27/09/2011

pai

Pai nunca leu Joyce
nem Flannery O’Connor,
pai nunca leu Carver.
Pai trabalhava de sol a sol
como uma besta de carga.
Pai não aprecia Beethoven
sofre dos ombros.
Não gosta de Mozart, Telemann ou Mahler
não suporta a dor das costas.
Pai é o sustento da casa
e não tem tempo para mariquices.
Pai não distingue Art nouveau e Dadaísmo
e não conhece o pensamento
de Kierkegaard ou de Engels.
Quando o céu está nublado
ao pai esmaga-o o peso da sombra.
Quarenta anos
para compreender e admirar pai,
meu pai
que trabalhava de sol a sol.
Muito ler
para não saber nada.

jorge espina, reverdecer, baile del sol, 2010
tradução: a.m - blog rua das pretas

Nenhum comentário:

Postar um comentário