Dois novos acontecimentos acerca das manifestações do Movimento Contra o Aumento em Vitória. Um é a nota conjunta (publicada abaixo) da CJP e do CEDH, respectivamente, Comissão de Justiça e Paz , da Arquidiocese de Vitória, e Conselho Estadual de Direitos Humanos. O outro é uma reunião ampliada do movimento, que vem sendo articulada por Maurício Abdalla, professor de Filosofia da UFES, e que acontecerá amanhã (veja aqui).
Essa reunião tem como um de seus principais objetivos atrair mais pessoas e entidades, numa tentativa de desconstruir a falsa noção de que o movimento é uma iniciativa exclusiva e fechada do movimento estudantil.
É fundamental que essa ampliação ocorra, pois, de fato, o MCA não tem conseguido levar muitas pessoas para as ruas, além dos aguerridos estudantes, e nem tem conseguido mobilizar outras entidades para a discussão do transporte urbano - eu, particularmente, até me senti inibido em participar das mobilizações deste ano, pois no ano passado eu me senti como um estranho no ninho; para dizer a verdade acho que, na manifestação da UFES e em algumas assembléias, de cabelos grisalhos somente havia eu e um sindicalista da categoria dos portuários.
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Na verdade, houve, em 2011, uma iniciativa semelhante, de agregar mais entidades e propostas ao movimento. Chegou-se à conclusão de que o movimento não deveria enfatizar excessivamente a questão do aumento das tarifas e do passe livre, mas tentar mostrar à população e às entidades a importância de se construir uma discussão democrática e transparente, acerca da complexa questão da mobilidade urbana, com tudo o que ela envolve: acesso aos lucros dos empresários, para se poder definir uma tarifa realista; maior número de ônibus, mas com melhoria na qualidade do transporte, de forma que aumente também o número de usuários e diminua o número de veículos pequenos, para que o mero aumento dos ônibus não inviabilize ainda mais o trânsito na região metropolitana; criação de um Conselho de Transporte Urbano relamente democrático e representativo dos usuários, entre outras propostas apresentadas.
Na verdade, houve, em 2011, uma iniciativa semelhante, de agregar mais entidades e propostas ao movimento. Chegou-se à conclusão de que o movimento não deveria enfatizar excessivamente a questão do aumento das tarifas e do passe livre, mas tentar mostrar à população e às entidades a importância de se construir uma discussão democrática e transparente, acerca da complexa questão da mobilidade urbana, com tudo o que ela envolve: acesso aos lucros dos empresários, para se poder definir uma tarifa realista; maior número de ônibus, mas com melhoria na qualidade do transporte, de forma que aumente também o número de usuários e diminua o número de veículos pequenos, para que o mero aumento dos ônibus não inviabilize ainda mais o trânsito na região metropolitana; criação de um Conselho de Transporte Urbano relamente democrático e representativo dos usuários, entre outras propostas apresentadas.
Apesar dessa ampliação do movimento não se ter consolidado ainda em 2011, é de se crer que a inciativa deste ano vá caminhar neste sentido.
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Mas o fundamental, o grande desafio, será o de encontar realmente formas de dialogar com a população, de envolver as pessoas, de convencê-las de que está em jogo é muito mais que um mero aumento de quinze centavos nas passagens, e muito mais que a punição a um ato isolado, tal como foi a queima do ônibus na semana passada (veja aqui).
O desafio será o de trazer as entidades, dos setores ainda combativos dos movimentos sociais, para a construção dessa consciência coletiva. E essa difícil construção e esse desafio estarão vencidos quando, um dia, os usuários dos ônibus (senão todos, ao menos uma grande parte deles) ao invés de reclamarem das mobilizações, por se sentirem prejudicadas no seu direito de ir e vir, desçam dos ônibus e se juntem, mesmo que temporariamente, às manifestações e reivindicações.
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Aliás, talvez uma das formas de envolver e mobilizar entidades e usários, fosse exatamente construir uma proposta ao mesmo tempo mais radical e mais efetiva, mais prática, qual seja, a de reivindicar pura e simplesmente a estatização, a estadualização, a municiplização, ou seja lá o que for, do transporte público na Grande Vitória.
Ou seja, apresentar à população um projeto de lei com planilhas, números, cálculos, etc, que convençam o público de que é viavel politicamente, e economicamente vantajoso para a população, fazer com que o poder público assuma a prestação do serviço de transporte público.
E é uma proposta também estimulante para os movimentos sociais, já que se acenaria com a possibilidade de controle democrático e popular de uma eventual estatização do serviço, com a fiscalização (de valores, orçamentos, planilhas, qualidade do serviço, desvios de conduta etc) sendo praticada pelas entidades, via Conselho de Transporte Público, ou outra instância a ser criada.
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Com relação à receptividade - por parte das entidades e do movimentos sociais - de uma convocação para se ampliar a luta popular em torno da transporte público, a Nota Pública da CJP/CEDH é um sinal de que essa mobilização ampliada na verdade, está endo aguardada pelo movimento social efetivamente combativo.
Registre-se que a CJP esteve presente (na pessoa de seu presidente e do editor deste blog) na iniciativa - ocorrida em 2011 e mencionada acima - de se ampliar essa discussão e mobilização. Registre-se, também, que depois de sua reativação há alguns anos, a CJP vem assumindo uma postura cada vez mais engajada e combativa - e cada vez mais benvinda - com a serenidade e a lucidez próprias de uma pastoral ligada à ala progressista e transformadora da igreja católica.
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