, misturada com o silêncio, mas o próprio silêncio se alimentando de verbo, o  poema respeitando, reverenciando o verbo, com o silêncio, quando isso se faz necessário.

e tudo com a habitual habilidade, seriedade e  concisão  da poeta, evitando que o poema, ou a fala, se resuma a apenas mais um dos inúmeros jogos verbais que proliferam não apenas nesta década cibernética, mas há ja décadas e décadas de poesia moderna/pósmoderna.

afinal,  é preciso aceitar que há de fato diferenças vísiveis e viscerais entre um mero jogo verbal e entre jogar com o verbo, jogar o jogo do verbo com o ser, com a presença.

 jogar o jogo do desvelar das coisas e de nós no meio do ser: essa talvez uma das principais razões de ser do poema. e mariana botelho é uma das pessoas que de tudo faz para evitar que esse jogo se transforme numa brincadeira repetitiva, ou num joguinho apenas aparentemente criativo ou essencial.

tal como uma emily dickson atual (aliás, alguém, não me lembro quem, já a acomparou com poeta americana) e tal como insinuada no iníco dessa apresentação, essa poeta lá das entranahs de minas nem sequer se preocupa com quantidades, com volumes de palavras escritas ou publicadas.a poeta parece se esforçar para por em prática o aprendizado, ou o exercício, de colocar o silêncio a serviço do verbo, quando assim é necessário ou suficiente.

a manhã nos obriga
a chorar
sempre

esquecer
a tosse noturna do filho

a urgência
do amor

o verbo
nosso pai

o silencio
nosso filho

nosso rito diário
de esquecer

mariana botelho - minas    

poema, jogo do desvelamento II - rilke

afinal, o ser e o mistério nem sempre querem que os desvelemos através de poemas e verbos, muito menos através de falatórios cotidianos, pasteurizados, incansavelemnte expelidos de tantas bocas e vindos de tantas direções, de qualquer que seja a categoria social, de qualquier que seja a formação cultural ou social. o ser, muitas vezes, pede apenas e delicadamente que o desvelemos tão somente com a escuta dos seus silêncios, com escuta de suas apariçoes e fugas.

o ser pede apenas e delicadamente que aprendamos a esquecer um pouco das distrações que nos desviam de seu desvelamento, esse desvelamento que nunca, jamais se dará de forma inequívoca, vísivel, segura, palpável.

o ser pede apenas e delicadamente que não nos distraiamos tanto daquilo que nos é essencial, que é a nossa condição de precárias testemunhas da fragilidade e do perecimento de tudo o que brota do próprio ser.

o ser pede apenas e delicadamente que aprendamos a aceitar essa mesma fragilidade e perecimento, não fugindo dessa nossa condição através de tantas sedutoras e engehosas distrações que nos solicitam (ou que solicitamos que nos solicitem) dia a dia, noite a noite, momento momento.
e aqui, a falar dessa nossa condição de testemunhas daquilo que é precivel, que nos é lembrada pelo frágil e delicado desvelamento dos er, é conveniente e necessária lembra a fala do frágil leão sombrio, o poeta metafísico rilke:

... E essas coisas, cuja vida
é declínio, compreendem que tu as celebras; perecíveis
elas nos conferem o poder de nos salvarmos, á nós,
os mais perecíveis.
Elas querem que, no fundo do nosso coração invisível, as
transformemos
em - ó infinito! - em nós! Seja qual for, no fim, o nosso
ser.
rainer rilke (Elegias de Duíno)




poesia com torresmo

Quem gosta de poesia pode conhecer esse projeto da ABDIC junto com o bar KABECOS. O primeiro encontro acontece agora , dia 05 de abril.

