Têm sido realizadas, no restaurante “Sol da Terra”, Centro de Vitória, reuniões para a organização de um espaço alternativo na Feira do Verde.
Será um espaço de contraponto ao marketing social e ambiental, no qual as grandes empresas transformam a Feira. Até o momento têm participado membros da Brigada Índígena, do Coleduc - Coletivo Educador Ambiental, FASE, Fórum de Entidades do sul do estado e inúmeros outros militantes e entidades (cerca de 20 pessoas).
A Feira do Verde começa no dia 10/11 e será realizada na Praça do Papa.
Um ponto que tem se feito presente nas reuniões é o cuidado com o caráter da intervenção de um movimento alternativo e contestador, crítico e emancipatório, num evento eminentemente institucional. Afinal, fomos convidados e concordamos em participar de um acontecimento onde vão estar presentes grandes empresas poluidoras de nosso estado, ou melhor, um evento onde o discurso maquiado dessas empresas acaba por prevalecer.
Nesse caso, a saída mais lógica seria ir direto para o enfrentamento e o questionamento explícitos, contundentes, desse discurso e dessas práticas preservacionistas e reducionistas, que tentam direcionar o problema da degradação ambiental para questões meramente técnicas, numa visão fragmentada, distorcida, que inclusive procura sutilmente passar a mensagem de que os cidadãos têm a mesma culpa das empresas e dos governos e de que as pessoas - enquanto indivíduos e não enquanto coletivos - teriam o poder de mudança e reversão do problema ambiental. Vide o slogan da Feira: “Somos todos responsáveis...”
Mas foi observado que o enfrentamento radical poderia não ser a estratégia correta, pois poderíamos perder o espaço conquistado no território do próprio adversário, ou seja, poderíamos dar motivo para que, no próximo ano, não nos fosse permitido participar da Feira. Além disso, seríamos mal interpretados pelo imenso público que comparecerá à Feira, já que essas pessoas não têm, no seu cotidiano, acesso às reais informações do que se passa com relação à degradação ambiental e, possivelmente, não estariam preparadas para absorver tantas informações contraditórias e de forma tão contundente - o que seria certamente bastante explorado pela mídia conservadora e submissa ao grande capital.
Diante do impasse, falou-se na possibilidade de desistirmos dessa participação pois, nos tornando reféns do ambiente de moderação e distorção dos fatos, correríamos o risco de: a) contribuir para a construção, junto ao grande público, de uma imagem negativa do movimento ambiental autônomo e emancipatório ou b) perder nossa própria identidade e até mesmo a credibilidade que conquistamos enquanto movimento autônomo e combativo, enfim, iríamos “queimar o nosso filme” durante a Feira, seríamos domesticados, cooptados, neutralizados pelo aparato que dá sustentação ao atual modelo de produção e consumo.
Por fim, decidiu-se por uma participação que, mesmo sem partir para a contestação pública e radical, provoque uma espécie de tensão interna durante o evento. Ou seja, a idéia é procurar envolver o grande público, atrair, de forma inteligente e criativa, as pessoas para o espaço de nossos debates, palestras, denúncias – e também mostras, vídeos, fotografias e apresentações culturais de raiz, que não sejam massificantes e alienantes.
Assim, estaremos fazendo a disputa interna e política das mentes e corações que passarem pela Feira, de forma equilibrada, com a possibilidade de conquistarmos cada vez mais espaços de atuação na Feira do Verde – e quem sabe até mesmo subverter, no futuro, os propósitos desse que já é dos maiores eventos de meio ambiente do Brasil. Mas isso, claro, sem perder a autonomia e a coerência entre nosso discurso e nossa prática.
Por falar em autonomia, uma das entidades parceiras, a Brigada Indígena, optou por nos apoiar e desenvolver atividades conjuntas, mas sem que as suas manifestações e estratégias de atuação ficassem a reboque da nossa intervenção na Feira. Em suas intervenções a Brigada Indígena sempre opta por manifestações mais contundentes, enfrentamentos mais radicais, sem cair na agressão física ou na destruição de patrimônio. Veremos o que os companheiros da Brigada reservam neste ano para nós, para o grande público e, claro, para os grandes responsáveis pela degradação ambiental.
Ainda sobre o Lado B da Feira do Verde: estarei publicando em breve a programação completa das atividades, assim que a mesma estiver concluída.
