08/10/2013

revolução com poesia e ousadia

  • acerca das ações dos black blocs em 07.10.2013
  • e contra o abusivo enquadramento de luana bernardo e humberto caporalli na lei de segurança nacional 

Para além da preocupação, de grande parte da esquerda, em decidir se o movimento black bloc contribui para um avanço mais contundente das lutas populares, ou se colabora, de maneira irresponsável e inócua,  para a criminalização dessas mesma lutas, o fato é que esses aguerridos militantes (melhor seria dizer aguerridos combatentes) têm proporcionado ações e momentos verdadeiramente espetaculares, em seus enfrentamentos cada vez mais ousados e raivosos contra as repressoras forças da obsoleta e irracional ordem estabelecida, e em seus ataques, também cada vez mais raivosos e ousados, contra alguns dos símbolos e centros de comando dessa mesma ordem: bancos, concessionárias, sedes de legislativos e judiciários submissos, hipócritas e ineptos, redes mundiais da detestável e insonsa comida fast-food, shoppings e por aí afora. 



veja-se esse jovem como que dançando sobre os fogos de uma revolução
que, por mais inviável que pareça, teima em se anunciar, insiste em se instalar
na sala de estar do cotidiano acomodado numa falsa paz
 

mais fogos e mais luzes  a anunciar o advento da teimosa revolução?
 


não falta nem mesmo música para celebrar esses, queiram ou não,
poéticos enfrentamentos. viva a ousadia e a criatividade; o sonho - plantado
pelos vanguardistas da contracultura nas décadas 60 e 70 - agradece  


e aí  as futuras gerações comunicando ao mundo - com ou sem máscaras,
com ou sem manuais, teses e partidos-  que, para tristeza e indignação
dos acomodados,  a luta não vai parar por aqui,
que a revolução vai continuar na sua
teimosia, hoje, amanhã, em 2014, 2015, 2020, 2030...
 

mesmo sabendo da repressão, da punição e da violência, às quais estão sujeitos,
esses soldados parece que não estarão dispostos a recuar. mesmo sabedores de
que o pesado braço da punição começa a baixar sobre eles, tal como aconteceu com o abusivo enquadramento na lei de segurança nacional, dos jovens luana bernardo e humberto caporalli  
 

afinal, esses combatentes parecem saber muito bem quais os
poderes que estão enfrentando

07/09/2013

repressão aos black blocs... só a eles?

Criativa e contundente essa paródia do famoso poema de Maiakovski - extraída do face do black bloc es 

"Primeiro levaram os Black Blocs, Mas não me importei com isso.
Eu não era Black Bloc.

Em seguida levaram alguns Anonymous, Mas não me importei com isso
Eu também não me intitulava como Anonymous.

Depois prenderam os militantes de grupos sociais,
Mas não me importei com isso porque não me associei a ninguém.

Depois agarraram manifestantes comuns, Mas como não saí as ruas também não me importei.

Agora estão me levando, Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém,
Ninguém se importa comigo."

06/09/2013

o grito e as ruas, pedreiros e pedradas



Leia também um grito cada vez mais vivo 

1 - Alguns registros acerca das afinidades e distinções entre o Grito dos Excluídos e as manifestações que explodiram país afora, agora  em junho, e que talvez voltem a dar o vibrante ar de sua graça exatamente agora no 07 de setembro, dia reservado, há já 19 anos,  à solitária resistência do Grito dos Excluídos.
2  - Sabe-se que a luta popular nunca esteve adormecida neste país, em que pese o imobilismo da maioria dos movimentos populares, imobilismo que ( para além do mero e cretino oportunismo de lideranças populares e sindicais)  certamente foi  entendido como necessário para dar sustentação aos obviamente benvindos governos progressistas do PT, contra as forças descaradamente desestabilizadoras da direitona  arrogante, que tudo fizeram e tudo farão para retroceder ao estágio anterior aos avanços, embora moderados, do PT.
3 - Um dos mais incontestáveis exemplos de que essa luta nunca esteve adormecida foram exatamente as manifestações anuais e solitárias do Grito dos Excluídos no 07 de setembro,
4 -  É preciso  que manifestantes e lideranças das vibrantes Jornadas de Junho não se esqueçam dessa  "vígilia" da resistência por parte do Grito  e de muitas outras de lutas populares: Levante Popular da Juventude, Consulta Popular, Assembleia Popular, Rede Alerta Contra o Deserto Verde e tantas outras formas de resistência, que nunca estiveram "dormindo'. 
5 -  Na verdade, pelo grau de lucidez  e combatividade das manifestações de Junho não parece que esse tipo de preocupação seja relevante, não parece haver essa falsa "disputa' pelo protagonismo ou pela hegemonia com relação ao movimento popular, o que há são formas diferentes de efetivar essa resistência e essa luta popular. Mas, de qualquer forma, é importante ter esse histórico em mente. 
6 -  Assim como é importante que as Jornadas de Junho se espelhem um pouco nessa iniciativa do Grito dos Excluídos, quando leva suas propostas exatamente para os bairros populares, onde se pode amplificar ou fortalecer a resistência popular.
7 - Óbvio que, nesse momento, a prioridade ou a tática das Jornadas de Junho têm que ser exatamente ações nos centros mais movimentados das cidades.   
8 - Não apenas para acumular a mesma visibilidade conquistada pelo Grito, mas exatamente em função daquilo que pode ser a sua maior contribuição dessas novas formas de resistência: um projeto (utópico e dispersivo apenas na aparência), de transformação das estruturas capitalistas em nível global, planetário: parar  a produção, colapsar o capitalsimo, fazer o enfrentamento direto com a engrenagem cotidiana que sustenta essas estruturas sociais, econômicas, culturais e e ideológicas.
9 - Ocorre que, parar deixar cair no desgaste e na descrença toda  a sua estupenda criatividade, ousadia e combatividade, essa nova, surpreendente e necessária geração de manifestantes e combatentes vai precisar se aproximar de uma cenários menos utópicos, ousados e criativos, constituídos por individulidades quase inertes e quase sufocadas por aquela mesma  engrenagem cotidiana.  Essa nova geração vai precisar ampliar o seu exército, atrair combatentes, engajar jovens e adultos e crianças, para poderem continuar ocupando massivamente ruas e praças. 

10 - Afinal sabe-se que grande parte daqueles mobilizados em junho não têm o mesmo compromisso com a luta constante, regular e combativa, pelo fato de serem setores despersonalizados de classe média, sem posicionamento claro na de luta de classes, essa nova geração vai precisar dialogar mais com os cenários de periferia.  

