Quem anda se assustando ou se admirando da fala de Lula em Santa Catarina (veja texto e vídeo acima) certamente não tomou conhecimento de um comício realizado em 24 de agosto, no Mato Grosso, o qual foi uma das poucas ocasiões em que Lula, finalmente, falou de forma um pouco mais dura em relação aos donos da mídia no Brasil - e que se julgam donos da vontade do povo e dos destinos do país. O discurso está no vídeo acima.
Ainda está a quilômetros de distância do enfrentamento firme e duradouro que Hugo Chavez e Cristina Kirchner, por exemplo, vem fazendo contra as estruturas de poder oligárquicas e eleitistas representadas pelas mídias de seus países, a Venezuela e a Argentina.
Mas não deixa de ser um começo. Quem sabe Lula, Dilma e o PT entendam que já possível, e urgentemente necessário, dar um combate mais efetivo e corajoso ao vergonhoso monopólio dos meios de comunicação.
Claro que será um enfrentamento extremamente mais difícil e complexo do queu tem sido na Argentina, Venezuela e outros países da América Latina. Afinal, o Brasil é a principal referência político-econômica da América Latina, e os os sócios internacionais dos poderosos locais estarão de olho nesse combate, preocupados com o avanço das transformações sociais e políticas popular no Brasil, cujo sucesso, em qualquer país, depende muito do combate que se dê ao poder e ao aparato ideológico incrustrados nos meios de comunicação.
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Aliás, a respeito da oportunidade e da necessidade desse combate, o jornalista Rodrigo Viana publicou recentemente em seu blog um texto bem instrutivo. Faz um paralelo entre as posturas da mídia de hoje e as maquinações da imprensa na década de 60, à época do golpe militar. E alerta Lula para o perigo de deixar passar o momento certo para fazer esse enfrentamento com os poderosos da mídia. Vale a pena ler o texto, que extraí do blog 'escrevinhador':
Apenas faltou alertar também que, para esse enfrentamento ter sucesso, o governo precisaria antes preparar as camadas populares e médias, ou melhor, precisaria fazer esse enfrentamente junto com o povo, precisaria do suporte do povo, para que as camadas populares e médias não sejam envolvidas pelas armadilhas, mentiras e argumentos capciosos da mídia (que, precisamos reconhecer, é tremendamente competente no poder de convencimento) e evitando assim que se voltem contra o próprio governo.
Enfim, para fazer o enfrentamento com a mídia, talvez Lula, Dilma, o PT e o governo precisassem fazer antes aquilo que até hoje - depois de longos oito anos - ainda não fizeram, que é promover mobilização popular, a participação efetiva, regular e entusiasmada das camadas médias e populares na condução do país, como saliento no texto o enfrentamento e a mobilização popular.
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Sobre o vídeo do comício propriamente dito, registre-se a admirável empatia que Lula é capaz de estabelecer com aqueles que o ouvem. É preciso reconhecer: há em Lula algo que vai muito além do populismo e do oportunismo. Registre-se também o pequeno acerto de contas que Lula faz com a família Frias, dona do grupo Folha de São Paulo, e a vibrante, espontânea e catártica peroração que faz contra o preconceito e contra os preconceituosos.
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