Do amor ao Estado e dos amantes da ordem
Pesquisadores especialistas em segurança pública, durante muito tempo, insistiram que o problema da violência e da segurança fazia com que muitas pessoas que viviam em situação ou áreas de riscos, ou mesmo dentro dos presídios, ficassem a mercê de bandidos e criminosos integrantes de comandos e facções.
Argumentavam que essas pessoas entregavam-se nas mãos dos criminosos, por falta de presença do Estado, na medida em que o Estado só aparecia para pobres e favelados com sua face repressiva — a polícia —, capaz apenas de conter os efeitos e não as causas da violência e da insegurança. Para atacar as alegadas causas, era preciso investir em políticas públicas voltadas para redução da pobreza e ampliação do exercício de diretos. Seguindo tal argumentação, a polícia não serve para nada, logo, ela pode ser dispensada, abolida. Mas não foi isso que aconteceu. Hoje, o amor ao Estado e a atuação dos amantes da ordem, ampliou a presença da polícia como prova do zelo de governantes com os seus comandados. Diversificaram as atribuições dos policiais, agora divididas com policiais que não usam fardas militares. Atualmente, a polícia baixa, desce o cacete, para depois oferecer assistência social, médica e odontológica; dar cursos de formação cidadã e até oferecer serviços de agência de empregos.
Irmanadas às ONGs, financiadas por grandes empresas e coordenadas pelo governos estaduais, multiplicam-se os policiais bem formados e caridosos que atuam em periferias, vielas, cortiços, becos, bocas e bibocas, seduzindo um rebanho normalizado que atende, voluntariamente e com fervor, à convocação para serem, também, policiais que zelam pela saúde, bem-estar e segurança da comunidade. Essa educação para a ordem começou, no Brasil, com a aplicação das medidas sócio-educativas em meio aberto para jovens classificados como infratores, que recebiam, dentro e fora das instituições austeras, formação e formatação necessária para acreditar na sua condição de futuro cidadão e adolescente em desenvolvimento. A polícia, hoje, retoma suas funções iniciais de zeladora do bem comum, como anunciada em sua emergência na Europa, multiplicando a presença dos pastores laicos que cumprem suas cátedras policiais como atuação da chamada sociedade civil organizada. Assim, amplia-se o esplendor do Estado e faz-se o regozijo dos assujeitados e amantes da ordem que habitam os campos de concentração a céu aberto.
Na sociedade de controle, política e polícia se irmanaram como a tecnologia de poder que perpetua as práticas disseminadas de governo entre os assujeitados e a crença no Estado como incontornável condição de existência.
Argumentavam que essas pessoas entregavam-se nas mãos dos criminosos, por falta de presença do Estado, na medida em que o Estado só aparecia para pobres e favelados com sua face repressiva — a polícia —, capaz apenas de conter os efeitos e não as causas da violência e da insegurança. Para atacar as alegadas causas, era preciso investir em políticas públicas voltadas para redução da pobreza e ampliação do exercício de diretos. Seguindo tal argumentação, a polícia não serve para nada, logo, ela pode ser dispensada, abolida. Mas não foi isso que aconteceu. Hoje, o amor ao Estado e a atuação dos amantes da ordem, ampliou a presença da polícia como prova do zelo de governantes com os seus comandados. Diversificaram as atribuições dos policiais, agora divididas com policiais que não usam fardas militares. Atualmente, a polícia baixa, desce o cacete, para depois oferecer assistência social, médica e odontológica; dar cursos de formação cidadã e até oferecer serviços de agência de empregos.
Irmanadas às ONGs, financiadas por grandes empresas e coordenadas pelo governos estaduais, multiplicam-se os policiais bem formados e caridosos que atuam em periferias, vielas, cortiços, becos, bocas e bibocas, seduzindo um rebanho normalizado que atende, voluntariamente e com fervor, à convocação para serem, também, policiais que zelam pela saúde, bem-estar e segurança da comunidade. Essa educação para a ordem começou, no Brasil, com a aplicação das medidas sócio-educativas em meio aberto para jovens classificados como infratores, que recebiam, dentro e fora das instituições austeras, formação e formatação necessária para acreditar na sua condição de futuro cidadão e adolescente em desenvolvimento. A polícia, hoje, retoma suas funções iniciais de zeladora do bem comum, como anunciada em sua emergência na Europa, multiplicando a presença dos pastores laicos que cumprem suas cátedras policiais como atuação da chamada sociedade civil organizada. Assim, amplia-se o esplendor do Estado e faz-se o regozijo dos assujeitados e amantes da ordem que habitam os campos de concentração a céu aberto.
