31/03/2009

não à captura da rede!

Sem entrar no mérito do que de fato ocorre nas mídias e nas lutas políticas da Bahia, vale conhecer o texto abaixo, já que o problema da ‘captura’ e manipulação do espaço virtual, pelos grandes meios de comunicação, certamente não se restringe àquelas plagas. Afinal, constata-se que a disputa de idéias deve ser feita até mesmo na internet, ainda mais se levamos em conta que a rede é (ou ainda é) a ferramenta que mais se aproxima de um espaço democrático, aberto, plural e horizontal. Espaço que devemos estar sempre alertas para defender. Nesse sentido, o texto do César é bem pertinente.
Veja também: 'veículos virtuais...' e 'twitter...'

Bahia Singular - Crítica e Avaliação dos blogues da mídia baiana
Os jornalistas, em sua quase totalidade, queixam-se dos donos dos meios de comunicação que limitariam a sua liberdade de informar, quando não impõem a eles o dever de informar aquilo que interessa à empresa. Alguns outros profissionais, mais pragmáticos, constatando que não existem santos nesse meio, por necessidade ou esperteza colocam a pena a serviço dos ricos e poderosos.
Com o advento da internet e com a proliferação dos blogues, os jornalistas de certo modo encontraram um espaço para o exercício da autonomia profissional, a possibilidade de escreverem aquilo que entendem ser a verdade factual a ser exposta ao público.

Este caminho, a par de representar para esses comunicadores a via para o exercício independente da sua atividade, resulta para o público na oportunidade de receber informação fidedigna, cada vez mais negada pelos órgãos tradicionais de imprensa, em face dos seus crescentes interesses.
No entanto, em alguns estados - e a Bahia é o exemplo que nos interessa - a proliferação dos blogues, não tem representado para o público acesso a informação de qualidade, com comentários e críticas consistentes e isentas. Ao contrário, os blogues por aqui acabaram se transformando numa amarga, triste e lamentável extensão das páginas e colunas dos jornais, rádios e emissoras de TV.

Os nossos jornalistas e assemelhados, habituados aos costumeiros contorcionismos, vendem a imagem de uma independência que não gozam, seja por conveniência pessoal ou porque não conseguem se desvencilhar do velho hábito imposto pelos patrões.
Observa-se que, sem qualquer pudor, transferiram para o blogues a subserviência e a insuperável vocação para transformar a profissão mal paga pelos patrões em rentável negócio. As críticas, quando feitas, ficam na superficialidade, afinal a sutileza é permitir ao próprio criticado entender que pega bem vender essa idéia de isenção e de radical cumplicidade com o público leitor. O descaramento é tal, que quase todos reproduzem as manchetes dos principais jornais do país, mas se negam a abrir espaços para críticas e comentários dos leitores. Em suma, ignoram os leitores e dialogam com os seus próprios botões. O resultado é que por aqui, os blogues transformaram-se em meras ‘bodegas noticiosas’ e extensão dos negócios dos seus titulares.

Um bom exemplo da visão comercial e dos interesses que permeiam a atividade da mídia local ocorreu nesta semana. O jornal A TARDE e a coluna do jornalista presidente da ABI Samuel Celestino, publicada no mesmo jornal, a partir de denúncia de bailarinos do Teatro Castro Alves, abriram fogo contra a Secretaria da Cultura, dirigida pelo diretor de Teatro Marcio Meireles. A animosidade contra a secretaria é clara e tem sido assunto de críticas de outros veículos. O secretário se defende dizendo que ao redirecionar os recursos gerou insatisfações uma vez que desmontou velhas estruturas que sempre se beneficiaram em administrações anteriores. Viria daí a inconformidade.
Na mesma edição do jornal, à primeira página vem uma manchete noticiando que aos estados da Bahia e do Piauí tiveram o pior desempenho educacional do país. Sobre essa verdadeira tragédia, nem uma palavra. Todos os colunistas, âncoras e blogueiros desta bela capital, sem exceção, enfiaram a viola no saco, porque educação pública diz respeito a pobre.

Como diz um radialista local: ‘nós somos formadores de opinião’. Para dar a exata dimensão do nosso estágio de primarismo e ignorância, imagine semi-analfabetos formando opiniões. Parafraseando o texto bíblico, enfim, quem bebe dessas fontes, sempre terá sede. E seguem todos bailando.
Cesar Rabelo

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