quem quer que sejas: deixa tua alcova
da qual já sabes tudo que desejas;
teu lar na tarde, longe, se renova
quem quer que sejas
com teus olhos exaustos, que ainda a custo
entre os gastos umbrais logram passar
ergues inteira a sombra dum arbusto
posto ante o céu - esguio, singular
e tens já pronto o mundo; estranho assim
como palavra que amadurecesse
no silêncio, e que teu olhar esquece
quando lhe captas o sentido, enfim...
rainer rilke (O livro de horas, ed. Civilização Brasileira, 1994)
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