21/05/2012

a vaca

A vaca rumina o seu alimento no estábulo cheio de forragem
Eu encosto a cara ao seu flanco enorme
E sinto, vindo do interior das suas profundezas, o calor
O calor do feno colhido nos campos.
Sobre os seus cornos escuros está suspensa uma lâmpada eléctrica
Que traz luz até ao balde do leite.
Não posso abandonar a vaca.
Com a cara encostada ao seu flanco, cheiro o leite coberto de espuma.
A leiteira retira o balde com cuidado
E pára por um instante, com as mãos a pingar.

Diz:
"Você é veterinário?"
Descolo a cara da vaca:
"Não, poeta."
Ela ri-se e estuda-me com os olhos azuis
Simpática, sábia, serena.

Reflecte um pouco e compreende
Que eu não consigo escrever uma linha sem uma vaca...

dritëro agolli - albânia (1931 - )

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