George Saraiva mora em Guarapari e também participa da Oficicina Poiesis. No primeiro poema, 'desarmonia' , uma interessante simbiose – apesar da aparente oposição - entre linguagem e conteúdo, pois, se está a apontar impotências e impertinências de seu personagem/romancista, o poeta o faz com a fala e os recursos do romancista: a argúcia psicológica, a capacidade de descrever vivências e dimensões complexas, qualidades que são próprias exatamente do romancista (enfim, o poeta age como romancista pelo simples fato de conceber e dissecar de forma tão vigorosa e precisa o seu personagem/romancista).
No segundo poema de George Saraiva - 'blue buballoo' - há um oposto: na sua singeleza, é umé retrato do poeta no meio do instante que passa, no meio mesmo da aparição das coisas, é registro de sua sentinela.
Traz um pouco dessa capacidade serena e modesta de testemunhar o ser e o tempo que tem sido esquecida por uma certa poesia moderna, na sua preocupação excessiva ora com labirintos existenciais e narcisistas, ora com a legítima invenção de códigos verbais, ora com o simples jogo com as palavras; jogos e códigos que, originais ou repetitivos, depois irão servir de objeto/pretexto para críticos, professores e/ou prefaciadores debruçarem-se sobre o poema e as palavras como se estivessem a dissecar entranhas ou analisar partículas com microscópios.
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