07/02/2021

úmidos contastes - 02


Após o testemunho e oferenda das águas vermelhas e verdes, eis que que outra contrastante aparição me convoca o olhar. Novamente o Ser me interpela para a percepção da Origem. 

Embora não tão nítida, ou espetacular e chamativa, mas com a mesma e discreta delicadeza. A folhagem verde em mudo diálogo de  despedida com as folhas amarelas ou castanhas,  já tendo cumprido o seu papel de agir como verdes entes, como folhagem viva de seiva.
Levada pelas águas da chuva, desliza agora rumo a uma nova e desconhecida trajetória no meio dos entes - dispersão, encontros, fusões, sabe-se lá com o que o onde.





E, mais à frente, outras e muitas folhagens perecidas, que não foram carregadas pelas impetuosas águas, permanecendo à espera em meio às pedras do parque. 


E, no que esperaram,  eis que serviram de dançarina companhia para o arrojado vento, que veio junto com a chuva. Bailaram, bailaram, arrastadas pelo impetuoso dançarino,  e ao fim da lépida  e louca dança, o vento as deixou novamente pelo solo - o impetuoso e incansável viajante sedutor de flores e gentes e tantos outros entes. 



Mas, agora, as folhagens  já mais espalhadas, formando desenhos inesperados, transformando-se já em novos entes, mesmo que inda na condição de folhagens recém-perecidas, sem ainda terem tido tempo par as habituais e inevitáveis metamorfoses físicas e químicas, enfim, sem ainda terem ganhado nova roupagem aos olhos dos entes humanos.



 

A aparição da Origem - oferenda do Ser aos entes humanos - está sempre à nossa frente, basta aprender a olhar e  sentir, basta deixá-la silenciosamente entrar em nós, basta nos oferecermos como  clareira para a abertura do Ser e da Origem através dos entes.  

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