29/09/2009

a alma

tu sabes que não nos é permitido usar o teu nome.
nós sabemos que tu és inexprimível
anémica, frágil e suspeita
por misteriosas ofensas quando eras criança.

nós sabemos que não te é permitido viver agora
na música ou nas árvores no crepúsculo.
nós sabemos—ou pelo menos disseram-nos—
que tu não existes seja em que lado for.
e no entanto continuamos escutando a tua voz fatigada
--num eco, numa queixa, nas cartas que recebemos
de Antígona no deserto Grego.

adam zagajewski - polônia

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