27/05/2012

os falsos democratas

Não se pode duvidar de nenhuma articulação clandestina, mentirosa e hipócrita, quando o cenário são as instituições da democracia representativa, que dão sustentação ao obsoleto capitalismo que aí está. Desse ponto de vista, claro que ainda falta muito para ser explicado pela direção nacional do PT, acerca daquilo que ficou conhecido como o mensalão.

Cedo ou tarde, o  partido terá que fazer esse acerto de contas, não apenas com  o povo brasileiro, mas com a  sua própria história. E, quanto mais for adiado esse processo de investigação e de absorção de responsabilidades, mais desgaste haverá para o partido - sem contar que, ás vezes, fugir da sua própria história falsifica essa mesma história.
O que seria uma lástima para a história de um  partido  que (em que pese as atuais contradiçoes decorrentes de seus compromissos institucionais)  soube cumprir o seu papel histórico, e se tornou um dos partidos que mais contribuiu para o avanço concreto da transformações sociais no país. 

Por outro lado, isso não significa que qualquer pessoa ou qualquer veículo de comunicação tenha a credibilidade necessária para pautar esse acerto de contas do PT com o povo brasileiro. Muito menos quando esse veículo tem uma história de manipulações e de posturas tendenciosas, tal  como a  revista Veja. E quando essas pessoas têm uma postura completamente antipopular e antidemocrática, tal como  o ministro Gilmar Mendes várias vezes manifestou em suas passagem pelo STF. 

O texto de Carta Maior escancara um pouco desse oportunismo e dessa manipulação, com os quais essas pessoas e esses veículos tentam conduzir fatos e situações em benefício próprio, ou de seus grupos de poder, nunca em benefício da luta do povo brasileiro em busca de sua dignidade e de sua construção de uma história soberana e fraterna.

Gilmar Mendes & Veja: a pauta do desespero

A revista que arrendou uma quadrilha para produzir 'flagrantes' que dessem sustentação a materias prontas contra o governo, o PT, os movimentos sociais e agendas progressistas teve a credibilidade ferida de morte com as revelações do caso Cachoeira. VEJA sangra em praça pública. Mas na edição desta semana tenta um golpe derradeiro naquela que é a sua especialidade editorial: um grande escândalo capaz de ofuscar a própria deriva. À falta dos auxilares de Cachoeira, recorreu ao ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, que assumiu a vaga dos integrantes encarcerados do bando para oferecer um 'flagrante' à corneta do conservadorismo brasileiro. Desta vez, o alvo foi o presidente Lula.

A semanal transcreve diálogos narrados por Mendes de uma inexistente conversa entre ele e o ex-presidente da República, na cozinha do escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar Mendes --sempre segundo a revista-- acusa Lula de tê-lo chantageado com ofertas de 'proteção' na CPI do Cachoeira. Em troca, o amigo do peito de Demóstenes Torres, com quem já simulou uma escuta inexistente da PF (divulgada pelo indefectível Policarpo Jr, de VEJA, a farsa derrubou o diretor da ABI, Paulo Lacerda), deveria operar para postergar o julgamento do chamado 'mensalão'.

Neste sábado, Nelson Jobim, insuspeito de qualquer fidelidade à esquerda, desmentiu cabalmente a versão da revista e a do magistrado. Literalmente, em entrevista ao Estadão, Jobim disse: 'O quê? De forma nenhuma, não se falou nada disso. O Lula fez uma visita para mim, o Gilmar estava lá. Não houve conversa sobre o mensalão; tomamos um café na minha sala. O tempo todo foi dentro da minha sala (não na cozinha); o Lula saiu antes; durante todo o tempo nós ficamos juntos", reiterou.

A desfaçatez perpetrada desta vez só tem uma explicação: bateu o desespero; possivelmente, investigações da CPI tenham chegado perto demais de promover uma devassa em circuitos e métodos que remetem às entranhas da atuação de Mendes e VEJA nos últimos anos. Foram para o tudo ou nada. No esforço para mudar o foco da agenda política e criar um fato consumado capaz de precipitar o julgamento do chamado 'mensalão', jogaram alto na fabricação de uma crise política e institucional. O desmentido de Jobim nivela-os à condição dos meliantes já encarcerados do esquema Cachoeira. A Justiça pode tardar. A sentença da opinião pública não.

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