laivos, lavai-vos
é preciso que a memória
se lave nesses laivos de dourado
que descem escadas de nuvens e pedras
a ondular como carícias aéreas
sobre verdes recém-amanhecidos
(até a dura mãe-montanha
se curva a admirar:
a chuva de ouro matinal
sobre as cabeças das árvores-crianças)
e rasgue como faca
os espessos véus de tempo
rumo a surpresas primevas
e aí erga templos despojados
e precários sustentáculos
antes que a ponte de tempo
se esfume no instante
e que a fome de verbo
de novo ignore a si mesma
e ao alimento aí à tua frente
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