11-  Obviamente que grande parte dos autênticos mobilizados de junho vêm das periferias, ou seja, conhecem e atuam lá onde são mais urgentes (e promissores) a resistência e o enfrentamento. Ainda assim, chegará um momento em que as ações dos combatentes de junho terão que ser menos espetaculares e menos imediatas, e mais voltadas  para um trabalho de engajamento e de formação.          

12 - É nesse sentido a afirmação acima (06): de que é importante que os combatentes de junho se espelhem um pouco nas ações ações das pastorais católicas efetivamente militantes,  que ajudam a manter manter vivo o Grito dos Excluídos.

13 - Claro que não se trata de ter como referência apenas essas pastorais, ou as alas progressistas da Igreja Católica, afinal são inúmeras as entidades que constroem o o Grito dos Excluídos. A menção aqui vai um pouco em função da oportunidade, do fato de estarmos na época do Grito.

14 - Mas a referência também vai muito em função do histórico dessas alas progressistas, das pastorais militantes e das CEBS. Todos sabemos do papel fundamental - exercido por essas entidades, movimentos e pessoas da Igreja progressista - na construção da resistência e da luta popular no Brasil , inclusive, como é bastante sabido, na construção do outrora revolucionário Partido dos Trabalhadores.

15- Mas não apenas para reverenciar essa história de luta, mas também para vislumbrar o futuro. Pois não dá para falar em futuro da luta popular no Brasil sem passar pela atuação da Igreja Progressista. De um jeito ou de outro, limitados ou não, amordaçados ou não,  essas entidades, movimentos e pessoas  estão presentes na luta popular, e certamente estarão quando chegar a hora de fazer um (cada vez mais necessário) enfrentamento final com as obsoletas e desumanas, estúpidas e descontroladas estruturas econômicas e sociais da atualidade.

16 - Pois estamos apenas no começo desse enfrentamento. Muitas marchas e muitas ocupações, muita barbárie e muitos gritos de guerra e de dor ainda se farão ouvir, até que possamos começar a desmontar essas estruturas. Pois elas não cairão sozinhas, não cairão de podre.

17 -  Falar em derrubar ou superar o capitalismo decadente não significa derrubar um castelo de areia, pelo contrário é um castelo ainda solidamente plantado, embora já esteja vencido há muito o seu prazo de validade como estrutura revolucionária e necessária à jornada da humanidade.

17 - Provavelmente esse impassível castelo de pedras só cairá quando, além de levarmos para as ruas o enfrentamento e o colapso, tivermos construído outras estruturas em seu lugar, edifícios sociais e políticos verdadeiramente humanos, verdadeiramente construídos por e para nós, com a lucidez e o cuidado, a generosidade e a paciência que um mundo assim exigir de nós. 

18 -  Mas terão que ser de fato estruturas concretas, viáveis, aceitáveis por todos, terá que ser um edifício social que de fato a traia e estimule todos a participarem dia a dia, dia e noite, de sua construção.

19 - Portanto, há espaço e necessidade  para aqueles que devem enfrentar, colapsar e apedrejar as estruturas arcaicas e desumanas, como também há necessidade daqueles que estão a indagar alternativas, ou que simplesmente já estão colocando em prática do essas  alternativas, mesmo que de forma moderada ou aparentemente contraditória, como nos governos progressistas da América Latina, Brasil incluso.  

20 - Pois as pedras do castelo destruído não poderão ser descartadas na construção do novo edifício. A expressão "não deixar pedra sobre pedra" - que certamente deve ser uma das preferidas dos autênticos movimentos de rebeldia e resistência, como os de junho no Brasil - só deve ser aplicada na destruição do castelo, não na construção coletiva do novo edifício. 

21 - Aí, sim, com a elaboração coletiva eficaz e sedutora de um novo edifício para a humanidade, aí talvez o castelo de pedras vá se revelar um castelo de areia, um gigante, ou melhor, uma besta fera  dos pés de barro. E par isso é que é necessária a comunhão da nova, criativa e ousada resistência com a paciente, lúcida e perseverante resistência histórica, da qual o Grito dos Excluídos é um entre muitos e dignos momentos.

28/08/2013

um grito (cada vez mais) vivo



leia também: o grito e as ruas

Já no seu 19° ano, o Grito dos Excluídos das pastorais da Arquidiocese de Vitória, neste ano, vai ocorrer novamente num bairro de periferia (parece que já pela terceira vez)  e não mais nas proximidades dos desfiles oficiais de 07 de setembro, nem em  avenidas e praças de bairros mais bem estruturados da região metropolitana.

Dessa vez é na cidade de Serra, nas comunidades de Vila Nova de Colares e de Feu Rosa.
Posso dizer que contribuí modestamente para essa iniciativa, pois defendi insistentemente a sua importância e pertinência, durante minhas últimas participações nas reuniões de articulação do Grito - não tenho podido participar nos últimos três anos.

Sempre acreditei que força e a persistência do Grito deveriam ser mostradas lá na periferia, lá onde estão os excluídos de quase tudo, na cada vez mais estúpida, irracional e perversa ordem capitalista. Para mim, era um verdadeiro desperdício de energias e esperanças fazer com que o Grito ficasse, repetidamente, a disputar atenção com a sempiterna e sempre sedutora patriotada dos desfiles militares e escolares.

Claro que foram válidas ( ainda o serão, vez por outra) as ações do Grito nas proximidades dos desfiles, afinal é ali que se concentram milhares de pessoas, de variados estratos sociais, mas certamente com predominância das camadas populares. E, nesse caso, é o lugar adequado para dar visibilidade jornalística ao Grito dos Excluídos e para apresentar as suas propostas a essas camadas populares.
Mas, consolidada essa fase de afirmação na mídia e de inserção popular, corre-se o risco de não se avançar, afinal, na algazarra e no entorpecimento emotivo próprios do desfile cívico-militar (que, no fundo, no fundo, mexe com todos nós, remete à festa e à inocência da infância), são limitadas as possibilidades de um maior envolvimento, convocação e engajamento das camadas populares num Projeto Popular para o Brasil, que é o que deve ser afinal o objetivo maior do Grito dos Excluídos.















  
Com a realização do Grito em bairros populares (São Pedro, em Vitória, e agora Feu Rosa e Vila Nova, na Serra) o Grito está no lugar certo, próximo das pessoas certas, pessoas a quem ele efetivamente busca despertar, sacudir de sua imobilidade, entorpecimento e desesperança, pessoas que de fato poderão provocar enfrentamentos e rupturas com as estúpidas e obsoletas estruturas sociais atualmente vigentes.


Ao passo que, próximo aos desfiles, para a maior parte das pessoas o Grito dos Excluídos, embora cause certo desconforto, não passa de um 'desfile' a mais; e para uma outra parte provoca no máximo admiração e respeito, mas não passando de um protesto a mais, que não vai levar a lugar nenhum, a mudança nenhuma. Resta um contingente mínimo, que pode ou não ser sacudido de sua apatia, ou que pode ter reforçada a sua resistência e a sua crença na luta popular.
Como também sempre há o risco de o Grito ser abafado, ter a sua força amortecida pela postura oportunista dos governantes e autoridades de plantão, que, espertamente, passaram a divulgar e ‘apoiar’ os manifestantes do Grito, de cima de seus presunçosos e enganosos palanques, fazendo parecer aos desinformados que aquela seria apenas mais uma manifestação oficial, permitida e “benvinda’ pelas “autoridades” e governantes.

03/07/2013

rumo à superação do medo, da barbárie e da estupidez

Em mais um dia histórico, em mais um grandioso ato de rebelião e ação política, cerca de 100 manifestantes ocupam neste momento (manhã de 03/07/2103) ocupam o gabinete da Presidência da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, como forma de pressão popular  pelo fim da cobrança do pedágio da Terceira Ponte (Vitória – Vila Velha).

É mais uma ousada ação de um movimento que na verdade se iniciou em junho de 2011 (na verdade antes, mas não há espaço aqui para minúcias históricas – consulte MPL nos googles da vida) com as lutas estudantis contra os abusos e precariedades dos gerenciadores do transporte público da Grande vitória.
Mas é também mais um passo ousado e vitorioso rumo à lenta, incerta, complexa mas cada vez mais inadiável construção de uma movimentação planetária. Pois este nosso movimento é parte de um movimento mais amplo, é capítulo de uma história maior e muito mais grandiosa.

A Rebelião de Junho no Brasil vem se somar à Rebelião no Ocidente, que, nesta década, teve seu início mais marcante, ou mais visível, com as ousadas e pioneiras lutas do povo grego em 2008. Depois a Rebelião foi se espalhando: mundo árabe, Espanha, Portugal, França, Estados Unidos e alimentando, ou inspirando,  a criação dos acampamentos Ocupa pelo mundo afora, inclusive no Brasil.  
Nesses dois anos, têm havido avanços e recuos na Rebelião. E, no mais das vezes, essa Rebelião tem se manifestado por motivos e demandas localizadas, específicos de cada região ou país, enfim, seria aparentemente uma Rebelião localizada, não global, não-planetária.

Mas a verdade é, que sem tirar o seu caráter concreto e sem questionar de forma alguma a sua sustentação em demandass localizadas, essas lutas refletem um momento muito mais grandioso, no tempo e no espaço.
Elas se inscrevem na rota das lutas libertárias, que deram seu grito mais articulado, criativo e ousado na década de 60. Não se trata de defini-las como continuidade ou como devedora da Contracultura da década de 60 – isso são questiúnculas.

O que importa é tentar entender as possibilidades de que essas lutas do século XXI venham a se tornar  a concretização ( ou ao menos um avanço fantástico) de todos aqueles sonhos, utopias e projetos dos companheiros e companheiras que vieram antes de nós:  anarquistas, comunistas, libertários, maoístas,  hippies, guerrilheiros, Teologia da Libertação  - e tantos outros que não chegaram a se constituir como corrente ou movimento reconhecido, ou que sequer foram vistos como militantes e ativistas, mas que, na sua maneira humilde  e anônima,  sonharam, lutaram e acreditaram na possibilidade concreta de um OUTRO MUNDO, um verdadeiramente ADMIRÁVEL MUNDO NOVO.

Certamente continuarão a haver avanços e recuos, brotarão contradições e aparentes incoerências nesses movimentos espalhados pelo mundo, haverão esfriamentos e explosões. Mas tudo obedecendo a uma lógica própria, a lógica da revolta contra o modo de vida imposto por esse projeto de civilização, ou uma revolta contra esse projeto de civilização, o qual já cumpriu o seu papel histórico e mesmo transcendente, mas que precisa ser imediatamente superado por um outro projeto de civilização.

Precisamos entender de vez a grandeza e complexidade de nosso tempo: neste início de século entramos definitivamente em um tempo de batalhas, de combates - ou melhor, um tempo de combater o bom combate. Sem tréguas, sem ilusões, sem ideologias estreitas e presunçosas. Sem a exigência e a  ansiedade de certezas que não poderão ser dadas por nenhum “especialista”, acadêmico, militante ou liderança. Por um longo tempo tudo estará em aberto, em construção, tudo serão avanços e recuos, afirmações  e negações – no melhor estilo da verdadeira e corajosa dialética.

A única certeza é a de que todos esses movimentos convergirão para um só ponto, uma só estrada:  a estrada da superação do mundo velho e da construção do mundo novo. A única certeza é que essa rebelião e essa movimentação planetárias são simplesmente inevitáveis, sob pena de a humanidade, num tempo não muito distante, perder em definitivo a sua própria alma – perdê-la para o erro, o medo e a estupidez.     
A única certeza é a de que não  é tarde nem cedo demais. É simplesmente o momento ofertado pela História, construído pelos homens.
Momento construído para propormos a interrupção do projeto de conquista do Ocidente, para colocarmos em outras bases o projeto do Homem sobre a mágica  e carinhosa face da Terra.

Para isso, é inevitável  a construção da Greve Mundial, planetária, global: ocupar praças, ruas, campos e cidades. Parar o Ocidente e colapsar o Capitalismo, para então reorganizarmos a nossa marcha planetária.
Somente assim superaremos o erro, a tragédia e a barbárie que já nos envolvem, com sua plastificação dos espíritos, dos desejos e das vontades, disfarçada e sustentada por   seduções tecnológicas, por falsas necessidades e por violências e inseguranças pré-fabricadas, ou pelo menos bastante convenientes à manutenção desse estúpido mundo  velho.  

Às ruas, às ruas!!!
Não há mais tempo nem necessidade de minúcias ideológicas, de ultrapassadas disputas à esquerda, de sofisticações acadêmicas.

Há sim tempo e necessidade de ação, de debates e projetos lúcidos, de estratégias adequadas, de ações amadurecidas, e tudo sempre com o olhar fito no horizontes das ruas, das praças, das estradas, nos campos e nas cidades – o resto são véus fabricados pelo medo, pela impossibilidade de lucidez e pela perda da crença na poesia e na grandiosidade   da vida, do mundo e do homem  e do Cosmos.

Cosmos para com o qual o ser humano tem a tarefa de viver como ‘luz do mundo’ e “sal da terra”, humilde e frágil, mas também  alegre e corajosa.



