10/03/2009

campanha veja outras caras

Abaixo, material enviado por Vinicius Souza. Num texto bem humorado, mas nem por isso menos engajado, propõe uma singela maneira de combater o monopólio da informação. À primeira vista, parece uma iniciativa ingênua, ou pura perda de tempo.
Afinal, seria o mesmo que substituir uma gota de água num oceano. Mas precisamos aprender a não duvidar da eficácias de nossas pequenas ações de resistência... Muito menos duvidar da necessidade e da urgência de nossas pequenas guerrilhas... Além disso, não deixa de ser uma solução para quando temos que limpar mesas, gavetas e guarda-roupas e ficamos com aquele leve ‘remorso’ por ter que jogar no lixo publicações tão boas e com as quais aprendemos tanto... Evita o ‘remorso’ e dá uma sensação de que estamos partilhando com alguém aquilo que nos foi oferecido...
Veja Outras Caras!!!
Troque a Falha de S.Paulo, Veja, Caras e outros lixos nas salas de espera por material decente de leitura.
De nada adianta berrar contra a mídia hegemônica se não houver alternativas à disposição da população. Se a televisão brasileira e os jornalões são dominados por um punhado de famílias, e as rádios comunitárias e livres continuam sob repressão de políticos e igrejas que não querem dividir o dial, as publicações dos trabalhadores em papel não sofrem a mesma perseguição. Mas a distribuição em bancas também é dominada por um cartel que se recusa a entregar as revistas de maior circulação para quem insiste em vender material de concorrentes. Já que os donos de bancas não podem prescindir economicamente das hegemônicas e as tiragens das populares são menores, estas, quando são vendidas, normalmente ficam de fora das prateleiras mais visíveis e quase nunca nas vitrines. Além disso, devido aos custos de papel e produção, os preços também não podem ser muito diferentes.
Como, então, levar ao público leitor uma informação alternativa de qualidade e de graça? Nossa humilde sugestão é a singela: “Campanha Veja outras Caras!” A idéia é simples: trocar algumas publicações da mídia hegemônica, disponíveis em lugares públicos, por revistas, jornais, boletins e outros materiais de conteúdo diferenciado. Afinal, quem já não teve de ficar horas na sala de espera de um consultório, escritório ou repartição tendo à mão para leitura apenas revistas sobre a vida das ‘celebridades’ ou panfletos da direita disfarçados de semanários pseudo-informativos? E o que é pior: essas publicações normalmente são antigas, perpetuando sua condição hegemônica (como se não houvesse alternativa) e reafirmando conceitos e ideologias que, quando não são francamente mentirosos ou preconceituosos, são contrários aos interesses dos trabalhadores, como o estímulo ao consumismo e à manutenção do status quo.
A Campanha Veja outras Caras não requer prática nem tampouco habilidade. O investimento financeiro, quando ocorre, é irrisório, por ser distribuído entre vários agentes e sempre absorvido intelectualmente pelos autores antes das ações. Pode ser considerada uma prática de guerrilha midiática, mas não é ilegal nem traz danos às pessoas atingidas, a não ser talvez ao seu preconceito. E você ainda pode se livrar do acúmulo de papel em casa, que na era da Internet serve mais para juntar poeira e atrair cupins.
Para fazer parte da Campanha Veja outras Caras, basta simplesmente levar consigo, sempre que for passar por uma sala de espera, algumas boas publicações já lidas, atuais ou não, ou até mesmo textos interessantes impressos em papel reutilizado (verso de sulfite já usado) como por exemplo os presentes no CMI. Também valem fanzines, revistas semanais ou mensais de real credibilidade (Carta Capital, Caros Amigos, Le Monde Diplomatique Brasil, entre outras), jornais de bairro, quadrinhos, publicações sobre cultura, música, literatura, culinária, viagens e até livros que estejam apenas ocupando lugar nas estantes. Aí é só trocar seu bom material de leitura pelo lixo que estiver disponível.
E dar um fim decente ao papel recolhido, como mandar para reciclagem, forrar a caixa de areia do gatinho, fazer esculturas de papier mâché, acender o carvão do churrasco.
Por Vincius Souza e Maria Eugênia Sá, jornalistas e fotógrafos independentes http://mediaquatro.sites.uol.com.br/

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