28/02/2010

américa latina: lúcida e ousada... (I)

... e colorida como sempre

Num encontro de cúpula, ocorrido agora em fevereiro, no México, os países da América Latina e do Caribe aprovaram a criação de um novo bloco regional, sem a participação dos Estados Unidos e do Canadá. O nome provisório da organização é Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos. Ressalte-se que a decisão se deu por unanimidade, com aprovação dos chefes de governo e ministros de todos os 32 países presentes ao Encontro.

A iniciativa é de uma ousadia histórica e extremamente oportuna. Não se trata de exercitar aqui um antiamericanismo estéril e supostamente ultrapassado.Pois o fato é que as ações do governo Obama, na política externa, caminham com segurança na direção da manutenção e ampliação do domínio militar dos Estados Unidos sobre o resto do mundo.

Aumento do número de tropas no Afeganistão, ampliação para o Paquistão da chamada “guerra contra o terror” e preparação da opinião pública mundial para uma eventual invasão do Irã. Analistas atentos vêem nessas ações uma estratégia para ‘cercar’ militarmente cada vez mais a Rússia e principalmente a China.
Ou seja, o governo americano já teria optado pelo confronto militar em grandes proporções, como forma de evitar a todo custo o seu inevitável declínio no âmbito da economia, da política e da cultura.

Os governantes e as elites dos EUA não estariam aceitando a clamorosa mudança pela qual o mundo vem passando, em direção a uma pluralidade de poder, com mais países, ou blocos de países, tendo condições econômicas e políticas de decidir os destinos de seus povos, e da própria humanidade. Os EUA não estariam prontos para renunciar ao seu arrogante e implacável, doentio e assassino papel de império mundial, de única superpotência do mundo, para se contentar em ser apenas uma entre dez ou mais potências mundiais.
Enfim, a conhecida e perigosa situação de uma fera agonizante, que esperneia para todos os lados, atacando e ferindo a todos que estiverem muito próximos, antes de se aquietar, de ser dominada.
O terrível é que, no caso, a fera americana possui uma apavorante capacidade destrutiva, todos os povos do mundo estão ao seu alcance, ‘muito próximos’ da fera e, além disso, toda essa capacidade de destruição está sob o controle de indivíduos e grupos de poder que nunca puderam descobrir outros sentidos para a existência que não fossem o poder, a destruição, o domínio sobre as pessoas, sobre os povos e sobre o próprio planeta.

No momento oportuno, publicaremos alguns textos que procuram demonstrar como essa opção pelo caminho militar já está claramente desenhada nas ações do governo Obama.
Por ora, fiquemos no âmbito da nossa pátria América Latina: instalação de bases militares na Colômbia e no Paraguai, apoio clandestino ao golpe em Honduras, reativação da IV Frota no Atlântico Sul, ocupação militar do Haiti e militarização da região das Malvinas pela aliada Inglaterra.
São todas ações decididas, rápidas, como se estivessem seguindo de fato um cronograma já traçado pelos núcleos de decisão do governo americano. São ações que parecem ter como objetivo transformar o continente num território potencialmente explosivo - uma das ações mais visíveis de provocação e de tentativa de instauração da discórdia entre os povos da região vem se dando através da criação de uma atmosfera de tensão entre os povos da Colômbia e da Venezuela.
Afinal, quem mais teria a perder com conflitos armados na região seriam os governos democráticos e populares - que pela primeira vez na história são maioria na região - que vêm implementando as condições para as transformações profundas neste sofrido e espoliado continente latino. E é óbvio que essas transformações não interessam às elites desses países e muito menos ao poder imperial das elites americanas.
Na postagem abaixo, seguem os endereços de alguns textos, para quem quiser refletir melhor sobre essas questões e extrair suas próprias conclusões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário