08/09/2012

dragões

Chegou a hora de matar o dragão
de acabar para sempre com este monstro
de fauces terríveis e olhos de fogo.
Há que matar este dragão e todos
que à sua volta se reproduzem.

O dragão da culpa e o do espanto
o do remorso estéril, o do ódio
o que sempre devora a esperança
o do medo, do frio, da angústia.

Há que matar também o que nos esmaga
de bruços contra o chão
imóveis, cobardes, quebrados, sem raízes.

Que o sangue de todos inunde
cada parte da casa
até nos chegar à cinta.
E quando essa pilha de monstros
for só um monte de vísceras
e olhos abertos para o vazio
enfim poderemos trepar, montar-nos sobre eles
chegar às janelas, abri-las ou quebrá-las
deixar entrar a luz, a chuva, o vento
e tudo o que estava retido
atrás dos vidros.


amalia bautista  -   espanha (1962  -   )

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