 POESIA COM TORRESMO: ASSOCIAÇÃO PROMOVERÁ SARAU...
por Pettersen Filho, extraido do site da abdic 

Dando vazão à uma de suas Clausulas Estatutárias a ABDIC, Associação Brasileira de Defesa do Indivíduo e da Cidadania , acaba de firmar Parceira Cultural com o Kabéco`s, Bar e restaurante, localizado à Avenida Rio Branco , bairro Santa Lúcia, em Vitória/ES, onde celebrarão toda primeira terça feira do mês evento cultural chamado POESIA COM TORRESMO NO KABÉCO`S.

Evento que promete tornar-se tradição, reunirá, como dito, a cada primeira Terça Feira, de todo mês, a começar agora, no dia 05 de Abril, a partir das 19:00 hs, até as 23:00. Poetas, músicos e outros artistas, além de ser aberto ao público, para ouvir boa musica popular brasileira, entre um recital e outro de poesia, também aberto ao público.

Escolhendo a data a dedo, por ser terça feira um dia mais tranqüilo, e possibilitando que o público possa abastecer-se de uma boa cerveja gelada, enquanto acompanha o evento, tudo bem acompanhado por um apetitoso Feijão Tropeiro, tão bem servido pela casa, a parceria de fato promete prosperar...

Para esse primeiro da  está prevista a prticipação do cntor e cmpositor Chinna Bahia, com bnquinho e vola.

Então, não percam: Terça Feira, 05 de Abril,  POESIA COM TORRESMO NO KABÉCO`S.

23/03/2011

vídeo: marcela, de taiguara

notícias do front líbio

FILME AMERICANO

Seis civis líbios são metralhados por um helicóptero dos EUA nas proximidades de Benghazi; uma das vítimas corre o risco de ter a perna amputada. O helicóptero em voos rasantes busca resgatar dois tripulantes do caça F-15 Strike Eagle que caiu em circunstancias não esclarecidas na noite da segunda-feira. O F-15E realizava bombardeios na cidade de Benghazi, supostamente um reduto de opositores de Kadafi. Um dos feridos, ouvido no hospital, afirma que os civis estavam comemorando a ação internacional quando os americanos abriram fogo... (Carta Maior, com informações Al-Jazira/ Channel 4 News). Fundo sonoro da cena: o discurso de Obama no Chile, nesta 3º feira, quando afirmou: 'Nossa ação militar ...tem como foco a ameaça humana que Khadafi está impondo a seu povo. Ele não apenas está assassinando os civis, mas também ameaçando fazer muito mais". Corta e volta para a cena do helicóptero, agora sem som. Closes alternados nos rostos dos americanos acionando as metralhadoras e nos dos líbios, que festejavam a chegada das forças estrangeiras.

o show de obama - o não de lula

por Laerte Braga
(extraído do site da ABDIC)

Em outubro de 1988 o então presidente José Sarney embarca para uma visita a União Soviética. É recebido pelo secretário geral do Partido Comunista e ao chegar ao Brasil declara aos repórteres que “é o Gorbachev espargindo democracia por lá e eu por aqui”.

Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente e responsável pela eleição de Dilma Roussef, disse não ao convite para participar do almoço em homenagem ao terrorista norte-americano Barack Hussein Obama, presidente de Eua/Israel Terrorismo SA, ora em vista ao Brasil.
Todos os outros ex-presidentes vivos foram, inclusive Fernando Henrique Cardoso (deve ter servido de intérprete).
Lula, segundo dizem os jornais da mídia privada teria revelado que não queria “tirar os holofotes da Dilma”. A declaração em sua interpretação correta é maldosa e perversa em relação ao ex-presidente.

Quando Guido Mantecca, uma semana antes da posse de Dilma, anunciou medidas que seriam tomadas pelo novo governo, tomou uma baita bronca pública de Lula. Entre outras coisas Lula disse que nada daquilo seria feito e que até aquele momento o presidente da República ainda era ele.
Mantecca, hábil na arte de “explicar até para o porteiro do prédio”, chamou a imprensa, se desdisse e evitou um problema maior. Os que têm conversado com Lula ao longo desses quase três meses longe da presidência, sabem que naquele momento o líder sentiu a primeira facada. Não diz, mas deixa escapar.

