A fala de Mariana Botelho é sem dúvida algo que a gente sente logo vontade de definir como ‘coisa suave’.
Sim, para além do jogo verbal fácil e previsível, o fato é que se é logo remetido para o nome de seu espaço na internet.
Surpreende a maneira singela e espontânea como Mariana expressa obscuridades, vivências e encontros de difícil descrição. Sua poesia está inundada de águas e nostalgias, de silêncios e sedes, mas tudo isso partilhado de fato com quem a lê. Há que aplaudir ainda a naturalidade e a pertinência com que ela brinca, joga, dialoga com o próprio poema, com o próprio ato de criar, fecundar poesia, também isso singelamente ofertado a leitor, sem necessitar complexas e sufocantes dissecações.
Essa facilidade de construir pontes com o leitor – seja ele quem for, artista ou não – sem abrir mão da invenção, só vem a confirmar algo que já tivemos oportunidade de abordar em outro texto aqui no blog ("sobre o desvelar"): é possível, sim, dar luz a uma poética elaborada e inquieta e, ao mesmo tempo, preservar um mínimo de contato com o leitor – claro, desde que esse contato seja uma das preocupações, ou propostas, do poeta.
Lendo os poemas de Mariana lembro-me imediatamente de outro poeta presente aqui no blog, Vicente Filho, também lá do norte de Minas - Poté, próximo ao Vale do Jequitinhonha. Claro, a fala de Mariana é mais elaborada, o poema é mais burilado, mas percebe-se nos dois a mesma espontaneidade e a mesma vocação para a concisão, o poema enxuto. Posso estar até entusiasmado, mas me parece haver uma simbiose perfeita entre os poemas “sertão, poté”, “nascente” e “água’’.
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