31/01/2012

anatel x oi: convocação avaaz

Caros amigos
É inacreditável! A Oi Telecom está ameaçando o futuro da Internet no Brasil ao tentar anular as novas regras de qualidade de Internet que conquistamos no ano passado. Entretanto, a ANATEL se posicionou no meio do caminho dos planos da Oi e abriu o pedido para receber comentários da sociedade civil acerca desse novo ataque aos direitos da Internet. Clique abaixo para enviar uma mensagem para a ANATEL para eles continuarem firmes e fortes contra o ataque da Oi, e em seguida encaminhe esse email para todos:

É inacreditável! Nossa Internet está em risco no Brasil. No ano passado, vencemos uma grande batalha quando a ANATEL aprovou os novos padrões de qualidade da Internet que nos garantem um serviço de Internet confiável e rápido. No entanto, a Oi Telecom, um dos maiores provedores de Internet do Brasil, está prestes a esvaziar esses novos padrões e nos mandar de volta para os dias em que o serviço de Internet era lento ou simplesmente não existia, a menos que façamos algo antes do dia 1º de fevereiro para impedí-los.

A Oi quer maximizar os seus lucros e nos privar de uma Internet decente, mas podemos impedi-los. A ANATEL abriu o pedido da Oi ao público, o que nos dá a chance de manter as novas regras e mostrar a ANATEL que eles têm um enorme apoio do público.

Nós, brasileiros, já dissemos um grande "sim" para os padrões de qualidade anteriormente, mas precisamos fazer isso mais uma vez para proteger nossa vitória. Temos uma semana para inundar a ANATEL com milhares de mensagens pedindo ao conselho de diretores que se posicionem contra a atitude da Oi e protejam o serviço de Internet de qualidade para todos os brasileiros. Envie uma mensagem para a ANATEL agora:


Por muitos anos não havia padrões mínimos de qualidade no Brasil. Quando a ANATEL realizou a votação sobre o assunto, enviamos mais de 60.000 mensagens e conquistamos o direito dos padrões de qualidade para todos nós brasileiros! Agora, a indústria das telecoms está contra-atacando e quer cancelar as novas regras. A Oi diz que é impossível atingir esses novos padrões, mas especialistas no assunto já provaram o contrário. Não há motivo para nos afastarmos desses padrões outra vez!

A ANATEL precisa de nossa ajuda. Eles abriram o pedido da Oi, pois sabem que nós queremos que eles mantenham essa posição firme, mas eles precisam receber uma avalanche de mensagens para justificar sua posição contra a atitude da Oi.


Nossos direitos enquanto usuários de Internet estão em constante perigo, mas juntos podemos superar até as maiores ameaças. No ano passado, nosso poder popular impediu um ataque sobre os ditos "crimes digitais" no Congresso, abrindo caminho para um novo e impressionante Marco Civil da Internet. E, na semana passada, o mundo se uniu para impedir leis de censura da Internet nos EUA. Agora vamos nos unir mais uma vez e criar um clamor nacional para melhorar a qualidade de nosso acesso à rede e promover Internet para todos.

Com esperança e determinação
Equipe Avaaz



29/01/2012

vozes de minas: amaranto

Aos desavisados pode até parecer que das Minas Gerais só tem saído cantores como Victor e Leo, Paula Fernandes.... Nada contra o trabalho desses artistas, mesmo porque é preciso reconhecer que, tanto a dupla de Abre Campo quanto a cantora de Sete Lagoas, têm belas vozes. Só que deveriam ser melhor aproveitadas, com um repertório mais apropriado para uma terra da qual brotaram cantores e bandas como Milton Nascimento, João Bosco, Paulinho Pedra Azul, Beto Guedes, Zé Geraldo,  Lô Borges, 14 bis, O terço, Skank, Patu Fu, Ana Carolina, Chico Lobo e tantos outros.