Há um processo de desconstrução de Lula. Não é do PT e nem de Dilma. Não significam nada diante da força do ex-presidente. É maior que todos eles.
As elites brasileiras aceitam e toleram a democracia até um determinado limite e supor que em 2014 Lula possa voltar está no item inaceitável, intolerável.

No governo Dilma Roussef temos os primeiros presos políticos do país desde o fim da ditadura militar, na farsa do coquetel Molotov atirado contra o consulado norte-americano no Rio, numa manifestação promovida por um partido de esquerda. O PSTU.

A velha e requentada história do Riocentro. A quem interessa?
Segundo Dilma Roussef em seu pronunciamento hoje pela manhã, ela e Obama rompem barreiras. O primeiro negro eleito presidente dos EUA (Dilma não notou a graxa porque não quis e nem quer) e ela, a primeira mulher eleita presidente do Brasil.

É Sarney, presidente do Senado, aliado de Dilma, presente ao almoço, que esparge democracia pelo Ocidente.
Passados vinte e dois anos o ridículo se repete. Poder tem dessas coisas, deslumbra. Um poste se atribui dimensões históricas que não tem.
Lula não foi ao almoço, entre outras coisas, para deixar claro seu repúdio às políticas de Obama em relação ao Brasil (não quis visitar o País quando ele era o presidente) e não poucos ouviram do ex-presidente (que tem feito o possível para se segurar) que “isso está parecendo uma grande palhaçada”.

Não sei que tipo de atitude a direção nacional do PT vai tomar contra o ex-presidente, levando em conta a orientação para que a manada não participe de protestos contra Obama (felizmente boa parte resolveu não acatar a arbitrariedade).

Linhas e entrelinhas das poucas e esparsas declarações do ex-presidente demonstram que Lula já percebeu que estão tentando desmontá-lo e Dilma não está infensa ao processo. Pelo contrário.

Sonha com a reeleição em 2014.
Quer romper mais barreiras.
Aceita, tem aceito, docemente, o caminho traçado pelas elites que entre outras coisas passou por Ana Maria Braga, Hebe Camargo, receita de omelete, políticas neoliberais sem restrições e mudanças drásticas na política externa do País.

E é um caminho que vai percorrer com calma, sabe que não pode enfiar a faca de uma só vez, afinal sem Lula nem síndica de prédio seria.

O PT, em boa parte, embarca na armadilha e monta patrulhas ideológicas para denunciar golpismos, etc, no velho estilo stalinista de fazer política, todos montados em cargos públicos e que tais. Sobram os que guardam os ideais de outros tempos. Não são poucos.
O tal chapa branca.

Quando tomou conhecimento da invasão alemã o líder soviético Stalin refugiou-se num quarto do Kremlin com algumas mulheres, varias garrafas de vodka durante alguns dias e quando Kruschev foi tímida e temerosamente chamá-lo, ouviu o seguinte.

“Calce as minhas botas, vocês são uns covardes, me odeiam, tiveram esses dias todos para me derrubar e não o fizeram”. Estendeu os pés e Kruschev calçou-lhe as botas.

Justiça seja feitas, Stalin ganhou a guerra destroçando os alemães em território soviético sem aquele negócio de Hollywood que os norte-americanos eram e são perfeitos em armar.

Regina Antunes, professora, 59 anos, dona de uma creche em frente à praça do Lazer nas imediações da Cidade de Deus conta que foi procurada por três pessoas nesta semana que se finda. Um policial civil, um militar e uma mulher representando a organização terrorista Casa Branca (sede do conglomerado). Queriam que atiradores de elite ocupassem a laje de sua creche, pois o carro de Obama passaria pela avenida José de Arimatéia. A praça onde está a creche fica em frente.