Roberto Soares, bacharel em Filosofia e editor do blog Desvelar

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Desde 2008, venho publicando textos sobre a Rebelião no Ocidente. Quem quiser ler procure à direita do blog, no link “Rebelião no Ocidente”. Veja também textos sobre as ações de junho de 2011 em Vitória. Alguns links:

um fascinante caminho...
a romaria do sonho
o mca de vitória...
nunca duvide



27/06/2013

resgate das origens: lula chama para as ruas


Até que enfim.
Já estava mais do que na hora de Lula e o PT resgatarem suas origens e o seu projeto de país. 
Nada como como o enfrentamento promovido pelos chamados "vândalos' e "baderneiros' para dar um choque à direita e à esquerda.
 Não se faz omelete sem quebra de ovos, não se faz revolução, ou avanços reais da luta popular, sem enfrentamentos. 
Aliás, devemos chamá-los de vândalos ou de vanguarda (para além dos infiltrados da direita e dos inevitáveis "saqueadores" da periferia, que estão a promover sua própria, bombástica e festiva redistribuição de renda)? 
 
VIVA A FESTA DAS RUAS!!!
COM TUDO O QUE O POVO TEM DIREITO!!! 
COM TODO O POVO A QUE AS RUAS TÊM DIREITO!!!
 

22/06/2013

alerta: o fascismo está sendo planejado


What is this, “companheiro”?

“Quanto mais pessoas colocarem pressão sobre o Brasil, mais rápido o Brasil terá que se dobrar”, diz porta-voz anônimo do movimento ChangeBrazil.

Nem tudo que está acontecendo parece ser espontâneo. Qualquer pessoa que já tenha trabalhado com planejamento de campanha publicitária, especialmente online, sabe que algo assim é possível. Não é tão diferente de planejar o lançamento de um filme ou turnê para o público jovem.

Há um movimento na internet, que surgiu no dia 14 de junho, voltado principalmente para jovens, chamado #changebrazil (surgiu assim mesmo, em inglês). Em português o nome do movimento é Muda Brasil. Esse movimento postou vídeos, aparentemente espontâneos, que foram vistos por mais de 1 milhão de pessoas, a maioria deles jovens (muitos secundaristas) que estão indo para as manifestações em clima de festa e máscara V de Vingança.

Na quinta-feira, dia 13 de junho a polícia de Geraldo Alckmin (PSDB) reprimiu de forma violenta manifestantes do Movimento Passe Livre, cidadãos e jornalistas. Logo no dia seguinte a grande imprensa passou a defender o movimento e surgiu um vídeo, em inglês, com legendas em inglês, que se intitulava “Please Help us” (Por favor, nos ajude). O vídeo, com um narrador com visual rebelde (alguém sabe quem ele é?) que já foi visto por mais de 1 milhão e 300 mil pessoas, passa rapidamente sobre tarifa de ônibus, critica a mídia e estimula aos jovens o ódio contras os políticos, enaltece o STF e estimula quem ver o vídeo a espalhá-lo e debater o assunto na internet. Sugiro que quem não entende o clima da juventude no protesto ou que tem ilusões de que eles são de esquerda, o assista. http://youtu.be/AIBYEXLGdSg

O vídeo parece simples, mas a iluminação e fundo é profissional, foi feito em estúdio, e se prestar atenção, verá que o manifestantes (alguém o conhece?) de inglês perfeito, está lendo um teleprompter. O vídeo é feito em inglês, mas a maioria dos comentários é de brasileiros. Não há acessos a estatísticas. O vídeo foi feito e visto provavelmente por brasileiros, jovens, de classe média e alta que falam inglês. Fala da Copa do Mundo (preste atenção: todos falarão). E termina dizendo que “o povo é mais forte que aqueles eleitos para governá-los”.

Que movimento pelo Passe Livre faria um vídeo em inglês ? Que é esse sujeito? Quem pagou essa produção, feita em estúdio com teleprompter? http://youtu.be/AIBYEXLGdSg

As dicas sobre quem ele é o que as pessoas que estão por trás disso querem estão no segundo vídeo, postado durante as manifestações de segunda-feira. Este fala em português. Carregado de sotaque, celebra a tomada do Congresso Nacional por “protestantes” (sic). Esse vídeo foi menos visto, mas não pouco visto, são 66 mil pessoas. http://youtu.be/z-naoGBSX9Y Ele dá parabéns pela manifestação, pelas pessoas mostrarem que “amam” seu país. E segue para dar instruções. Cita as hashtags #changebrazil e o #brazilacordou. Diz que o público não pode se desconcentrar nisso pelo gol do Neymar, ou pelo BBB. Diz que não devem falar de outros assuntos. Mas ao mesmo tempo a mensagem é vazia além de “Muda Brasil”. Ele se refere sempre sobre o que acontece como isso. E no minuto 2:06 ele diz para as pessoas fazerem o material para o exterior porque “quanto mais pessoas colocarem pressão sobre o Brasil, mais rápido o Brasil terá que se dobrar”.

Que movimento é esse que quer mudar o Brasil fazendo ele se dobrar?

Ele mistura nas pautas do seu “movimento coisas que todos defendem, como contra a corrupção, e mais verbas para saúde e educação. Talvez por “coincidência” as mesmas pautas centrais, com a mesma linha de discurso foi postada em um vídeo suspostamente feito pelo grupo Anonymous justamente quando as tarifas iam baixar para propor novas causas. Ele já foi visto por 1 milhão e 400 mil pessoas http://youtu.be/v5iSn76I2xs Importante lembrar que como os vídeos do Anonymous usam imagem padrão e voz falada por digitada pelo Google, e são postadas em contas do Youtube aleatórias qualquer um pode fazer um vídeo se dizendo Anonymous.

O nosso amigo de sotaque não é o único vídeo que veio de fora. Já ficou famoso o vídeo de uma menina bonitinha, Carla Dauden, uma brasileira que mora em Los Angeles, falando contra a Copa do Mundo. Na descrição do vídeo ela diz que tinha feito o vídeo antes dos protestos (talvez para justificar a produção apurada), mas postou no dia 17 de junho . Carla diz Mais de 2 milhões de pessoas o viram. De novo, em inglês com legendas. Pretensamente para o exterior, mas de novo a maioria dos comentários é brasileiro. Ou seja, são para jovens que falam inglês. Diz mentiras como que os custos do evento teriam sido 30 bilhões de dólares, o que parece que os estádios custaram isso. Quando na verdade os custos reais são 28 bilhões de dólares, a maior parte em obras de mobilidade urbana, não estádios – veja o vídeo aqui http://youtu.be/ZApBgNQgKPU Mas quem está checando acusações?

Prestem atenção. A soma de apenas esses 3 vídeos somente deu 5 milhões de visualizações no Youtube.

21/06/2013

gritemos todos contra o fascismo que se aproxima!!!!




Será que o brasil vai aceitar uma ditadura? E o Brasil vive o que? Só vão trocar o governo e aproveitar o caos para barbarizarem os movimentos sociais e a real oposição.Essa é a resposta da ditadura ao movimento popular para se manter. Eu não estou defendendo o PT. A globo não meteu um milhão de pessoas na rua a toa. A PM dos estados está descontrolada.

Pedro Rios Leao, no facebook



apesar de vocês no meio do caminho, fascistas infelizes...

apesar dos fascistóides cretinos
pobres de espíritos e bestas feras 'apartidárias',
a história se faz também com poesia

gorar o ovo dos fascistas: tarefa das esquerdas e dos movimentos populares

O day-after: implicações de uma vitória


A vitória superlativa das ruas com a reversão do reajuste tarifário em SP foi saboreada pelos dirigentes do MPL com um misto de euforia e alívio.
A continuidade dos protestos evidenciava uma crescente diluição do movimento nas tinturas de uma desqualificação do governo federal e das conquistas econômicas e sociais dos últimos dez anos.

A jovem liderança do MPL, que se declara de esquerda, admite que já não sabia como reverter a usurpação martelada pela mídia conservadora.
Há atitudes óbvias.
Incompreensivelmente ainda não adotadas por quem dispõe de todos os holofotes da boa vontade nesse momento.

Uma sugestão prosaica: convocar uma entrevista coletiva e desautorizar o dispositivo midiático conservador, que surfa na onda dos novos cara-pintadas para rejuvenescer a narrativa de um antipetismo histórico.

A abusada antecipação da campanha de 2014 inclui cenas -e ameaças-- de invasão de palácios, mesmo quando ocupados por governantes já comprometidos com a redução tarifária.
Essa era a agenda da 'comemoração da vitória' no RS, nesta 5ª feira.
Qual o propósito dessa 'sessão fotográfica' com data e hora marcada?

Aos integrantes do MPL não cabe o bônus da ingenuidade.
Embora jovens, souberam fixar um alvo de notável pertinência histórica.
A mobilização de massa pela tarifa zero e por uma cidade dos cidadão carrega a promessa de um chão firme do qual se ressente o planejamento democrático no país.

Só um movimento urbano forte, capaz de disputar a construção da cidade com a lógica do lucro imobiliário poderá reverter o caos das grandes metrópoles.
Se for a semente disso, o batismo de fogo do MPL, com todas as suas lacunas, já terá valido a pena.
Antes, porém, precisa se desvencilhar da carona oportunista que hoje embaralha a sua extração histórica e pode ferir de morte a credibilidade conquistada nas ruas.

Ao PT, o day-after, se caracterizar o espaço de uma trégua, deve abrigar uma desassombrada avaliação das razões pelas quais as ruas e uma parcela da juventude já não se expressam através do partido, de sua capilaridade e dos fóruns oferecidos até aqui por suas administrações.
Ao conjunto das forças progressistas, sobretudo os partidos de esquerda, cumpre a autocrítica mais aguda.

O sectarismo autodestrutivo que gerou um arquipélago de entes incomunicáveis abriu um vácuo no espectro das mobilizações de massa.
Nesse oco de alianças, choca o ovo da serpente que inocula na sociedade uma histérica rejeição à política e à organização democrática do conflito social.

O que se viu nesses 13 dias que abalaram o Brasil, mais uma vez, é que em política não existe vácuo.
A incapacidade da esquerda de fazer alianças com seus pares e, desse modo, oferecer uma agenda crível às angústias e anseios da cidadania, pavimentou o despontar de visões e concepções regressivas turbinadas pela mídia conservadora.

Foi só um aperitivo. Convém não esperar pelo banquete para reagir. A ver

20/03/2013

razões de um participante

Podemos carregar a infância
levá-la pela estrada até ao centro
das praças onde gritam.
Ninguém a vai pisar
e o que tivemos é apenas nosso
conforma-nos o rosto.

Isso não faz sentido, dizem.
Os que assim falam
não sabem que o presente
é passado e futuro
e que todo esse tempo nos completa
se o levarmos connosco
tentando ser alguém nas praças cheias.   

nuno dempster   - portugal  (1944  -   )

18/03/2013

fardas e batinas

A barbárie aconteceu na Argentina,  aconteceu no Brasil, aconteceu em tantos lugares da América Latina...
E  a Igreja Católica sempre esteve presente nesses países e nesses acontecimentos, de um lado ou de outro...

Por isso é importante relembrar, neste momento histórico em que um cardeal latinoamericano foi eleito papa... Com ele a Igreja irá se redimir de seus erros, com ele a Igreja irá ajudar a Latinoamérica, a Europa, o próprio mundo, enfim ajudará de fato o homem  a superar suas limitações e contradições, enquanto criatura ainda distante de se tornar de fato o "sal da terra", "luz do mundo" ?

Abaixo, um trecho de Carta Maior, relembrando:

"Na 6ª feira, dois dias depois, como relata o correspondente de Carta Maior, Eduardo Febbro, direto do Vaticano, o porta-voz da Santa Sé reclamou do que classificaria como ‘acusações caluniosas e difamatórias’ envolvendo o passado do Sumo Pontífice.

Em seguida atribui-as a ‘elementos da esquerda anticlerical’.
Alvo: o ‘Página 12’ .
Com ele, seu diretor, o jornalista Horácio Verbitsky, autor de um livro sobre o as suspeitas que ensombrecem a trajetória do cardeal Jorge Mário Bergoglio, durante a ditadura argentina.
A cúpula da Igreja acerta ao qualificar o ‘Página 12’ como ‘de esquerda’ – algo que ostenta e do qual se orgulha praticando um jornalismo analítico, crítico, ancorado em fatos.

Mas erra esfericamente ao espetá-lo como ‘anticlerical’.
O destaque que o jornal dispensa ao tema dos direitos humanos não se restringe ao caso Bergoglio."

Leia na íntegra

17/03/2013

vida


Não sei
o que querem de mim essas árvores
essas velhas esquinas
para ficarem tão minhas só de as olhar um momento.

Ah! se exigirem documentos aí do Outro Lado
extintas as outras memórias
só poderei mostrar-lhes as folhas soltas de um álbum de imagens:
aqui uma pedra lisa, ali um cavalo parado
ou
uma
nuvem perdida
perdida...

Meu Deus, que modo estranho de contar uma vida!

mario quintana  - brasil  (1906  - 1994)

um pouco de paz


Crianças que acordam
Mulheres que lavam roupa de manhã
Homens que escrevem poemas s o b r e:


Crianças
              que acordam


Mulheres
              que lavam roupa de manhã


Homens
              que escrevem poemas


wolf biermann - alemanha (1936 -    )

13/03/2013

só para relembrar: quo vadis pedro?



