01/07/2010

copa da áfrica X: chávez profeta?

Copa da África do Sul, Copa do Mercosul?

Já na primeira semana da Copa, o lider popular da Venezuela, Hugo Chávez, fazia uma provocação política - inconsistente apenas na aparência. Chávez relacionava o fracasso de algumas seleções européias, e o sucesso das seleções sul-americanas, com a respectiva situação econômica de seus países (detalhes no site da Band).

Profético, folclórico ou apenas provocativo,  o fato é que Chávez foi o primeiro - e isso já no início da Copa - a chamar atenção para a singular predominância do futebol sulamericano neste Mundial.
Alguns números: das 13 seleções européias, apenas 06 se classificaram para  a segunda fase (menos de 50%), enquanto que todas as 06 seleções sulamericanas passaram (100%).
E mesmo se for levadas em conta todas as seleções americanas, das 08 seleções, 07 passaram à segunda fase ( +- 90% de aproveitamento).

Mais surpreendente ainda: há grandes possibilidades de termos uma semifinal exclusivamente sulamericana, melhor, uma semifinal de países do Mercosul.
Claro, são coisas do futebol, diríamos nós. E é o imprevisível que torna o futebol apaixonante. Claro que na próxima Copa pode ocorrer exatamente o inverso.
Mas, neste momento, não deixa de ter um caráter simbólico muito forte comparar a renovação do futebol sulamericano com as transformações sociais e políticas que vem acontecendo na região.

Como se as rupturas e os avanços políticos e populares inspirassem os nossos técnicos e jogadores a promoverem também uma ruptura nos campos de futebol. Ou melhor, uma síntese. Já não mais se preocupando em praticar apenas o futebol força, o futebol de resultados, tipicamente europeu. Mas promovendo um retorno às origens, procurando aliar o futebol de resultados com o futebol criativo, dançante, espontâneo, mais próximo da cultura latinoamericana  e africana. Tomara que Chávez seja tão bom profeta quanto o é como líder popular.
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Assim, eis-nos de volta ao Mundial da África. Afinal, Copa do Mundo somente de quatro em quartro anos. Mesmo porque a próxima será no Brasil, e de um jeito ou de outro (a favor ou contra, execrando ou aplaudindo, ou uma mistura de ambos) o tema estará presente em nossos noticiários, textos, debates e conversas. 

Como uma prévia desses nossos questionamentos futuros, interessante, então, começar com uma análise da questão política e econômica da Copa e do país onde ela acontece atualmente. O texto abaixo, trecho de uma matéria do Correio da Cidadania aborda com seriedade a questão.

Como se lerá, a excelente  matéria faz contundentes e benvindos questionamentos e denúncias ao papel da FIFA e de seus dirigentes, notadadmente Joseph Blatter e apaniguados. 
Não apenas por uma feliz coincidência, mas aproveitando muito bem o clima de Copa do Mundo,  a revista Carta Capital  desta semana (edição 602) também traz uma contundente reportagem, exatamente sobre essa ambígua e onipresente entidade máxima do futebol mundial.

Infelizmente não dá para ter acesso online, é preciso comprar a revista impressa. Mas para se ter uma idéia: na capa aparecem Havelange, Blatter e Ricardo Teixeira, com a seguinte chamada: 'Eles não resistiriam a uma Lei da Ficha Limpa'. Uma ótima oprtunidade para você conhecer melhor  'a FIFA que poucos conhecem'.
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Retornando ao enfrentamento de Dunga com a Rede Bobo, abordado aqui no mês passado, temos um texto de Laurindo Lalo Leal Filho, bastante elucidativo ao relacionar a atitude de Dunga com outras posturas de enfrentamento à Rede Bobo, que aconteciam já na década de 70.

Já o texto do site R7 faz um histórico das tensões, de longa data, existentes entre o técnico da seleção e a dupla CBF-Rede Bobo. Por conta desse enfrentamento, o autor do texto afirma que mesmo que o Brasil vença  a Copa, Dunga será alijado do comando da seleção - para não incomodar o esquema.

Os três textos ora publicados, mais a matéria de Carta Capital, dão bem uma idéia de como os mecanismos de mercado e de dominação social - com seus inseparáveis mecanismos de corrupção e de fraude - se apropriaram dessa que deveria ser a mais festiva e a mais universal das manifestações populares; de como se aproriaram do maior de nossos eventos em nível planetário, a Copa do Mundo, que deveria e poderia legitimamente integrar, mesmo que precária e fugazmente, todos os povos do planeta - e não apenas servir de mais uma oportunidade para enriquecimento, exploração de trabalhadores, dominação política e corrupção. 

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