Mas, enquanto ao menos a bela Paula não ousa voôs mais audaciosos e repertórios mais criativos e condizentes com sua origem, sua voz e sua presença de palco - libertando-se dessa engrenagem que transforma a música e o canto em performances repetitivas e  descartáveis - que outras vozes e presenças advindas das altivas e silenciosas montanhas de Minas sejam acolhidas, embora, claro, sem o mesmo e lucrativo estradalhaço, tal como o grupo Amaranto: 

apresentação do grupo no programa Senhor Brasil, em 29.12.2011

Abaixo, algumas imagens do Amaranto, durante o show Reciclagem, junto com a grupo Cálix - setembro de 2011, no Palácio das Artes, BH



24/01/2012

de chumbo eram somente dez soldados

de chumbo eram somente dez soldados
plantados entre a Pérsia e o sono fundo
e com certeza o espaço dessa mesa
era maior que o diâmetro do mundo

aconchego de montanhas matutinas
com degraus desenhados pelo vento
mas na lisa planície da alegria
corre o rio feroz do esquecimento

meninos e manhãs, densas lembranças
que o tempo contamina até o osso
fazendo da memória um balde cego
vazando no negrume de um poço

pouco a pouco vão sendo derrubados
as manhãs, os meninos e os soldados

antônio carlos secchin
todos os ventos, ed. nova fronteira, 2002

20/01/2012

a globo na mira do povo

Há quem pense que não se deveria sequer mencionar o BBB da Globo nas redes sociais, blogs e sites alternativos  e progressistas. Seria uma forma de evitar sua publicidade e sua legitimação, já que as críticas e recusas seriam insuficientes e inofensivas perante o poder da rede Globo, ou seja, não levariam a nada.
Essa espécie de bloqueio pode até ter sua razão de ser e sua eficácia. Mas ocorre que, neste ano, as coisas estão tomado um rumo diferente. Cada vez mais pessoas se indignam, se entediam e manifestam puro e simples desprezo para como 'programa ' da Rede Bobo. Parece que  a melhor tática  não é a de ignaorar, parece que a hora é de atacar, de fazer da Globo alvo de movimentos, sejam presenciais sejam virtuais.

E isto por dois motivos: 1) o caso mal explicado do estupro dentro 'programa' mostrando que os 'produtores' do 'programa'  vão ultrapassar cada vez mais os limites do respeito e da ética e 2) a discussão, que se arrasta há algum tempo, acerca de um projeto de lei que defina novas regras para a mídia em geral. Essas duas situações estão ajudando a alimentar a luta para despertar o povo contra os abusos, distorções e manipulações  da Rede Bobo, das demais emissoras de televisão, dos grandes jornais e revistas.  O protesto de hoje em São Paulo é um bom começo desta luta. Veja abaixo:

Protesto contra a Globo no caso BBB 
Sexta, dia 20, das 12h às 14h, em frente a Globo São Paulo 
Av. Dr. Chucri Zaidan, esquina da Av. Roberto Marinho

A Frentex – Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão, o FNDC – Fórum Nacional pela Democratização na Comunicação e a Rede Mulher e Mídia convidam todos para este ato pela:
1) Responsabilização da Globo por:
• Ocultação de um fato que pode constituir crime;
• Prejudicar a integridade da vítima e enviar para o país uma mensagem de permissividade diante de uma suspeita de estupro de vulnerável;
• Atrapalhar as investigações de um suposto crime;
• Ocultar da vítima as informações sobre os fatos que teriam se passado com ela quando estava apagada.

2) Os anunciantes do BBB – como OMO, Niely, Devassa, Guaraná Antarctica e FIAT – devem ser entendidos como co-responsáveis, e a sociedade deve cobrar que retirem seus anúncios do programa ou boicotá-los.

3) O Ministério das Comunicações deve colocar em discussão imediatamente propostas para um novo marco regulatório das comunicações, com mecanismos que contemplem órgãos reguladores democráticos capazes de atuar sobre essas e outras questões.
Leia aqui a nota do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) responsabilizando a Globo pelo ocorrido durante o BBB (transcrito do blog vi o mundo)

Leia também Pedro Bial no paredão.

17/01/2012

protestos em vitória: desdobramentos

Dois novos acontecimentos  acerca das manifestações do Movimento Contra o Aumento em Vitória. Um é a nota conjunta (publicada abaixo) da CJP e do CEDH, respectivamente, Comissão de Justiça e Paz , da Arquidiocese de Vitória,  e Conselho Estadual de Direitos Humanos. O outro é uma reunião ampliada do movimento, que vem sendo articulada por Maurício Abdalla, professor de Filosofia da UFES, e que acontecerá amanhã (veja aqui).  

