Após o testemunho e oferenda das águas vermelhas e verdes, eis que que outra contrastante aparição me convoca o olhar. Novamente o Ser me interpela para a percepção da Origem.
Embora não tão nítida, ou espetacular e chamativa, mas com a mesma e discreta delicadeza. A folhagem verde em mudo diálogo de despedida com as folhas amarelas ou castanhas, já tendo cumprido o seu papel de agir como verdes entes, como folhagem viva de seiva.
Levada pelas águas da chuva, desliza agora rumo a uma nova e desconhecida trajetória no meio dos entes - dispersão, encontros, fusões, sabe-se lá com o que o onde.
E, mais à frente, outras e muitas folhagens perecidas, que não foram carregadas pelas impetuosas águas, permanecendo à espera em meio às pedras do parque.
E, no que esperaram, eis que serviram de dançarina companhia para o arrojado vento, que veio junto com a chuva. Bailaram, bailaram, arrastadas pelo impetuoso dançarino, e ao fim da lépida e louca dança, o vento as deixou novamente pelo solo - o impetuoso e incansável viajante sedutor de flores e gentes e tantos outros entes.
Mas, agora, as folhagens já mais espalhadas, formando desenhos inesperados, transformando-se já em novos entes, mesmo que inda na condição de folhagens recém-perecidas, sem ainda terem tido tempo par as habituais e inevitáveis metamorfoses físicas e químicas, enfim, sem ainda terem ganhado nova roupagem aos olhos dos entes humanos.
A aparição da Origem - oferenda do Ser aos entes humanos - está sempre à nossa frente, basta aprender a olhar e sentir, basta deixá-la silenciosamente entrar em nós, basta nos oferecermos como clareira para a abertura do Ser e da Origem através dos entes.
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