Claro que não é culpa da Igreja Católica a persistência da contradição entre, de um lado, a opulência, o luxo e a ostentação e, de outro, a miséria e o desamparo.

Ocorre que a tarefa, a razão mesma de ser da Igreja Católica é, ou deveria ser, fazer aquilo que estivese ao seu alcance para que, de fato,  a história humna pudesse progredir dialeticamente rumo à superação de estruturas  que se alimentam dessa contradição.

Afinal, a Igreja, mais do qualquer outra instância humana, vem se propondo, ao longo de milênios já, a ser a guardiã do testemunho do poeta-peregrino da Galiléia, a Igreja se propõe a não deixar que a "luz do mundo" se apague.

E neste momento de eleição de um novo papa, é oportuno lembrar a iamgem abaixo, só para não esquecer que, se depender do Poder de Roma, parece que a "luz do mundo" continua correndo sérios riscos de se apagar, ou de se enfraqueceer perigosamente. Quo vadis, Pedro?    

"O PÃO QUE SOBRA À RIQUEZA 
REPARTIDO PELA RAZÃO 
MATAVA A FOME À POBREZA 
E AINDA SOBRAVA PÃO"
imagem compartilhada do face de claudia.madeira











papa francisco: de novo mais do mesmo?

Há temas ou situações que, apesar do espetaculoso que as cerca,  não precisam de um caminhaõ de palavras paar sewrem dissecadas, explicadas, compreendidas satisfatoriamente, memso que não esgotadas completamente - afinal quase nada o é.

E, infelizmente (mas no fundo, como era de se esperar) a eleição do novo papa, se feita por observadoress de viésprogressista, é uma dessas situações que um bom texto desnuda, sem necesidade de pirotecnias verbais e intelectuias.
E, se corretas as suas afirmações factuais acerca do novo papa, o texto de Laerte Braga, abaixo transcrito,  cumpre com   presteza e inventividade essa tarefa de reduzir o fato a suas devidas proporções.

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E DEU MARADONA
Laerte Braga

Excesso de virtudes, na visão do escritor inglês Aldous Huxley, não significa compreensão da vida em sua essência, em seu sentido e em sua razão de ser. Pode significar orgulho, pode levar a pessoa a um afastamento gradativo da realidade, como pode significar mesquinharia.

Jorge Mario Bergoglio, o cardeal argentino eleito papa, Francisco, não é mesquinho e nem alheio à vida, isolado da realidade. Suas virtudes são políticas. É um dos mais duros críticos do governo da presidente Cristina Kirchner, foi protocolocar na condenação à ditadura naquele país e a despeito do voto de pobreza, vive dentro do sistema, mantém a igreja atrelada a conceitos medievais, agora, recheados com uma camada de chantili para dar a impressão de modernidade, ou tornar-se palatável. Por baixo dessa camada não existe marrom glacê, mas um osso duro de roer e à direita, dentro dos padrões do Vaticano.

Bergoglio não chega, necessariamente, a ser uma surpresa. No conclave que escolheu Ratzinger foi o segundo mais votado. Chegou ao Vaticano com um cacife eleitoral razoável. Sobre o brasileiro Odilo Scherer leva a vantagem de ser dissimulado (isso conta para a hipocrisia de Roma).

As mudanças serão de estilo e não de fundo. Deve tentar influir politicamente em seu país, nunca escondeu e de forma pública sua aversão tanto a Néstor Kirschner, quanto a sua mulher Cristina. A despeito de críticas a economia de mercado, nunca manifestou um ponto de vista conclusivo, apenas circundou os problemas de seu país, mais ou menos como faziam os antigos políticos do ex-PSD do Brasil. “Nem contra, nem a favor, muito antes pelo contrário, revendo meu ponto de vista.

No caso específico não estava e nunca esteve revendo nada. Exceto no que diz respeito a presidente Cristina.
Entre suas virtudes escondidas, o poder. A busca do poder é uma de suas características. Lembra João Paulo II, um produto de marketing. Sorri, enquanto sangram nos porões da monarquia absoluta que é a igreja, os seus adversários.

É jesuíta, uma ordem tradicionalmente conservadora e que durante muito tempo ignorou ou manteve-se alheia ao poder de Roma. Seu superior era chamado de “papa negro”. Começou a perder essa característica quando João Paulo II pôs fim a ela. Submeteu os jesuítas, fundado por Santo Inácio de Loiola um militar espanhol.
Um sujeito comum que só tenha virtudes é, em si, um chato. Um papa virtuoso é o sinal que latino-americanos terão problemas com as ingerências do Vaticano em questões políticas, principalmente, em países que buscam a independência plena, sem o controle de Washington.
Não há mudança alguma na igreja. Um novo showman foi eleito para gerir o Vaticano.

Essa é outra vantagem sobre o brasileiro Odilo Scherer. A falta de jogo de cintura, que sobra no argentino. No fundo são iguais. Ao dizer que os homossexuais “merecem respeito”, não está nem de longe discutindo o problema. Esta mantendo o estigma, a hipocria bem conhecida nos documentos secretos do papa anterior. Ao ser contra o aborto está deixando claro que nenhum dos dogmas férreos da Idade Média serão substituídos, ou revistos, apenas atenuados no discurso. Mas as câmaras de injeções letais do Vaticano continuarão nos cantos soturnos dos palácios papais do Vaticano.

Franciso talvez garanta a igreja uma sobrevida depois do fiasco Bento XVI. Mas só isso.
É uma espécie de canto da sereia, só isso. Ilude o pescador e o leva para o fundo do mar no atraso crônico de uma instituição em estado falimentar. Isso quer dizer perigo. Vem respaldado por forças conservadoras que podem causar estragos ponderáveis, sobretudo na América Latina, principalmente na Argentina.
Está longe de ser um Maradona, um Néstor Rossi, um Alfredo Di Stéfano.
E um detalhe, ironia ou não, o jornal brasileiro dedicado aos esportes, LANCE, chamou na edição de hoje, quarta-feira, antes da escolha de Francisco, o jogador argentino Lionel Messi de papa. Foi pelo desempenho no jogo de terça-feira contra a equipe da Milan.

Francisco não é uma incógnita. É a continuidade do atraso da igreja romana. Sua dimensão pode ser, inclusive, a de enfrentar os evangélicos, grupo de malucos que tenta roubar a primazia do contato divino que sempre foi privilégio do Vaticano.

