05/03/2012

femen: força e feminilidade de verdade

já são bastante conhecidas as performances descontraídas, mas incisivas, das mulheres do grupo ativista femen, da ucrânia. desta feita, o protesto foi contra o fútil e opressivo mundo da moda, e aconteceu num das cidades que é um símbolo desse universo - milão, na itália   
muito interessante o contraponto: o depojamento (literal) das ousadas e corajosas garotas,
confrontando todo o aparato que veste e submete as modelos, sejam famosas ou anônimas.
as garotas do femen acertaram em cheio ao ligar o mundo da moda ao fascismo. o fascimo tipicamente capitalista: uma indústria e um comportamento que impõem a mulheres e homens necessidades, carências e posturas, sem as quais todos viveriam muito bem. tudo se torna mercadoria, até a feminilidade das mulheres é usada para vender essas falsas carências.
com certeza que uma ou outro modelo, vendo essas imagens, pode até ficar deprimida, se conseguir captar a imensa diferença de seu projeto de vida e de seu sentido existencial, em relação a essa tarefa corajosa e libertária  assumida pelas militantes.

a diferença de projetos e de sentido:  as modelos fabricadas pela fascista indústria da moda inventam glamourosos personagens para a platéia e para si próprias, talvez acreditando realmente na profundiade desses patéticos  papéis, com aqueles olhares distantes e perdidos no horizonte a nos sugerir mulheres intangíveis, misteriosas, profundas   (que na verdade quase nos enganam).
ao passo que as mulheres do femen simplesmente se expõem numa nudez não apenas física, sensual ou erótica. mas com uma fragilidade e uma vulnerabilidade que comovem, e que realizam uma dupla contestação: além de protestar contra o tema do momento, a sua própria forma de protesto é também uma contestação à repressão que existe em torno da questão do corpo, da sexualidade e da fruição erótica por aprte de homens e mulheres.

o despojamento do femen  faz cair por terra todo esse aparato da moda do mundo 'fashion', que alimenta essa repressão  e essa manipulação de corpos e desejos - e também se alimenta delas.
mas, ccomo não poderia deixar de ser, uma rsessalva: por que o grupo femen recruta somente mulheres belas, envolventes atraentes, que mais parecem modelos, as mesmas modelos criticadas por elas no desfile de milão e aqui nesta postagem? porque não recrutam também mulheres com aparência menos vistosa e deslumbrante (vistosas e deslumbrantes do ponto de vista de nossa cultura ocidental, claro) mulheres comuns, que formam de fato a maioria da humanidade?

Tornando-se seletivas em relação à aparência estão jogando o jogo do sistema, o jogo do marketing, ou seja, estão aassumindo que para seus protestos terem de fato sucesso, audiência ou eficiência, é preciso que tenham  que oferecer sempre atratividade  física, ou seja, nesse aspecto utilizam a mesma tática da fascista indústria da moda. ou será que na ucrânia só tem mulheres assim, com esse biotipo? então recrutem em outros países, afinal, um pouco de diversidade só faria o femen ganhar.

****************************************************************

por uma dessas gratas coincidências da vida, no mesmo dia em que terminei de redigir essa postagem, tomei conhecimento das deliciosas fotos abaixo, também do grupo Femen. 
Trata-se de uma coletiva para a imprensa, realizada em Viena, Áustria, com   presença das militantes Alexandra e Inna Shevchenko.Durante a coletiva as militantes mostraram como se preparam  para os seus protestos. Registre-se a candura e a naturalidade com que as ucranianas encaram a sua tarefa.

Mais uma vez: como é diferente e mais envolvente essa simplicidade e esse depojamento das militantes do Femen, em relação ao aparato midiático e à produção estética e comportamental, montados em volta dos desfiles das modelos e celebridades.

Mais uma vez: as modelos e celebridades deveriam ficar um pouco deprimidas se conseguirem entender a distância que as separam das garotas do Femen.  




todas as imagens desta postagem extraídas de folha online

Nenhum comentário:

Postar um comentário