Ainda com relação a eventos impactantes neste período de superação do capitalismo, Maio foi o mês da suposta morte de Bin Laden por militares norte-americanos.
Para além da complexidade e da estranheza que envolvem a figura de Bin Laden e o polêmico episódio do 11 de setembro, fica uma certeza: os árabes, acusados de fundamentalistas, fanáticos e retrógrados, talvez tenham sido os mais ousados, os mais modernos dentre todos nós.
Afinal, depois da geração da contracultura, nenhum grupo, povo ou movimento ousou de fato questionar, duvidar (e, mais que tudo, combater até mesmo com a própria vida) os malefícios provocados pelo projeto de conquista do Ocidente, com seus valores e e com seu modo de vida difundidos pelo mundo afora.
Para além da complexidade e da estranheza que envolvem a figura de Bin Laden e o polêmico episódio do 11 de setembro, fica uma certeza: os árabes, acusados de fundamentalistas, fanáticos e retrógrados, talvez tenham sido os mais ousados, os mais modernos dentre todos nós.
Afinal, depois da geração da contracultura, nenhum grupo, povo ou movimento ousou de fato questionar, duvidar (e, mais que tudo, combater até mesmo com a própria vida) os malefícios provocados pelo projeto de conquista do Ocidente, com seus valores e e com seu modo de vida difundidos pelo mundo afora.
Não se está aqui afirmando, de forma alguma, que esses valores e esse modo de vida tenham trazido apenas dor, repressão e empobrecimento existencial, o que está se apontando é que os árabes foram os únicos nas últimas décadas a iniciar de fato um acerto de contas com o Ocidente.
Um grito de alerta
Com suas bombas e com seu fundamentalismo religioso, os árabes da Al-Qaeda talvez tenham apenas lançado um corajoso e desesperado grito de alerta contra o erro e o mal, contra o pecado que estaremos cometendo se deixarmos que os comandantes do Ocidente prossigam em seu insano projeto de conquista, de domínio do mundo e da vida, do Real, a qualquer preço e sem objetivos humanitários; esse insano projeto que, embora admiravelmente racional e eficiente em suas técnicas e métodos, não tem inteligência nenhuma, não tem sabedoria alguma em se tratando de alimentar ou ao menos estimular a plenitude de vida das pessoas e dos povos.
É como se os árabes houvessem percebido que - nas décadas de 80 e 90 - a apatia, a impotência ou a perplexidade envolveram, em maior ou menor grau, todas aquelas pessoas, movimentos, idéias e grupos que poderiam enfrentar os comandantes do Ocidente. E, assim, já que estávamos por demais fragmentados, impotentes e confusos, foi como se os árabes tivessem tomado para si a tarefa de se contraporem à insanidade dos comandantes, até que pudéssemos de novo nos reagruparmos e compreendermos melhor o que estava acontecendo.
Desse ponto de vista, não é nenhum absurdo ou devaneio considerar os árabes da Al-Qaeda como companheiros de jornada nesse dificil e ainda confuso processo de transição pelo qual passa a humanidade. Afinal, nem todos estão dispostos ou conseguem lutar apenas com palavras de ordem, marchas e poemas, há aqueles povos e indivíduos que, pela sua própria história, só podem enfrentar com bombas aquilo que consideram como erro.
Afinal, pode estar chegando o tempo em que estaremos de fato marchando para que um Oriente e Ocidente se encontrem e comunguem, sem imposição e sem domínio, sem distância e sem hostilidade, para que se alimentem um ao outro e um do outro. Para que um dia as bombas explodam apenas em forma de palavras, de poemas, de dança, de música.
Parar o atentado contra o Ser
Falar nisso, e para além do enigma Bin Laden, publiquei aqui um poema sobre essa já lendária figura. Fi-lo em 2006, quando se completaram cinco anos do atentado de 11 de setembro. No poema expressei exatamente essa ambiguidade que cerca Bin Laden: tendo sido cria dos americanos e da CIA, de que lado estava afinal: à direita, à esquerda, do lado de cá, do lado do sonho e da crença na comunhão entre pessoas e povos, ou do lado de lá, do lado das sangrentas bandeiras inglesas e americanas, dançando a dança da morte de Bush e de Blair? Foi apenas teatro a sua espantosa e épica trajetória entre nós?