13/01/2013

confissão em dezembro

pedi sempre ao outro, com dureza
que olhasse as coisas de frente
mas eu não as olhei

todas as minhas condenações
conservaram-se durante anos à minha frente

mas eu não soube segui-las

não soube segui-las

não soube compreendê-las

não pude decifrá-las

até ao fim

nunca
soube levar nada

até ao fim

só a juventude passa,
só a alegria passa,
só a vida passa
só ela, a minha culpa inteira, perdura

nunca
soube levar nada
até ao fim

sempre pedi com dureza ao outro
que olhasse as coisas de frente,

mas eu voltei o rosto


e agora que nada espero

a minha esperança

é mais forte do que nunca

dorin popa - romênia  (1955 -  )

10/01/2013

a pólvora molhada da mídia

O paiol da pólvora molhada: em 48 hs o dispositivo midiático disparou quatro 'furos' na praça; a saber:
a) a manchete falsa de que o MP 'já decidiu investigar' Lula;
b) um 'apagão' ejaculado pelos parceiros ideológicos do 'iluminismo' de 2001;
c) uma crise institucional na Venezuela, onde o Supremo recusou o papel de comodato conservador e
d) a candidatura 'renovadora' de Aécio, recebida com ceticismo pela elite a quem pretende representar. Bucaneiros da pólvora molhada não desistirão; a ordem é gastar o paiol em 2013.

09/01/2013

femen x bbb: mulheres militantes x mulheres/homens estupidificados

Embora tenha chegado com atraso, vale a divulgação, para conhecimento,  desse protesto das garotas do Femen/BR. Finalmente,,  aqui e ali começam a pipocar ações concretas contra essa absurda e patética (mas nada inocente) ofensa a tudo o que ainda resta de decente e  digno nas sociedades escravizadas pelo decrépito capitalismo.

E, com certeza, nada desses protestos vai sair na Rede Bobo e, claro, nem mesmo nas emissoras concorrentes - o que não tem nada de estranho, afinal é tudo farinha da mesma mídia. Segue o convite, atrasado,  do Femen.

*********************

Convidamos a imprensa/programas de TV/mídia em geral p/ cobrirem o protesto do Femen Brazil no BBB (Big Brother Brasil)
Local: Shopping Santana, Zona norte de São Paulo Capital
Horário: Entre as 22h e 00h (depende da transmissão ao vivo da rede Globo)
Data: Terça-feira 08/01/13

Objetivo: Basicamente é uma luta contra a alienação do povo.
Fazer a população brasileira reagir a problemas de extrema relevância, como por exemplo a fome, miséria, a violência, o abuso de autoridade, as guerras, a saúde e educação falidas, o tráfico de pessoas, a exploração sexual, a corrupção, etc.
É nossa missão fazer com que o povo acorde e lute pelo que almeja, que reaja a situações como as citadas acima, fazer de nossa cultura menos comodista.

Quando programas como Big brother entram no ar, levam a população a uma espécie de transe, e é preciso que ela desperte e lute.
Nós do Femen Brazil não temos absolutamente nada contra o Big Brother ou Big Brother Brasil, entretanto este protesto se trata de uma tentativa de cobrar dos brasileiros que lutem e se inspirem tanto para resolver outros problemas, da mesma forma que fazem com o programa.

O Protesto:
3 ativistas do Femen Brazil, Sara Winter (20), Anna Steel (19) e Amanda Roseo-Alba (25) tentarão se aproximar da casa de vidro dentro do shopping Santana, gritando, sobre o povo acordar para a miséria brasileira e empunhando cartazes com a mesma temática: "Enquanto você vê Big Brother se esquece da miséria", "Big Brother instead of the big problems".



Chiapas e os zapatistas: vivos e fortes!

Para quem ainda não conhece as idéias, propostas e um pouco da relidade do Exército Zapatista (México), abaixo segue um texto divulgado pelo EZLN - num estilo poético e profético de propor a  ação política, como é próprio nos comunicados do Subcomandante Marcos

COMUNICADO DO CCRI-CG DO 
EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL, MÉXICO.

Comunicado 3. La Jornada, 31/12/2012

Ao povo do México: Aos povos e governos do mundo: Irmãos e irmãs: Companheiros e companheiras:
Em 21 de dezembro de 2012, de madrugada, em dezenas de milhares de indígenas zapatistas, nos mobilizamos e tomamos, pacificamente e em silêncio, 5 cabeceiras municipais no estado de Chiapas, no sudeste mexicano.
 
Nas cidades de Palenque, Altamirano, Las Margaritas, Ocosingo e San Cristóbal de las Casas, olhamos para vocês e olhamos para nós mesmos em silêncio. A nossa não é uma mensagem de resignação. Não é de guerra, de morte e destruição. Nossa mensagem é de luta e resistência. Depois do golpe de Estado da mídia que instalou no poder executivo federal a ignorância mal-dissimulada e pior maquiada, nos fizemos presentes para fazer-lhes saber que se eles nunca se foram, tampouco isso aconteceu conosco.
 
Há seis anos, um segmento da classe política e intelectual saiu à procura de um responsável pela sua derrota. Naquele tempo, nós estávamos em cidades e comunidades, lutando por justiça para um Atenco que, naquele momento, não estava na moda. Neste ontem, primeiro nos caluniaram, e depois quiseram nos calar. Incapazes e desonestos para ver que têm em si mesmos o fermento de sua ruína, pretenderam nos fazer desaparecer com a mentira e o silêncio cúmplice.
 
Seis anos depois, as coisas estão claras: Eles não precisam de nós para fracassar. Nós não precisamos deles para sobreviver. Nós, que nunca fomos embora, ainda que os meios de comunicação tenham se empenhado em fazer-lhes crer isso, ressurgimos como indígenas zapatistas que somos e seremos. Nestes anos, temos nos fortalecido e temos melhorado significativamente nossas condições de vida.
 
Nosso nível de vida é superior ao das comunidades indígenas em sintonia com os governos de plantão, que recebem as esmolas e as submergem em álcool e artigos inúteis. Nossas casas são melhoradas sem prejudicar a natureza impondo a ela caminhos que lhe são estranhos. Em nossos povoados, a terra que antes servia para engordar o gado de fazendeiros e proprietários de terras, agora é para o milho, o feijão e as hortaliças que iluminam nossas mesas.
 
Nosso trabalho recebe a dupla satisfação de prover-nos do necessário para viver honradamente e de contribuir no crescimento coletivo de nossas comunidades. Nossas crianças vão a uma escola que lhes ensina sua própria história, a de sua pátria e a do mundo, bem como as ciências e as técnicas necessárias para engrandecer-se sem deixar de ser indígenas. As mulheres indígenas zapatistas não são vendidas como mercadorias. Os indígenas priistas vão nos nossos hospitais, clínicas e laboratórios porque nos do governo não há remédios, nem equipamentos, nem médicos, nem pessoal qualificado.
 
