20/04/2011

guerra da líbia e guerras do brasil

O texto abaixo é uma mensagem postada pelo poeta e diretor de teatro Wilson Coelho, na lista do Opiniões Cênicas, grupo de discussão virtual de Vitória, ES.

Vale pelas reflexões despertadas. Afinal, como já foi apontado aqui em março, é muita coincidência que, logo num país ainda hostil aos EUA e a Israel, as manifestações populares tenham evoluído imediata e eficientemente para uma revolta armada.

E todo mundo sabe que EUA e Europa não estão nem aí para questões humanitárias. Portanto, somente ingênuos e doutrinados acreditam que a Guerra da Líbia tem motivos nobres, ou que seria inevitável. Aliás, com respeito a esse último ponto, porque a mídia e os governantes nunca levaram a sério a proposta de uma comissão de negociação, aventada por alguns governantes da América Latina? Provavelmente não seria tão interessante quanto a guerra...

De tudo isso, o que choca e indigna é, como de costume, a frieza com que governantes e povos dos EUAe da Europa permitem que um povo seja assim massacrado e sua nação seja destruída - prestem mais atenção nessas denúncias acerca da utilização de bombas de urânio empobrecido e de bombas de fósforo branco, nessas guerras do terceiro milênio. É coisa de quem já perdeu a alma há muito tempo. Leia mais em resistir

Tudo bem, não é nada diferente daquilo que foi feito no Vietnã, no Afeganistão, no Iraque, na Palestina... Mas isso sempre nos choca e faz renascer nosso ódio e desprezo para com esses pessoas e poderes que, apesar de serem apenas instrumentos da história em sua complexa evolução dialética, ainda assim são responsáveis pela sua liberdade de agir assim ou assado e, portanto, responsáveis por sua próprias existências primitivas, estreitas, raivosas, egocêntricas.

Falar nisso, que povo será o próximo da lista? Talvez um dia o Brasil do cobiçado pré-sal e da cobiçadíssima Amazônia...? Ah, com certeza que, nesse hipotético dia, um bando de cretinos e de fascistóides iria para a mídia e para as ruas aplaudir e reverenciar os estrangeiros 'salvadores' da pátria - afinal, essas pessoas sempre encontram argumentos para os seus malabarismos verbais e morais, advindos de sua miséria existencial, adequadamente mantida no ponto certo pela sociedade de controle.
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Aliás, passada a trégua da Batalha de 2010, que foram as últimas eleições, parece que os setores retrógrados, presunçosos e egocêntricos começam a se articular novamente, contra o processo de transformação que está em curso neste país (embora obviamente limitado e sem ousadia).
Com essas suas posturas, esses setores pelo menos demonstram sinceridade e  engajamento político, e ajudam a desconstruir o mito de que não há luta de classes no Brasil, de que esse país seria o território por excelência da cordialidade e da conciliação. Na verdade, até o momento em que o processo de transformação possa ocorrer num ambiente institucional e de democracia formal, é claro que uma oposição a esse processo é benvinda e necessária, para servir de contraponto, de correção a excessos e mesmo de complementação ou alternância de projetos.

Mas, desde que seja de fato uma oposição democrática e não fascistóide, que seja de fato modernizante e não obsoleta, desde que seja de fato acomapanhada de um projeto de país e não apenas de manutenção de poderes e privilégios descabidos e descarados.

Não há ainda essa oposição aos governos do PT. E para construí-la não basta apenas a perspicácia e o comprometimento de dirigentes partidários e de líderes empresariais. É preciso que a chamada classe média e alguns setores populares contrários ao PT exijam, reivindiquem uma oposição assim, ao invés de ficar apenas papagueando no mundo digital e no mundo real posições fascistas, obsoletas e simplórias - articuladas, divulgadas e conduzidas por dirigentes partidários, jornalistas, acadêmicos, militares e empresários que perderam o bonde da história.

Ao texto, então, postado por Wilson Coelho e  publicado abaixo.

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