Mais uma medida de repressão aos movimentos populares. Sob a alegação de que irá construir um CEU na área ocupada pelos sem teto, a Prefeitura de Guarulhos solicitou na Justiça a reintegração de posse da área ocupada, mesmo que a propriedade seja particular e que o dono não tenha feito tal pedido de reitegração de posse. A Prefeiura também alegou que estava combatendo o surgimento de loteamento clandestino mna cidade.
Sem entrar nesses méritos adminsitrativos e judiciais, a ocupação, e a subsequente repressão, é apenas mais um episódio a escancararar as contradições dess organização social.
É preciso refletir seriamente cada vez que tomamos conheciemnto de fatos assim: o que leva 1.500 famílias a se exporem a essa situação de constrangimento, precariedade e enfrentamento com as forças da repressão, às vezes violento? Estariam ali por pura preguiça, ou por negligência com a própria vida? Abandonados pelas chamadas políticas públicas, na sua fragilidade e desamparo, seriam apenas presa fácil de movimentos de anarquistas, de extremistas ou de militantes meramente oportunistas - tal como imprensa e governantes (à esquerda ou à direita) insinuam?
Ou as suas ações de ocupações seriam em razão de serem eles aqueles que sentem mais diretamente, no dia a dia, em todas as horas, as contradições dessa insana organização social, na qual sequer podemos imaginar a possibilidade de colocar o desamparo e as necessidades das pessoas em primeiro lugar?
É fácil, é reconfortante, poder dar respostas prontas, racionais, articuladas, seja à direita, seja à esquerda. Mas o fato prevalece: há, nas grandes capitais, uma multidão de pessoas jogadas ao frio, à chuva, à alimentação quase inexistente, à humilhação e à perplexidade de não conseguir um lugar (com um mínimo de dignidade, de tranquilidade e de confiança num futuro, mesmo que breve) onde poder deitar e acomodar crianças, velhos e doentes.
Enfim, a Ocupação Lavras, mesmo que derrotada, é mais uma ação de resitência, por parte dessa multidão que não foi absorvida pela organização social e que, portanto, não tem a menor valia para a engrenagem. Que esperem na fila, até chegar a sua vez de receber alguma migalha dos governantes, seja de direita, seja de esquerda - essa é a regra contra a qual ninguém pode se levantar, ou ninguém deveria.
A Ocupção Lavras, com suas 1.500 famílias lançadas novamente na incerteza e na precariedade de uma vida nômade, é mais um episódio protagonizado por aqueles que vivenciam diretamente, sem atenuantes, as contradições insanáveis, e cada vez mais escancaradas, dessa doentia organização econômica.
Na verdade, há uma tarefa histórica para esses excluídos da engrenagem. Suas ações são a mais forte denúncia de que está quase tudo errado. Sem essas ações continuará forte a anestesia, a apatia e a indiferença do grosso da população, pincipalmente da domesticada classe média.
E é muito importante que o planetário movimento Ocupa caminhe junto dessas ações dos realmente excluídos, dos que trazem nas suas próprias e desamparadas existências a mensagem da denúncia, e o anúncio de que algo novo terá que vir.
Nessa Ocupação Lavras, houve mais uma dessas aproximações - leia aqui. É o começo de uma caminhada conjunta, que com certeza se fortalece, à medida em que aumenta número de pessoas desamparadas material e socialmente, e á media em que aumenta o desencanto existencial das pessoas com essa orgnização econômica, mesmo aspessoas amparadas e bem situadas nessa estúpida organização.
Avante, sem as rebeliões e sem as mobilizações não haverá despertar, nem encontro entre pessoas e povos!
imagens extraídas do blog ocupe a periferia
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Sobre outras ocupações e repressões:
Sobre integração entre movimento Ocupa e movimento dos sem-tetos:
Vale a pena pontuar que a ocupação do Lavras não saiu derrotada, como o texto coloca. Primeiro pq nada surge do nada, os movimentos são processuais e embora tenham momentos de refluxo e avanços é justamente na luta prática que temos saltos qualitativos. Em 1996 e 1997 houveram tentativas de ocupação no mesmo terreno, naquela época o movimento era menor, menos organizado e menos aguerrido. Este ano, já fomos desocupados uma vez e nestas ocasiões houve quem dissesse que tínhamos sido derrotados. Quando tornamos a ocupar a área mais conscientes, mais organizados, mais revoltados e mais confiantes - a resposta do poder público veio à altura. O tamanho da truculência deles é o tamanho do incômodo que causamos à ordem. Fica evidente que incomodamos muito! Nenhum de nós tá disposto a arredar pé! E se não for possível, devido a correlação de forças, reocupar já, reocuparemos tão logo os poderosos comessem a acovardar-se diante das massas que se levantam! Não estamos sós! Não estamos derrotados! Um novo mundo avança a passos largos... muito mais largos que os da repressão!
ResponderExcluirThay
ao contrario do que fala o texto acima que os lotes estão sendo vendidos clandestinamente,é pura mentira estou na luta desde o primeiro dia e não vou desistir ate conseguir,muitos falam que os ocupantes tem que ir trabalhar e que são vagabundos mas é pura mentira pois a maioria dos homens trabalha, enquanto nós mulheres ficamos no terreno de dia, muitos pais de família acorda 3 horas da manha e já fizeram inscrição minha casa minha vida e estão ate hoje esperando um telefonema outros foram ao banco e só conseguiam empréstimo para pagar 800,00 por mês com salario que ganhamos mal iria dar pra pagar o empréstimo quanto mais pagar contas e aluguel nós não queremos nada de graça, queremos que lotei o terreno para pagarmos uma parcela mais acessível
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