Como se recusasse foi ameaçada pelos policiais de ser obrigada a aceitar a decisão a partir de uma ordem judicial.
“Eles desrespeitaram o meu direito, a minha propriedade. Eu poderia até liberar, dependendo da conversa deles, mas resolveram me ameaçar e agora é que não quero mais conversa, estou revoltada com essa situação”.
A parte do filme “Obama e os pobres do Brasil” fica com essa mancha, prejudicado. Devem consertar na montagem, nos efeitos especiais.

Ivonete Ferreira, 62 anos, moradora da Cidade de Deus, num local de onde se avista o palco do show de Obama, não aceitou a presença de atiradores de elite em sua laje. Mostrou-se indignada com a forma como foi tratada.

A CUFA – CENTRAL ÚNICA DAS FAVELAS – entidade com maior presença na Cidade de Deus, não participará do evento e nem de sua organização. Celso Ataíde, presidente da entidade, disse ao jornal FOLHA DE SÃO PAULO que “Obama continuo te amando, mas não dá para aceitar o comportamento arrogante dos mensageiros da Casa Branca”

O rapper MV Bill, um dos criadores da CUFA, anunciou sua desistência (estão tentando demovê-lo disso) de participar da recepção ao terrorista Barak Obama, antes da entidade tomar posição idêntica. “São abusos e exageros na favela. Estão querendo fazer um zoológico”.

A Casa Branca se recusou – seus representantes – a discutir a visita com lideranças comunitárias e depois, assustada com a quantidade de mensagens de protestos, tentou restabelecer o contato sem conseguir.
“Querem esvaziar as ruas da comunidade no domingo e revistar qualquer pessoa que venha sair de sua residência, até mesmo crianças”.

Uma das grandes preocupações da mídia, sobretudo GLOBO, principal veículo de EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A, são os modelitos de Michele Obama. “Especialistas” estão explicando, ressaltando e elogiando a “elegância” da primeira-dama.

“É/a gente não tem cara de panaca/a gente não tem jeito de babaca/a gente não está com a bunda exposta na janela...” Bela lembrança da jornalista Ana Helena Tavares (FACEBOOK), a guerreira composição de Gonzaguinha.
Sarney e Dilma em tempos diversos perderam a noção da realidade, de seus tamanhos reais.
Lula segundo alguns não foi porque tinha um aniversário, segundo outros para não tirar os holofotes de Dilma e assim por diante.
É que está sentindo no peito a faca entrando.
Percebe a metamorfose do que de fato foi poste, em cobra. Não está conseguindo ser companheira. Nem deve lembrar disso mais.

Ah! Um detalhe. Perguntado sobre o cancelamento do comício na Cinelândia, o general Sardenberg, responsável pela área, disse que não sabia e nem estava entendendo nada. Eis que surge um general que sabe alguma coisa, pensa e é capaz de dizer. É irrelevante aqui se ele é pró, contra, muito antes pelo contrário. Mas relevante o que disse e como.
Pingo é letra.
“Vejam só, Obama vai dormir duas noites no Rio. Que bacana!” – contribuição de Sérgio Cabral, governador do Rio ao Festival de Besteiras que Assola o País – E olha que o pai do governador, também Sérgio Cabral, era amigo do criador do FEBEAPA, Sérgio Porto – Stanislaw Ponte Preta –. Não aprendeu nada.
Ser der tudo errado por que não levar Obama ao programa do Faustão? Pode ser jurado, pode dançar com Susana Vieira, participar de um monte de quadros.

laertehfbraga@gmail.com

16/03/2011

desaceleração invonluntária

Em razão de compromissos pessoas e profissionais, infelizmente não poderei dedicar a devida atenção a este blog nos próximos seis meses.

Tentarei atualizá-lo, na medida do possível, mas apenas com a publicação eventual de textos de terceiros, reportagens,  poemas, imagens, videos etc, ou seja,  sem proceder a uma edição mais regular e mais elaborada, ou mais articulada, já que isso demandaria um tempo e uma disposição que me faltam no momento.  

Aos leitores e simpatizantes do Desvelar, meu sincero reconhecimento. Espero voltar com mais tempo e disposição no segundo semestre.