Nossa cultura floresce, não isolada e sim enriquecida pelo contato com as culturas de outros povos do México e do mundo. Governamos e nos governamos a nós mesmos, buscando sempre primeiro o acordo no lugar da confrontação. Tudo isso não só foi conseguido sem o governo, sem a classe política e os meios de comunicação que a acompanham, mas também resistindo a seus ataques de todos os tipos, Mais de uma vez, temos demonstrado que somos quem somos.
 
Com nosso silêncio nos fizemos presentes. Agora, com nossa palavra anunciamos que:
Primeiro. Reafirmaremos e consolidaremos nossa integração no Congresso Nacional Indígena, espaço de encontro com os povos originários do nosso país.
 
Segundo. Retomaremos o contato com nossos companheiros e companheiras aderentes da Sexta Declaração da Selva Lacandona no México e no mundo.
 
Terceiro. Tentaremos construir as pontes necessárias em direção aos movimentos sociais que têm surgido e surgirão, não para dirigir ou suplantar, e sim para aprender deles, de sua história, de seus caminhos e destinos. Para isso, temos conseguido o apoio de indivíduos e grupos em vários lugares do México, conformados como equipes de apoio das comissões Sexta e Internacional do EZLN, de modo que se transformem em correias de comunicação entre as bases de apoio zapatistas e os indivíduos, grupos e coletivos aderentes à Sexta Declaração no México e no mundo, que ainda mantêm sua convicção e compromisso com a construção de uma alternativa não institucional de esquerda.
 
Quarto. Continuará nossa distância crítica frente à classe política mexicana que, em seu conjunto, não fez nada mais do que prosperar às custas das necessidades e das esperanças do povo humilde e simples.
 
Quinto. Em relação aos maus governos federais, estaduais e municipais, executivos, legislativos e judiciários e dos meios de comunicação que os acompanham, dizemos quanto segue: Os maus governos de todo o âmbito político, sem nenhuma exceção, têm feito o possível para nos destruir, para nos comprar, para nos render. PRI, PAN, PRD, PVEM, PT, CC e o futuro partido de RN [Renovação Nacional] têm nos atacado militar, política, social e ideologicamente. Os grandes meios de comunicação tentaram nos fazer desaparecer, com a calúnia servil e oportunista antes, com o silêncio cúmplice depois. Aqueles aos quais serviram e de cujos dinheiros de amamentaram não estão mais aí. E aqueles que agora os substituem não durarão mais do que seus predecessores.
 
Como tem se tornado evidente em 21 de dezembro de 2012, todos têm fracassado. Resta então ao governo federal, executivo, legislativo e judiciário, decidir se reincide na política contra-insurrecional que tem conseguido só uma frágil simulação torpemente sustentada no manejo da mídia, ou se reconhece e cumpre seus compromissos elevando a nível constitucional os direitos e a cultura indígenas, assim como o estabelecem os chamados "Acordos de San Andrés", assinados pelo governo federal em 1996, então encabeçado pelo mesmo partido que agora está no executivo.
 
Ao governo estadual resta decidir se continua com a estratégia desonesta e ruim de seu predecessor que, além de corrupto e mentiroso, empregou dinheiros do povo de Chiapas no enriquecimento próprio e de seus cúmplices, e se dedicou à compra descarada de vozes e homenagens nos meios de comunicação, enquanto mergulhava o povo de Chiapas na miséria e ao mesmo tempo em que fazia uso de policiais e paramilitares para tratar de frear o avanço organizativo dos povos zapatistas; ou, em vez disso, com verdade e justiça, aceita e respeita nossa existência e se faz a idéia de que floresce uma nova forma de vida social em território zapatista, Chiapas, México.
 
Florescer que atrai a atenção de pessoas honestas em todo o planeta. Resta aos governos municipais decidir se continuam tragando as rodas de moinho com as quais as organizações antizapatistas ou supostamente "zapatistas" os extorquem para agredir nossas comunidades; ou, melhor, se usam esses dinheiros para melhorar as condições de vida de seus governados. Resta ao povo do México que se organiza em formas de luta eleitoral e resiste, decidir se continua vendo em nós os inimigos e rivais em quem descarregar sua frustração pelas fraudes e agressões que, afinal, todos sofremos, e se em sua luta pelo poder continuam se aliando com nossos perseguidores, ou, por fim, reconhecem em nós outra forma de fazer política.
 
Sexto. Nos próximos dias, o EZLN, através de suas comissões Sexta e Internacional, divulgará uma série de iniciativas, de caráter civil e pacífico, para continuar caminhando junto a outros povos originários do México e de todo o continente, e junto àqueles que, no México e no mundo inteiro, resistem e lutam embaixo e à esquerda. Irmãos e irmãs: Companheiros e companheiras: Antes, tivemos a boa ventura de uma atenção honesta e nobre de vários meios de comunicação. Então, os agradecemos por isso.
 
Mas isso foi completamente apagado com sua atitude posterior. Aqueles que apostaram que só existíamos na mídia e que, com o cerco de mentiras e silêncio, desapareceríamos, se equivocaram. Quando não havia câmaras, microfones, homenagens, ouvidos e olhares, existíamos. Quando nos caluniaram, existíamos. Quando nos silenciaram, existíamos. E aqui estamos, existindo. Nosso andar, como ficou demonstrado, não depende do impacto da mídia, e sim da compreensão do mundo e de suas partes, da sabedoria indígena que rege nossos passos, da decisão inquebrantável que dá a dignidade de baixo e à esquerda.
 
A partir de agora, nossa palavra começará a ser seletiva em seu destinatário e, salvo em determinadas ocasiões, só poderá ser compreendida por aqueles que têm caminhado e caminham conosco sem render-se às modas conjunturais e da mídia. Por aqui, com não poucos erros e muitas dificuldades, outra forma de fazer política já é realidade. Poucos, muito poucos, terão o privilégio de conhecê-la e aprender dela diretamente. Dezenove anos atrás, os surpreendemos tomando com fogo e sangue suas cidades. Agora fizemos isso de novo, sem armas, sem morte, sem destruição.
 
Assim, nos diferenciamos daqueles que, durante seus governos, distribuíram e distribuem morte entre seus governados. Somos os mesmos de 500 anos atrás, de 44 anos atrás, de 30 anos atrás, de 20 anos atrás, de apenas alguns dias atrás. Somos os zapatistas, os mais pequenos, os que vivem, lutam e morrem no último lugar da pátria, os que não claudicam, os que não se vendem, os que não se rendem.
 
Irmãos e irmãs: Companheiros e companheiras: Somos zapatistas, recebam nosso abraço. Democracia! Liberdade! Justiça! Das montanhas do Sudeste Mexicano. Pelo CCCRI-CG do Exército Zapatista de Libertação Nacional. Subcomandante Insurgente Marcos. México, Dezembro de 2012 - Janeiro de 2013.