Outro poema do mineiro Hélio Pellegrino, do qual já publiquei quadrilátero ferrífero - fala cristalina e ao mesmo tempo meio que soturna, a registrar a pulsação mineral do solo, do ar e do céu dos Gerais.
Já o poema abaixo me lembra um pouco Rilke, com suas densas tentativas de ouvir, e celebrar, a secreta e aparentemente silenciosa pulsação das coisas e do tempo.
momento
Oh! A resignação das coisas paradas
grávidas de silêncio, reverentes
em sua geometria sem jactância!
A placidez das ruas acolchoadas
contra a dura cintilação do dia;
o recato das árvores, a prece
das esquadrias de alumínio ionizado
na fachada do edifício em frente!
Todas as coisas — em clausura — cumprem votos
enquanto a vã filosofia do século
pensa que move o mundo.
hélio pellegrino - minas (1924-1988)
leia mais sobre o poeta em alguma poesia
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