Essa reunião tem como um de seus principais objetivos atrair mais pessoas e entidades, numa tentativa de desconstruir a falsa noção de que o movimento é uma iniciativa exclusiva e fechada do movimento estudantil. 
É fundamental que essa ampliação ocorra, pois, de fato,  o MCA não tem conseguido levar muitas pessoas para as ruas, além dos aguerridos estudantes, e nem tem conseguido mobilizar outras entidades para a discussão do transporte urbano - eu, particularmente, até me senti inibido em participar das mobilizações deste ano, pois no ano passado eu me senti como um estranho no ninho; para dizer a verdade acho que, na manifestação da UFES e em algumas assembléias,  de cabelos grisalhos somente havia eu e um sindicalista da categoria dos portuários.
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Na verdade, houve, em 2011, uma iniciativa semelhante, de agregar mais entidades e propostas ao movimento. Chegou-se à conclusão de que o movimento não deveria enfatizar excessivamente a questão do aumento das tarifas e do passe livre, mas tentar mostrar à população e às entidades  a importância de se  construir uma discussão democrática e transparente, acerca da complexa questão da mobilidade urbana, com tudo o que ela envolve: acesso aos lucros dos empresários, para se poder definir uma tarifa realista; maior número de ônibus, mas com melhoria na qualidade do transporte, de forma que aumente também o número de usuários e diminua o número de veículos pequenos, para que o mero aumento dos ônibus  não inviabilize ainda mais o trânsito na região metropolitana; criação de um Conselho de Transporte Urbano relamente democrático e representativo dos usuários, entre outras propostas apresentadas. 

Apesar dessa ampliação do movimento não se ter consolidado ainda em 2011, é de se crer que a inciativa deste ano vá caminhar neste sentido. 
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Mas o fundamental, o grande desafio,  será o de encontar realmente formas de dialogar com a população, de envolver as pessoas, de convencê-las de que está em jogo é muito mais que um mero aumento de  quinze centavos nas passagens, e muito mais que a punição a um ato isolado, tal como foi a queima do ônibus na semana passada (veja aqui).

O desafio será o de trazer as entidades, dos setores ainda combativos dos movimentos sociais, para a construção dessa consciência coletiva. E essa difícil construção e esse desafio estarão vencidos quando, um dia, os usuários dos ônibus (senão todos, ao menos uma grande parte deles) ao invés de reclamarem das mobilizações, por se sentirem prejudicadas no seu direito de ir e vir, desçam dos ônibus e se juntem, mesmo que temporariamente, às manifestações e reivindicações. 
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Aliás, talvez uma das formas de envolver e mobilizar entidades e usários, fosse exatamente construir uma proposta ao mesmo tempo mais radical e mais efetiva, mais prática, qual seja, a de reivindicar pura e simplesmente a estatização, a estadualização, a municiplização, ou seja lá o que for, do transporte público na Grande Vitória.
Ou seja, apresentar à população um projeto de lei com planilhas, números, cálculos, etc, que convençam o público de que é viavel politicamente, e economicamente vantajoso para a população, fazer com que o poder público assuma a prestação do serviço de transporte público.

E é uma proposta também estimulante para os movimentos sociais, já que se acenaria com a possibilidade de controle democrático  e popular de uma eventual estatização do serviço, com a fiscalização (de valores, orçamentos, planilhas, qualidade do serviço, desvios de conduta etc) sendo praticada pelas entidades, via Conselho de Transporte Público, ou outra instância a ser criada.
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Com relação à receptividade  - por parte  das entidades e do movimentos sociais - de uma convocação para se ampliar a luta popular em torno da transporte público, a Nota Pública da CJP/CEDH é um sinal de que essa mobilização ampliada na verdade, está endo aguardada pelo movimento social efetivamente combativo.
Registre-se que a CJP esteve presente (na pessoa de seu presidente e do editor deste blog)  na iniciativa - ocorrida em 2011 e mencionada acima - de se ampliar essa discussão  e mobilização. Registre-se, também, que depois de sua reativação há alguns anos, a CJP vem assumindo uma postura cada vez mais engajada e combativa - e cada vez mais benvinda - com a serenidade e a lucidez próprias de uma pastoral ligada à ala progressista e transformadora da igreja católica. 

protestos em vitória: nota pública CJP/CEDH

Nota Pública

O Conselho Estadual dos Direitos Humanos (CEDH) e a Comissão Justiça e Paz (CJP) da Arquidiocese de Vitória vêm por meio desta manifestar-se sobre os acontecimentos relacionados ao movimento contra o aumento da passagem urbana ocorrido na Região Metropolitana de Vitória:

- Condenamos a recusa de diálogo por ambos os lados e repudiamos qualquer forma de violência, e também o uso da força desproporcional da polícia para a repressão de manifestações sociais;

- Exigimos a apuração rigorosa da queima de ônibus para identificação e responsabilização dos verdadeiros autores, pois assim evitamos a criminalização generalizada dos movimentos sociais;

- Apelamos aos manifestantes para que não interditem totalmente as vias públicas, garantindo o direito de ir e vir da população;

- Propomos que os coordenadores do movimento dos últimos acontecimentos avaliem a metodologia e a organização das ações, com o objetivo de evitar possíveis constrangimentos.

