a esteer basílio
leia também sobre verdes e cinzas
subia a ladeira da manhã
e surpresa-sorridente súbito
admirou e arquitetou fantasias:
e cegos, e também surdosbem que a solitária casa verde
poderia se manter de pé
bem que dessa vez
os bichos deixassem
livre a verde e velha lindeza
a sua frágil e simples verdeza
já ferida de morte, mas viva
e altiva - uma diva e dádiva
para a menina que arquiteta
tão no seu lugar, plantada no tempo
sob a sombra do branco templo
e da alta torre protetora
que ainda intenta alertar
aos cegos bichos demolidores:
haverá crime, pecado, sujeira
não ouvem o Alto
não vêem o Branco
não sentem o Azul
não cantam com o Negro
não podem admirar
a verdadeira obra de arte
pintura que juntos criam:
a casa verde, o anil céu
a alva alta torre catedral
o negro poeta pássaro
o cinza triste do olhar menina
os bichos, coitados e cruéis
e seus poderosos braços e máquinas
e maravilhosas ideias e engenharias:
peças de sempre a servir
“as cabeças monstruosas
e a cidade que elas constroem
em busca da felicidade” *
inda assim a menina passa leve
releva as cinzas dos bichos
desolha o desolado e o quase-demolido
e o olhar só leva a lavada alma da manhã
flutuando como moldura da pintura
e é só o que irá morar na sua memória
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