22/09/2010

a cidade de minas e de niemeyer - 2

hoje cidade tecnocrática, amanhã cidade das gentes...


o Palácio Tiradentes, local de trabalho do governador; na postagem abaixo
(nº 03) fica mais  visível o arrojo da imensa estrutura de concreto supenso
o Palácio Tiradentes
o Auditório Juscelino Kubistcheck: referência à igrejinha da Pampulha,
outra criação de Niemeyer em BH, finalizada em 1943 e encomendada
ao arquiteto exatamente por Juscelino,  prefeito de BH à época.
não sei a propósito de quê, mas essa entrada lateral (veja melhor na
foto abaixo)  do Auditório me lembra vagamente o polêmico Memorial JK,
também projetado por Niemeyer e erguido em Brasília, em 1981.
 
como se sabe.   o Memorial remete claramente aos símbolos do movimento  
comunista, à foice e ao martelo, e  por isso quase foi impedido e destruído
 pelo governo militar. Claro que não houve em Niemeyer uma intenção
consciente de ligar JK à luta revolucionária, mas até parece uma matreira
brincadeira do arquiteto poeta comunista com os  brucutus do regime militar
(caso queira, leia mais sobre o Memorial JK)


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hoje cidade tecnocrática, amanhã cidade das gentes... (2)

Mas, para além dos méritos e deméritos arquitetônicos do conjunto, e para além das digressões políticas e sociológicas de ambos os projetos de Niemeyer, é preciso atentar para um outro aspecto.

Todo essa monumentalidade que acompanha esses aparatos de Estado são um pouco como que castelos de areia, ou gigantes de pés de barro. Servem para mascarar a inocuidade e a obsolescência, cada vez mais presentes, de um projeto de administração das sociedades humanas fadado ao fracasso. É a democracia burguesa, representativa, ou seja lá qual for o nome, que está com os seus dias contados.

Não se concebe mais que as numerosas, diversificadas, urgentes e complexas demandas de todo um país, de todo um estado ou mesmo de uma cidade possam ser satisfeitas por um aparato burocrático, tecnocrático e, principalmente, um aparato distante daqueles indivíduos ou comunidades a quem esse mesmo aparato deveria atender em suas demandas.

A democracia burguesa, enquanto estrutura política do capitalismo, deverá ser necessariamente superada por estrututas mais diretas e mais participativas de administração do trabalho e das necessidades huamnas - e, consequentemente, estruturas menos burras, autoritárias e burocráticas.

Certamente que estamos vivendo numa encruzilhada da história: ou superamos - através da organização popular democrática e, principalmente, transcendente - essa forma de administração chamada capitalismo, com suas estruturas cada vez mais desumanas e irracionais, presunçosas e descontroladas, ou seremos fatalmente levados para uma mistura de Estado totalitário e tecnicista, para uma espécie de distopia, ou utopia negativa, do tipo descrita no 'Admirável Mundo Novo, de Huxley ou no '1984', de Orwell (aliás, o próprio Huxley, já afirmava, lá no distante ano 1933, que as sociedades ocidentais já estavam muito próximas do delírio sem vida magistralemente descrito por ele no 'Admirável...').

(continua abaixo)

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