Não importa o que de fato o que motivou Bin Laden, não importa até onde a sua figura foi fabricada ou manipulada pelos poderes estabelecidos. O que importa é que, de uma forma ou de outra, a sua imagem se firmou como símbolo de que, além de possível e necessário, é urgente questionar, enfrentar e derrotar um modo de organização social que caminha cada vez mais para a irracionalidade, que se apresenta cada vez mais com um erro gritante, como pecado contra a vida e contra o próprio Ser - pois se, como dizia Hegel, tudo, inclusive nós, é uma manisfestação do Espírito ou do próprio divino, então atentar contra nós próprios e contra o mundo é também um atentado contra o esse ainda enigmático projeto do Ser ou do Espírito.
Um grito de alerta
Com suas bombas e com seu fundamentalismo religioso, os árabes da Al-Qaeda talvez tenham apenas lançado um corajoso e desesperado grito de alerta contra o erro e o mal, contra o pecado que estaremos cometendo se deixarmos que os comandantes do Ocidente prossigam em seu insano projeto de conquista, de domínio do mundo e da vida, do Real, a qualquer preço e sem objetivos humanitários; esse insano projeto que, embora admiravelmente racional e eficiente em suas técnicas e métodos, não tem inteligência nenhuma, não tem sabedoria alguma em se tratando de alimentar ou ao menos estimular a plenitude de vida das pessoas e dos povos.
É como se os árabes houvessem percebido que - nas décadas de 80 e 90 - a apatia, a impotência ou a perplexidade envolveram, em maior ou menor grau, todas aquelas pessoas, movimentos, idéias e grupos que poderiam enfrentar os comandantes do Ocidente. E, assim, já que estávamos por demais fragmentados, impotentes e confusos, foi como se os árabes tivessem tomado para si a tarefa de se contraporem à insanidade dos comandantes, até que pudéssemos de novo nos reagruparmos e compreendermos melhor o que estava acontecendo.
Desse ponto de vista, não é nenhum absurdo ou devaneio considerar os árabes da Al-Qaeda como companheiros de jornada nesse dificil e ainda confuso processo de transição pelo qual passa a humanidade. Afinal, nem todos estão dispostos ou conseguem lutar apenas com palavras de ordem, marchas e poemas, há aqueles povos e indivíduos que, pela sua própria história, só podem enfrentar com bombas aquilo que consideram como erro.
Afinal, pode estar chegando o tempo em que estaremos de fato marchando para que um Oriente e Ocidente se encontrem e comunguem, sem imposição e sem domínio, sem distância e sem hostilidade, para que se alimentem um ao outro e um do outro. Para que um dia as bombas explodam apenas em forma de palavras, de poemas, de dança, de música.
Parar o atentado contra o Ser
Falar nisso, e para além do enigma Bin Laden, publiquei aqui um poema sobre essa já lendária figura. Fi-lo em 2006, quando se completaram cinco anos do atentado de 11 de setembro. No poema expressei exatamente essa ambiguidade que cerca Bin Laden: tendo sido cria dos americanos e da CIA, de que lado estava afinal: à direita, à esquerda, do lado de cá, do lado do sonho e da crença na comunhão entre pessoas e povos, ou do lado de lá, do lado das sangrentas bandeiras inglesas e americanas, dançando a dança da morte de Bush e de Blair? Foi apenas teatro a sua espantosa e épica trajetória entre nós?
Não importa o que de fato o que motivou Bin Laden, não importa até onde a sua figura foi fabricada ou manipulada pelos poderes estabelecidos. O que importa é que, de uma forma ou de outra, a sua imagem se firmou como símbolo de que, além de possível e necessário, é urgente questionar, enfrentar e derrotar um modo de organização social que caminha cada vez mais para a irracionalidade, que se apresenta cada vez mais com um erro gritante, como pecado contra a vida e contra o próprio Ser - pois se, como dizia Hegel, tudo, inclusive nós, é uma manisfestação do Espírito ou do próprio divino, então atentar contra nós próprios e contra o mundo é também um atentado contra o esse ainda enigmático projeto do Ser ou do Espírito.
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