Sabemos que, historicamente, essa pauta remonta ao ano de 2005 quando o movimento estudantil foi às ruas manifestar-se contra o aumento concedido pelo governo em vigor na época. Trata-se de uma reivindicação legítima e histórica que vem assumindo contornos e ações que tem provocado na sociedade uma série de reflexões e posicionamentos.

Sugerimos dois encaminhamentos: que o debate seja ampliado e aprofundado pela convocação da Conferência Estadual de Mobilidade Urbana; e que seja firmado um protocolo de intenções entre o Governo Estadual e os Movimentos Sociais que orientem as ações de ambos em relação às manifestações públicas.

Gilmar Ferreira de Oliveira
Presidente do Conselho Estadual dos Direitos Humanos

Luiz Antônio Dagiós
Presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória

Vitória, 16 de janeiro de 2012

15/01/2012

o pirulito da praça sete

Duas belas e radiantes imagens da tradicional Praça Sete, de Belo Horizonte. Na verdade, não é bem uma praça, no sentido convencional. É mais um monumento, construído bem na intercessão das não menos tradicionais avenidas Amazonas e Afonso Pena. O monumento acabou ganhando dos belorizontinos o nome de Pirulito da Praça Sete, e se tornou, tanto quanto as avenidas mencionadas, um dos muitos símbolos queridos da capital dos mineiros.
Nas fotos acima, de Flávio Souza Cruz, a simplicidade do obelisco é realçada pela quietude da hora e, ao mesmo tempo, essa discreta imponência é enriquecida pela magia das luzes que circundam a praça e e pelo colorido efeito provocado provavelmente por faróis.
transcritas do blog epifania 

13/01/2012

sobre protestos, polícias e políticos

Abaixo, trecho de um texto do jornalista Laerte Braga:
"Protestos estudantis contra o aumento das tarifas de transportes coletivos urbanos em Vitória no Espírito Santo e Teresina, no Piauí, são reprimidos com a costumeira “gentileza” das polícias militares. Aberrações em qualquer democracia que se pretenda como tal, instrumentos de defesa das elites e forças corruptas, o que se vê, diariamente, até na mídia de mercado. Borduna, gás de pimenta, gás lacrimogênio, o de sempre. O governador do Piauí nem sei quem é, nem é necessário saber seu nome para saber que é como a maioria. Coronel político posto em cargo público a serviço de bancos, grandes corporações e latifúndio. O do Espírito Santo, ao contrário, chamam de Renato Casagrande. É governador nominal. Paulo Hartung governa de fato. Casagrande leva tranqüilo o troféu banana do ano até então em mãos de Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas.

Não apita nem sobre seu almoço. Pelo contrário, atende a apitos de Hartung. Como não usa “tigre”, vive fazendo flexões. O Espírito Santo, por suas características, inclusive dimensões territoriais, resta sendo a síntese explícita das máfias políticas que atuam no Brasil. Executivo, Legislativo e Judiciário.

Um desses “meganhas”, transformado em estudante (deve ter sido um esforço sobre humano), nas velhas táticas das ditaduras, colocou fogo num ônibus em Vitória e transformou estudantes em baderneiros. Casagrande se refugiou na despensa enquanto Hartung comandava a operação. Comeu latas de salsichas enquanto aguardava as ordens para voltar a ser objeto de decoração visível ao público."

O texto em sua íntegra pode ser lido aqui

12/01/2012

pedra

Entrar dentro de uma pedra
Seria esse o meu caminho.
Deixar outrem tornar-se pombo
Ou rilhar com dentes de tigre.
Sou feliz por ser uma pedra.

Por fora, a pedra é um enigma:
Ninguém sabe como o desvendar.
Dentro, porém, deve ser fresca e silenciosa
Mesmo que uma vaca a calque com todo o seu volume,
Mesmo que uma criança a atire para um rio;
A pedra afunda-se, lenta, imperturbavelmente
Até ao fundo do leito
Onde os peixes vêm bater na pedra
E escutar.

