Naquele tempo
elas desciam à vila, as prostitutas –
a única saída
exactíssima resposta para a nossa
angústia seminal acumulada.
Vinham de Vale da Porca, ou outra
terra assim pasmada.
Traziam na cabeça lenços garridos
na carteira de mão a triste história:
a sedução primária, a miséria espessa
mas jamais o vício mercenário.
Nas eiras recebiam nossas águas
de permeio plantados como reis.
Procuravam lisonjeiras acertar
seu êxtase fingido com o nosso.
Beijavam-nos, diziam: tão novinho!
Suportavam-nos insultos e arremessos.
Com mão experiente (mas não habituada)
guiavam-nos na bela, impreterível
urgente aprendizagem
concediam-nos crédito e carinho –
as tãos castas mulheres
as prostitutas.
a. m. pires cabral (macedo de cavaleiros - portugal)
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