Será um espaço de contraponto ao marketing social e ambiental, no qual as grandes empresas transformam a Feira. Até o momento têm participado membros da Brigada Índígena, do Coleduc - Coletivo Educador Ambiental, FASE, Fórum de Entidades do sul do estado e inúmeros outros militantes e entidades (cerca de 20 pessoas).
A Feira do Verde começa no dia 10/11 e será realizada na Praça do Papa.
Um ponto que tem se feito presente nas reuniões é o cuidado com o caráter da intervenção de um movimento alternativo e contestador, crítico e emancipatório, num evento eminentemente institucional. Afinal, fomos convidados e concordamos em participar de um acontecimento onde vão estar presentes grandes empresas poluidoras de nosso estado, ou melhor, um evento onde o discurso maquiado dessas empresas acaba por prevalecer.
Nesse caso, a saída mais lógica seria ir direto para o enfrentamento e o questionamento explícitos, contundentes, desse discurso e dessas práticas preservacionistas e reducionistas, que tentam direcionar o problema da degradação ambiental para questões meramente técnicas, numa visão fragmentada, distorcida, que inclusive procura sutilmente passar a mensagem de que os cidadãos têm a mesma culpa das empresas e dos governos e de que as pessoas - enquanto indivíduos e não enquanto coletivos - teriam o poder de mudança e reversão do problema ambiental. Vide o slogan da Feira: “Somos todos responsáveis...”
Mas foi observado que o enfrentamento radical poderia não ser a estratégia correta, pois poderíamos perder o espaço conquistado no território do próprio adversário, ou seja, poderíamos dar motivo para que, no próximo ano, não nos fosse permitido participar da Feira. Além disso, seríamos mal interpretados pelo imenso público que comparecerá à Feira, já que essas pessoas não têm, no seu cotidiano, acesso às reais informações do que se passa com relação à degradação ambiental e, possivelmente, não estariam preparadas para absorver tantas informações contraditórias e de forma tão contundente - o que seria certamente bastante explorado pela mídia conservadora e submissa ao grande capital.
Diante do impasse, falou-se na possibilidade de desistirmos dessa participação pois, nos tornando reféns do ambiente de moderação e distorção dos fatos, correríamos o risco de: a) contribuir para a construção, junto ao grande público, de uma imagem negativa do movimento ambiental autônomo e emancipatório ou b) perder nossa própria identidade e até mesmo a credibilidade que conquistamos enquanto movimento autônomo e combativo, enfim, iríamos “queimar o nosso filme” durante a Feira, seríamos domesticados, cooptados, neutralizados pelo aparato que dá sustentação ao atual modelo de produção e consumo.
Por fim, decidiu-se por uma participação que, mesmo sem partir para a contestação pública e radical, provoque uma espécie de tensão interna durante o evento. Ou seja, a idéia é procurar envolver o grande público, atrair, de forma inteligente e criativa, as pessoas para o espaço de nossos debates, palestras, denúncias – e também mostras, vídeos, fotografias e apresentações culturais de raiz, que não sejam massificantes e alienantes.
Assim, estaremos fazendo a disputa interna e política das mentes e corações que passarem pela Feira, de forma equilibrada, com a possibilidade de conquistarmos cada vez mais espaços de atuação na Feira do Verde – e quem sabe até mesmo subverter, no futuro, os propósitos desse que já é dos maiores eventos de meio ambiente do Brasil. Mas isso, claro, sem perder a autonomia e a coerência entre nosso discurso e nossa prática.
Por falar em autonomia, uma das entidades parceiras, a Brigada Indígena, optou por nos apoiar e desenvolver atividades conjuntas, mas sem que as suas manifestações e estratégias de atuação ficassem a reboque da nossa intervenção na Feira. Em suas intervenções a Brigada Indígena sempre opta por manifestações mais contundentes, enfrentamentos mais radicais, sem cair na agressão física ou na destruição de patrimônio. Veremos o que os companheiros da Brigada reservam neste ano para nós, para o grande público e, claro, para os grandes responsáveis pela degradação ambiental.
Ainda sobre o Lado B da Feira do Verde: estarei publicando em breve a programação completa das atividades, assim que a mesma estiver concluída.
Bacana o espaço do blog Roberto; ainda não esqueci do seu site, só não tive tempo pra começar, agora mesmo estava dando uma olhada e fazendo umas coisas. Talvez eu precise de algumas fotos. é isso. Abração.
ResponderExcluirGeorge Saraiva