Eu vi as faíscas voando
Quando duas pedras são friccionadas,
Talvez então não seja escuro, apesar de tudo, lá dentro;
Talvez exista uma lua brilhando
Desde algures, como se por trás de uma colina –
Apenas a luz suficiente para distinguir
Os estranhos escritos, as cartas astrais
Nas paredes de dentro.

charles simic - iugoslávia

sobre ruas e academias

"E a maioria dos "intelectuais" de nossa universidade hoje, que poderia ser voz ativa de denúncia e apoio aos movimentos, está preocupada com seu próprio umbigo, porque luta social não pode ser citada no Lattes e nem rende trocados."

Maurício Abdalla, professor da Filosofia na UFES, falando acerca da criminalização dos movimentos sociais, em geral,  e do Movimento Contra o Aumento, em particular,  no seu  facebook: http://www.facebook.com/mauricio.abdalla.
Leva a pensar num tempo, não tõ distante, em que artistas, acdêmicos e intelectuais se ocupavam de algo mais do fazer e viver a arte, posar em jornais e palestras ou  sair à caça de conhecimentos e títulos de suposta sapiência.

Sobre as ações de amanhã, do Movimento Contra o Aumento, acompanhe em : https://www.facebook.com/events/272458766149529/

11/01/2012

e vitória parou de novo...

momento em que os estudantes fogem da ação do BME. ao tentarem  se refugiar nas
imediaçãoes do Palácio Anchieta,  foram impedidos por policiais,
 postados nas escadarias que conduzem ao Palácio.  
logo depois houve  a queima do ônibus, cuja autoria é negada pelos
manifestantes.
Leia mais sobre o protesto aqui:
 http://www.seculodiario.com/exibir_not.asp?id=37302


Atualização
Ainda sobre o incêndio do ônibus, há no facebook o vídeo e o comentário abaixos:



imagens do ônibus que foi incendiado no meio do #protestovix de hoje. Ao que tudo indica, ele foi provocado por uma pessoa aleatória não identificada como parte do protesto. Há suspeitas de que o sujeito seja um policial infiltrado, também conhecido como P2. BIZARRO (http://www.facebook.com/kaue.scarim)


rufam os tambores de guerra - 2

Para quem ainda acha que as as suspeitas de terrorismo, por parte dos EUA e de Israel contra o povo iraniano, são  apenas paranóia ou antiamericanismo inconsequente, acompanhe com atenção a série de mortes, por acidentes pou atentados, de vários cientistas iranianos:


*queda de avião norte-americano não tripulado no Irã, semana passada, reforça indícios de que a guerra dos EUA e aliados contra o país já começou**outros sinais listados pelo jornal El Pais: explosão de unidade da guarda iraniana em novembro, causando a morte do general Moqaddam, principal impulsionador do programa nuclear iraniano** explosão de planta de conversão de urânio na semana passada, em Isfahán**assassinado do físico nuclear Dariouh Rezaie, em julho** assassinado do cientista Majid Shariari e atentado contra o físico Fereydoon Abbasi, em dezembro de 2010** Carta Maior, 08/12/2011

09/01/2012

vitória vai parar de novo?

Marcada para depois de amanhã, quarta-feira, uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus. A concentração ocorrerá em Vitória, em frente ao Palácio Anchieta, das 06:00 às 09:00 h da manhã.
A mobilizaçãpo ocorre exatos 06 meses após as históricas manifestaçãoes de junho do ano passado, quando, após violenta repressão policial (inclusive com invasão do território da UFES)  milhares de estudantes, professores e trabalhadores saíram as ruas de Vitória nos dias que se seguiram. Sobre as manifestações do ano passado veja mais aqui, aqui e em outros textos de junho de 2011, na Seção Arquivos.

