...e os urgentes dilemas da luta popular planetária
Aqui em Vitória, nesta semana do Dia Nacional de Luta, que ocorrerá em 09 de fevereiro, prosseguem as atividades do Movimento Contra o Aumento. Várias atividades estão programadas para a semana.
Na verdade, neste ano tem havido novamente tentativas de uma ampliação do Movimento Contra o aumento, ou seja, um maior envolvimento e articulação de outras entidades do movimento popular - associações de moradores, sindicatos, professoes etc - já que até então as mobilizações têm ficado restritas aos estudantes universitários e secundaristas.
Mas as articulações para esse maior envolvimento não têm avançado, tal como ocorreu no ano passado. No dia 18 de janeiro, houve uma primeira reunião, bastante animada e com participação de muitas entidades, e depois disso não se teve avanços.
Tudo indica que tem havido resistências por parte dos estudantes mais combativos e de suas representações; talvez temam que uma coordenação ampliada e plural possa desvirtuar os rumos do movimento ou fazê-lo perder a sua natureza horizontal, autônoma e descentralizada. Afinal, sabem que em qualquer entidade, em qualquer movimento popular, a maioria de seus membros, ou pelo menos a maioria de suas lideranças, está, de um jeito ou de outro, ligada a algum partido, ou projeto partidário.
É preciso reconhecer que essa preocupação tem razão de ser. Afinal, no mundo inteiro (com os movimentos Ocupa nos EUA e no Brasil, com os Indignados na Europa, com as revolats dos povos árabes) está sendo gestada e praticada uma nova forma de militância política - mais espontânea e transparente, mais criativa e aguerrida, e que resgata um elemento fundamental: a democracia direta, sem hierarquias, burocracias e militâncias passivas.
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Na realidade, essa é uma discussão que já vem desde o ano passado: até onde haverá real eficácia - em termos de transformação das estrututras politicas e econômicas - nessas diferentes e aguerridas formas de mobilização? Elas trazem realmente a semente das lutas do futuro, ou seja as lutas populares terão que aderir a essas novas formas, sob pena de se tornarem obsoletas, inócuas?
Ou os vibrantes movimentos que explodiram em 2011 são apenas um momento enriquecido da história dessas mesmas lutas populares e, nesse caso, têm que ter a humildade e a lucidez de dialogar com outras formas de luta, mais organizadas, disciplinadas e objetivas (dialogar no sentido de aprender e também de ensinar, ou seja, fazer com que as formas tradicionais de resitência avancem, superem seus vícios e oportunismos)?
E é preciso lembrar que aqueles que de fato fazem as mobilizações pelo transporte público em Vitória, e talvez em várias cidades do país, trazem consigo essa postura libertária, que ao mesmo tempo inova e resgata.
Por outro lado, as lutas populares estão retornando a um momento de maior combatividade, maior organização e, principalmente, maior integração, na tentativa de construção de uma pauta e de uma agenda comuns. Algumas ações integradas: o Fórum Social Mundial, A Rede Alerta contra o Deserto Verde, aqui do ES, o próprio Dia Nacional de Luta Cntra o Aumento Tarifário, as mobilizações dos Atingidos por Barragens, dos ativistas do Fórum de Mídia Livre, as ações programadas para ocorrer em junho de 2012, durante a Rio + 20.
E esse rico e urgente momento pede que todas as formas de luta reflitam um pouco mais nas suas limitações e nos seus vícios, nos seus nas contradições e nos seus oportunismos. Afinal, a barbárie se instala, a cada dia mais ameaçadora, entre nós, como resultado direto das contradições em que o capitalismo se enreda atualemnte - a cada solavanco, a cada sintoma de sua crise estrutural, o capital procura saídas cegas e irracionais que vão afetando, sufocando, massacrando, pessoas, relações, vidas, projetos, e o próprio planeta.
É urgente o amadurecimento e a integração de esquerdas, movimentos, resistências.
Com a palavra, a história.
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A propósito, no artigo Lições de Janeiro, no qual Tarso Genro propõe rumos para o Fórum Social Mundial, há algumas palavras bastante oportunas a respeito dessa necessidade de una luta comum:
"Nenhuma das grandes demandas sociais, ecológicas, culturais-nacionais, étnico-nacionais, econômicas e financeiras dos “movimentos” e dos partidos de esquerda, poderão ser cumpridas, com certa abrangência e qualidade, se o império do capital financeiro insaciável, sobre os estados, não for derrogado pela política. A revolução nacional-democrática dos anos 60 deve ser substituída pela revolução internacional democrática, global, para libertar os estados do jugo do capital financeiro: eis um dos temas que o Fórum Social Mundial poderia tratar, sem exigir que as forças que o compõem percam a sua natureza e especificidade."
"O grande problema do Fórum é a possibilidade, primeiro: do isolamento dos movimentos sociais, em relação ao curso das lutas políticas reais, que se travam no interior da estrutura estatal, no âmbito dos poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário -; e segundo: o isolamento dos partidos concretos, realmente existentes, em relação aos movimentos sociais. Eles estão nos sindicatos e nas instituições de representação da sociedade civil e também estão nos próprios movimentos, carentes de agenda política universal. Esta transição, dos movimentos para o coração do Estado, através da política, é o verdadeiro desafio revolucionário do nosso tempo e o Fórum Social Mundial deve uma contribuição para a solução deste enigma, sob pena dele esgotar-se numa estética de protesto sem causa política dotada de universalidade."
É urgente o amadurecimento e a integração de esquerdas, movimentos, resistências.
Com a palavra, a história.
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A propósito, no artigo Lições de Janeiro, no qual Tarso Genro propõe rumos para o Fórum Social Mundial, há algumas palavras bastante oportunas a respeito dessa necessidade de una luta comum:
"Nenhuma das grandes demandas sociais, ecológicas, culturais-nacionais, étnico-nacionais, econômicas e financeiras dos “movimentos” e dos partidos de esquerda, poderão ser cumpridas, com certa abrangência e qualidade, se o império do capital financeiro insaciável, sobre os estados, não for derrogado pela política. A revolução nacional-democrática dos anos 60 deve ser substituída pela revolução internacional democrática, global, para libertar os estados do jugo do capital financeiro: eis um dos temas que o Fórum Social Mundial poderia tratar, sem exigir que as forças que o compõem percam a sua natureza e especificidade."
"O grande problema do Fórum é a possibilidade, primeiro: do isolamento dos movimentos sociais, em relação ao curso das lutas políticas reais, que se travam no interior da estrutura estatal, no âmbito dos poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário -; e segundo: o isolamento dos partidos concretos, realmente existentes, em relação aos movimentos sociais. Eles estão nos sindicatos e nas instituições de representação da sociedade civil e também estão nos próprios movimentos, carentes de agenda política universal. Esta transição, dos movimentos para o coração do Estado, através da política, é o verdadeiro desafio revolucionário do nosso tempo e o Fórum Social Mundial deve uma contribuição para a solução deste enigma, sob pena dele esgotar-se numa estética de protesto sem causa política dotada de universalidade."
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