12/04/2011

indagações corrosivas: escolas, pedagogias... e realengo

A mensagem abaixo foi postada inicialmente no Grupo de Discussão do COLEDUC - Coletivo de Eucadores Ambientais de  Vitória, ES, como uma resposta a uma outra mensagem, que convidava os participantes do COLEDUC para se mobilizarem em torno de uma ação política em prol da educação pública. O arquiteto Neison Guimarães respondeu, então, com as palavras abaixo.

por neilson guimarães
prezados...saudações... desculpem-me pela ignorância, mas...
o atual modelo educacional mudará algo no país?
as futilidades impostas aos jovems nas escolas ultrapassadas estão lhes servindo para algo?
resumindo:
os filhos das classes endinheiradas em sua grande maioria se dão bem, porém vejo as proles dos miseráveis sistêmicos continuarem na merda como os vermes, e a educação? para que serve nesse caso?

infelizmente já tenho constatado mendigos que um dia os conheci como operários, e lamentavelmente vejo seus filhos se acabando no craque, a droga do momento...
para que serve a educação para quem não tem dignidade humana, e vive como o escravo contemporâneo para dar bem estar à aristocracia?

agora me digam: qual a diferença de criarem ou não creches domiciliares na superfície do inferno? mudará o que?
parece até aquele papo das vans que fazem transporte público e as grandes empresas de transporte da aristocracia tentando brecar, porque não legalizar os coitados?

sinceramente colegas, quem mudará o atual panorama de exploração humana na superfÍcie do inferno, se até mesmo os próprios polÍticos representantes do povo vivem como sultões, e ainda aumentam o seu salário em 65%, ás custas do sofrimento dos escravos contemporâneos? e os seus próprios filhos estudam em escolas de países de 1º mundo, muito longe da caótica realidade brasileira!

e viva o meio ambiente...e viva as plantinhas e os bichinhos...e viva o capitalismo brutal...
e viva o apocalipse...que venha logo o tsunami!

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Apesar de ser um texto breve, e sem maiores pretensões de articulação, achei muito interessante o tom meio que libertário de sua indignação. Parece derrotismo mas é apenas uma crua constatação: até onde de fato a educação - um dos mais importantes aparatos ideológicos do capitalismo - pode de fato promover a libertação,o enfrentamento contra um sistema que oprime a e imbeciliza cada dia com mais eficiência? E até onde o atual sistema de dominação 'permite' que a educação 'liberte' e 'desperte' as pessoas?

Podemos realmente ter esperança na eficácia de uma mudança 'por dentro', gradual, institucional, feita sem rupturas e sem um radical enfrentamento das condições postas pelo atual sistema de dominação e controle? Vai chegar realmente a hora da superação, digamos, benéfica deste sistema? Ou será que teremos uma superação 'maléfica', de fato caminhando para o 'inferno', ou melhor, para um falso paraíso, tão bem representando pelo livro 'Admirável mundo novo", de Huxley - ou seja uma ditadura tecnológica e robotizante, mas consentida e desejada por uma humanidade cad dia mis resignada, assustada e entorpecida?

Não é colocar em dúvida a construção da cidadania, a validade da formação política e social, muito menos de desacreditar na luta popular e social - por mais desarticulada e cooptada que ela pareça estar em nosso país.

Mas o que o breve texto de Neilson lembra é o senso da urgência, do perigo que nos ronda: será que realmente teremos tempo e  condições de fazer um embate vitorioso contra  a agonizante besta do capitalismo, através apenas da luta institucional? Ou seremos convocados para um enfrenatemnto mais direto e mais ousado? E até onde saberemos captar e apreender a chegada dessa convocação, o chamamento da históia?
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Numa triste coincidência, estava  a finalizar o texto acima exatamente no dia em que ocorreu o Massacre de Realengo - veja texto aqui. Essa tragédia só vem a reforçar a validade das indagações que faço no meu texto e das afirmação que Neison Guimarães faz no seu.

A besta agonizante não se entregará tão facilmente e, enquanto resiste, teremos muita dor, trsiteza e vidas limitadas, medrosas, conduzidas pela sociedade de controle, e às vezes tragédias declaradas como essa de Realengo.

Ecoando Neilson, creio que a seguinte pergunta é oportuna: o que nossas escolas e nossas pedagogias  podem de fato fazer para evitar tragédais assim? Talvez seja o caso se prestar mais atenção nas escolas e pedagogias do MST.

leia também a besta agonizante
de neilson guimarães já publiquei aqui salamaleicon

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