Com relação à mobilização deste início de 2012, leia matéria do Século Diário: http://seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=37152

E acompanhe em tempo real pelo Facebook: http://www.facebook.com/events/355422837817006/

pedro bial no paredão

Parece que amanhã é o dia de começar mais um Big Brother Brasil.
Mesmo que você se recuse terminantemente a perder tempo com a presunçosa e grotesca  baboseira do BBB, da Rede Globo, não há como fugir, ou melhor, como deixar de tomar conhecimento de sua existência. De um jeito ou de outro, as pesosas vão comentar, no trabalho, nas ruas, no ônibus, em encontros sociais quaisquer. Seja para criticar, para se indignar, seja apenas para trocar sérias 'opiniões' sobre a 'performance' dos participantes.
Quanto a estes, não vale a pena cricificá-los. Apenas produtos de um mecanismo massacrante, que elimina, com uma eficiência cada vez mais assustadora, qualquer possibilidade de as pessooas se voltarem para algo mais profundo, na construção de uma identidade e de uma plenitude próprias; ao invés disso, algema-as num cotidiano competitivo, assustado e sufocante, ao mesmo tempo em que as seduz para uma grotesca e anestesiada existência de plástico.
Portanto, mais apropriado dirigir algumas palavras aos seus mentores, na pessoa do supostamente carismático apresentador do 'programa'. As palavras são duras, mas, no mínimo, necessárias. Mereciam ser espalhadas pela internet. Talvez até chegassem aos seus destinatários. Não que isso fosse mudar alguma coisa. Afinal, as pessoas que estão à frente do 'espetáculo' sabem muito bem o que estão fazendo. Ganham muito dinheiro com as tais ligações dos entusiasmados telespectadores - parece que há uma estimulante comissão para o apresentador e outros membros da equipe. Parece também que o citado apresentador é dono de uma firma que gerencia o marketing do programa.

Então, as palavras abaixo não irão mudar em nada os seus projetos e valores, afinal, para eles há valore$ muito mais importantes em jogo, no jogo.  De qualquer forma, a Carta abaixo ao menos serve para explicitar uma certa resistência e mostrar que nem todos são embasbacados telespectadores do tal 'programa'. Que nem todos seguem como deslumbrados e apáticos cordeiros para o matadouro, ou melhor, para o paredão construído pelos mecanismos e dominação. Para mostrar que muitos ainda acreditam, e trabalham, para mandar o programa, a sua equipe e o mecanismo de dominação para o paredão da história.        

*******************   

CARTA PARA O PEDRO BIAL
Sr. Pedro Bial:
Imagino que minhas palavras jamais chegarão ao seu conhecimento. Mas pouco importa. Escrevo por indignação e não por reconhecimento. Escrevo por ter minha humanidade subestimada pela mediocridade, pela falta total de valores e princípios. Escrevo por entender o quanto sua presença na tela da TV é irrelevante e inoportuna.

O senhor não imagina ou não faz idéia do quanto ridícula é sua figura tentando convencer a audiência, da importância que o BBB representa para a vida de todos nós. Na verdade é mais um formato (reality show) que foi comprado e colocado goela abaixo em nosso povo. E o pior: o senhor é quem dá o último toque.

É claro que o senhor nada mais é do que um empregado da emissora, fazendo o que lhe é mandado. Mas isto não lhe exime, tamanho o seu requinte ante às câmeras. O senhor é deprimente. Repugnante.

Fico pensando em seus anos gastos em escolas, universidades, para depois tornar-se um bufão. Tem gente que lhe considera um poeta. E eu pergunto: Como? Quem disse? Quem se animaria a ser poeta, onde não há poesia? Que poeta é este que mata a flor e nos condena à mesmice? Creio que bufão lhe cabe melhor.

Sr. Pedro Bial, o senhor conduz um programa que em nada difere das rinhas de galos, cachorros, entre outras espalhadas pelos fundões deste país. O senhor conduz algo mais sórdido: rinha de gente. È empobrecedor, senhor Bial, para que no final o ganhador saia com uma soma em dinheiro. E diga-se de passagem, não se compara ao montante arrecadado em patrocínios e ligações telefônicas durante três meses de duração do programa.

O senhor não contribui em nada com a sua gente. O senhor entorpece mentes e mente entorpecendo a realidade.Por fim, gostaria ainda de dizer-lhe, que acredito na mudança deste país, acredito em novos valores, acredito que o mundo possa mudar, que possamos almejar algo bem melhor que corpos sarados no horário nobre. O senhor não estará lá, com certeza.

Como o senhor gosta muito de mandar gente para o “paredão”, entendo esta palavra e o ato em si como algo determinante e decisivo. Eu gostaria de mandá-lo para o “paredão”, no dia do triunfo final, no dia em que o povo ganhar as praças e as ruas, tomar os palácios e assumir as fábricas, ocupar a terra e produzir o pão. Com certeza, Sr. Pedro Bial, o senhor fará parte da primeira leva, a que irá sumariamente para o “paredão”. Para que assim tenhamos um mundo melhor.