Na sociedade de controle, política e polícia se irmanaram como a tecnologia de poder que perpetua as práticas disseminadas de governo entre os assujeitados e a crença no Estado como incontornável condição de existência.
Conversa pra boi dormir, ou pra adormecer o corpo
Nos EUA, depois de uma série de suicídios e assassinatos em massa nas escolas, médicos, pedagogos, juristas e especialista, em geral, começaram a chamar a atenção na mídia para o que seria o fenômeno bullying.
O bullying, de acordo com os mesmos especialistas, seria a prática, entre os alunos, de agredir física, verbal ou psicologicamente os coleguinhas.
Tal fenômeno provocaria tamanho transtorno psicológico, que levaria crianças e jovens a cometer suicídio ou a responder de forma extremamente violenta, como os massacres de Columbine, ou, mais recentemente, na Alemanha.
O bullying, de acordo com os mesmos especialistas, seria a prática, entre os alunos, de agredir física, verbal ou psicologicamente os coleguinhas.
Tal fenômeno provocaria tamanho transtorno psicológico, que levaria crianças e jovens a cometer suicídio ou a responder de forma extremamente violenta, como os massacres de Columbine, ou, mais recentemente, na Alemanha.
Acontece que o american way of life — tão disseminado durante a chamada guerra fria para valorizar o capitalismo em contraposição ao socialismo — estabelece uma lógica de vencedores e perdedores. E hoje em dia, num mundo cada vez mais globalizado, cada um cultiva a crença de que as possibilidades se resumem em: ser como os bem sucedidos empresários (sejam eles médicos, publicitários, psicólogos, traficantes ou altruístas de plantão), ou ser um zé, um resto, um nada.
Esta relação despertou entre alguns a posição de perdedores radicais, cuja existência, sujeita a essa mesma ordem, se restringe à rancorosa destruição do outro que ele não consegue ser. São aqueles que, tendo suportado calados ou covardemente, uma série de sujeições e humilhações de outros colegas, reagem em uma explosão autoritária.
A partir destes casos extremos pesquisas são realizadas para fundamentarem novas medidas e investimentos sobre o corpo das crianças e dos jovens. Criam-se conceitos, doenças, e transtornos que passam a compor uma atmosfera de medo e desconfiança generalizada, e imobilizadora.
Esta relação despertou entre alguns a posição de perdedores radicais, cuja existência, sujeita a essa mesma ordem, se restringe à rancorosa destruição do outro que ele não consegue ser. São aqueles que, tendo suportado calados ou covardemente, uma série de sujeições e humilhações de outros colegas, reagem em uma explosão autoritária.
A partir destes casos extremos pesquisas são realizadas para fundamentarem novas medidas e investimentos sobre o corpo das crianças e dos jovens. Criam-se conceitos, doenças, e transtornos que passam a compor uma atmosfera de medo e desconfiança generalizada, e imobilizadora.
Jovens e crianças se tornam alvo da vigilância constante, sob a ameaça de se tornarem de suicidas a psicopatas. Qualquer impulsividade (própria de qualquer um que tem sangue nas veias) se torna um possível Transtorno Compulsivo já ou na “fase adulta”, que deve ser contido IMEDIATAMENTE.
Pais, escolas, comunidade, médicos, polícia e os próprios alunos se voltam para a prevenção e contenção de um perigo (inexistente) que pode vir a existir. A paranóia é preferível ao descontrole, e desta forma, não sobra muito espaço para a vida.
Crianças e jovens, em qualquer lugar do mundo (ao menos aquelas que já não foram completamente podadas ou dopadas) gostam de experimentar. Experimentam sensações, sabores, sentidos, outras ordens e a sua potência.
Pais, escolas, comunidade, médicos, polícia e os próprios alunos se voltam para a prevenção e contenção de um perigo (inexistente) que pode vir a existir. A paranóia é preferível ao descontrole, e desta forma, não sobra muito espaço para a vida.
Crianças e jovens, em qualquer lugar do mundo (ao menos aquelas que já não foram completamente podadas ou dopadas) gostam de experimentar. Experimentam sensações, sabores, sentidos, outras ordens e a sua potência.
Algumas experimentações às vezes são cruéis. Crianças já adestradas e engessadas na família e mesmo na escola se mostram como pequenos tiranos ou conformistas; para essas, a escola já cumpriu bem o seu papel. Mas qualquer outra criança que tenha sido criada de forma livre sabe reconhecer que só se sujeita quem quer e, como qualquer guerreiro, não fica imóvel diante de um confronto.
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