Pedro Munhoz, http://www.pedromunhoz.mus.br/mural.html#txt003


CASO CONCORDE COM A CARTA E O COMENTÁRIO ACIMA DIVULGUE EM EMAILS, BLOGS, REDES SOCIAIS

PODE PARECER POUCO, MAS É ESTA A GUERRILHA QUE TEMOS, É ESTA A  GUERRILHA QUE PODERÁ AJUDAR A DERROTAR A ENGRENAGEM

08/01/2012

o cavalo

teus poros exalam o fumo
do lar dos deuses de onde vieste.
rompante de espuma e de lume
és sol quadrúpede ou mar equestre?

desfilando derramas o ouro
do teu rio inacabável,
desmedido relâmpago louro
de um deus equídeo possante e frágil.

tudo existiu para que fosses
no contraluz desta madrugada
mitológica proporção perfeita
em purpúrea bruma recortada.

pois que te é divino mister
humanos olhos extasiar
a dúvida é só perceber
se vieste do sol ou do mar.

natália correia - portugal
(Poesia Completa,
Inéditos 1985/90, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999)

democracia de circo

Jader Barbalho e o filho, Daniel (Sergio Lima/Folhapress)
momento da posse do senador Jader Barbalho, depois de liberado pelo STF,
que entendeu que a Lei da Ficha Limpa não valeu para a
última eleição. foto: folha online

Possivelmente, a expresão de divertido deboche do garoto (filho ou neto de Jader Barbalho) seja apenas uma brincadeira própria da infância, com  a sua típica e saudável trangressão de regras e protocolos. Mas a verdade é que fica uma impressão de atitude bem adulta: como se tudo fosse uma abusada, arrogante e premeditada ação de desagravo em favor do senador Barbalho, acusado de tantos e tantos 'malfeitos', para dizer o mínimo (veja aqui).

Bem, se houve ou não maldade e maturidade precoce por parte do garoto, o fato é que a imagem reflete bem o estágio de obsolescência, hipocrisia  e ineficiência ao qual chegou a  a tal de democracia representativa  e burguesa.  

05/01/2012

a esquerda mundial após 2011

por Immanuel Wallerstein
publicado originalmente em português no site Outras Palavras.

Por qualquer ângulo, 2011 foi um bom ano para a esquerda mundial – seja qual for a abrangência da definição de cada um sobre ela. A razão fundamental foi a condição econômica negativa, que atinge a maior parte do mundo. O desemprego, que era alto, cresceu ainda mais. A maioria dos governos enfrentou grandes dívidas e receita reduzida. A resposta deles foi tentar impor medidas de austeridade contra suas populações, ao mesmo tempo em que tentavam proteger os bancos.

O resultado disso foi uma revolta global daquilo que o movimento Occuppy Wall Street chama de “os 99%”. Os alvos eram a excessiva polarização da riqueza, os governos corruptos e a natureza essencialmente antidemocrática desses governos – tenham eles sistemas multipartidários ou não.

O Occuppy Wall Street, a Primavera Árabe e os Indignados não alcançaram tudo o que esperavam. Mas conseguiram alterar o discurso mundial, levando-o para longe dos mantras ideológicos do neoliberalismo – para temas como desigualdade, injustiça e descolonização. Pela primeira vez pessoas comuns passaram a discutir a natureza do sistema no qual vivem. Já não o veem como natural ou inevitável…
A questão para a esquerda mundial, agora, é como avançar e converter o sucesso do discurso inicial em transformação política. O problema pode ser exposto de maneira muito simples. Ainda que exista, em termos econômicos, um abismo claro e crescente entre um grupo muito pequeno (o 1%) e outro muito grande (os 99%), a divisão política não segue o mesmo padrão. Em todo o mundo, as forças de centro-direita ainda comandam aproximadamente metade da população mundial, ou pelo menos daqueles que são politicamente ativos de alguma forma.

Portanto, para transformar o mundo, a esquerda mundial precisará de um grau de unidade política que ainda não tem. Há profundos desacordos tanto sobre a objetivos de longo prazo quanto sobre táticas a curto prazo. Não é que esses problemas não estejam sendo debatidos. Ao contrário, são discutidos acaloradamente, e pouco progresso tem sido feito para superar essas divisões.

Essas discordâncias são antigas. Isso não as torna fáceis de resolver. Existem duas grandes divisões. A primeira é em relação a eleições. Não existem duas, mas três posições a respeito. Existe um grupo que suspeita profundamente de eleições, argumentando que participar delas não é apenas politicamente ineficaz, mas reforça a legitimidade do sistema mundial existente.
Os outros acham que é crucial participar de processos eleitorais. Mas esse grupo está dividido em dois. Por um lado, existem aqueles que afirmam ser pragmáticos. Eles querem trabalhar de dentro – dentro dos maiores partidos de centro-esquerda quando existe um sistema multipartidário funcional, ou dentro do partido único quando a alternância parlamentar não é permitida.

E existem, é claro, os que condenam essa política de escolher o mal menor. Eles insistem que não existe diferença significativa entre os principais partidos e são a favor de votar em algum que esteja “genuinamente” na esquerda.
Todos estamos familiarizados com esse debate e já ouvimos os argumentos várias vezes. No entanto, está claro, pelo menos para mim, que, se não houver algum acordo entre esses três grupos em relação às táticas eleitorais, a esquerda mundial não tem muita chance de prevalecer a curto ou a longo prazo.

Acredito que exista uma forma de reconciliação. Ela consiste em fazer uma distinção entre as táticas de curto prazo e as estratégias a longo prazo. Concordo totalmente com aqueles que argumentam que obter poder estatal é irrelevante para as transformações de longo prazo do sistema mundial – e possivelmente as prejudica. Como uma estratégia de transformação, foi tentada diversas vezes e falhou.
Isso não significa que participar nas eleições seja uma perda de tempo. É preciso considerar que uma grande parte dos 99% está sofrendo no curto prazo. Esse sofrimento é sua preocupação principal. Tentam sobreviver e ajudar suas famílias e amigos a sobreviver. Se pensarmos nos governos não como agente potencial de transformação social, mas como estruturas que podem afetar o sofrimento a curto prazo, por meio de decisões políticas imediatas, então a esquerda mundial se verá obrigada a fazer o que puder para conquistar medidas capazes de minimizar a dor.
Agir para minimizar a dor exige participação eleitoral. E o debate entre os que propõem o menor mal e os que propõem apoiar partidos genuinamente de esquerda? Isso torna-se uma decisão de tática local, que varia enormemente de acordo com vários fatores: o tamanho do país, estrutura política formal, demografia, posição geopolítica, história política. Não há uma resposta padrão. E a resposta para 2012 também não irá necessariamente servir para 2014 ou 2016. Não é, pelo menos para mim, um debate de princípios. Diz respeito, muito mais, à situação tática de cada país.
O segundo debate fundamental presente na esquerda é entre o desenvolvimentismo e o que pode ser chamado de prioridade na mudança da civilização. Podemos observar esse debate em muitas partes do mundo. Ele está presente na América Latina, nos debates fervorosos entre os governos de esquerda e os movimentos indígenas – por exemplo na Bolívia, no Equador, na Venezuela. Também pode ser acompanhado na América do Norte e na Europa, nos debates entre ambientalistas/verdes e os sindicatos, que priorizam manutenção dos empregos já existentes e a expansão da oferta de emprego.

De um lado, a opção desenvolvimentista, apoiada por governos de esquerda ou por sindicatos, sustenta que, sem crescimento econômico, não é possível enfrentar as desigualdades econômicas do mundo de hoje – tanto as que existem dentro de cada país quanto as internacionais. Esse grupo acusa o oponente de apoiar, pelo menos objetivamente e talvez subjetivamente, os interesses das forças de direita.

Os que apoiam a opção antidesenvolvimentista dizem que o foco em crescimento econômico está errado em dois aspectos. É uma política que leva adiante as piores características do sistema capitalista. E é uma política que causa danos irreparáveis – sociais e ambientais.

Essa divisão parece ainda mais apaixonada, se é que é possível, do que a divergência sobre a participação eleitoral. A única forma de resolver isso é com compromissos, diferentes em cada caso. Para fazer com que isso seja possível, cada grupo precisa acreditar na boa fé e nas credenciais de esquerda do outro. Isso não será fácil.
Essas diferenças poderão ser superadas nos próximos cinco ou dez anos? Não tenho certeza. Mas se não forem, não acredito que a esquerda mundial possa ganhar, nos próximos 20 ou 40 anos, a batalha fundamental. Nela definir-se-á que tipo de sistema sucederá o capitalismo, quando este sistema entrar definitivamente em colapso.