Ainda está na memória de muita gente as cenas de brutalidade e arrogância promovidas pela PM de São Paulo, no campus da USP, ao longo de 2011.
À época, não foram poucos os alertas acerca do perigo de estar se abrindo um precedente perigoso, com o risco de se espalhar pelo país a presença de militares no (ainda?) território livre das universidades federais.
Eis que, no campus da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), os fatos começam a, infelizmente, dar razão àqueles que alertavam sobre esse perigo. Pois já está se tornando cada vez mais ostensiva a presença de militares no campus de Goiabeiras, em Vitória. O vídeo abaixo mostra um pouco dessa arrogância e dessa 'descontração' da força bruta da PM-ES em pleno território do saber, da reflexão e do debate. O vídeo foi publicado no facebook do MCA - Movimento Contra o Aumento, de Vitória.
Não importa decidir se é tecnicamente justificável a presença da PM nos campus, quer dizer, não está em jogo debater se os alunos das universidades precisam de mais ou menos segurança.
Como também não está em questão aceitar ou recusar atenuantes sociológicas ou filosóficas, que justifiquem ou expliquem as ações cada vez mais brutais e vingativas (nos campus ou fora deles) de traficantes, assaltantes e outros subprodutos do atual e deteriorado estágio da civilização.
O que está em questão é que a INSEGURANÇA PÚBLICA é uma situação extremamente interessante para os mecanismos de dominação. Afinal, ao mesmo tempo em que se tem uma população cada vez mais assustada e obcecada com a segurança (em detrimento de outras questões relativas à plena cidadania, principalmente em detrimento de uma ação política coletiva e transformadora) tem-se também uma força repressiva cada vez mais aceita por essa mesma população, uma força repressiva cada vez mais presente em espaços.
E, finalmente, e o mais preocupante, é o fato de as forças da repressão ocuparem cada vez mais os espaços da chamada sociedade civil, em nome da suposta eliminação dessas brutais ações dos subprodutos do modelo de organização social e econômica.
Enfim, os entusiasmados e assustados adeptos da presença da PM em todo e qualquer lugar, em toda e qualquer situação, deveriam atentar para o fato de que a violência urbana não se resolverá de maneira tão simplista, como se a simples e arrogante presença dos brucutus da repressão agisse como uma varinha mágica.
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E é sempre preciso lembrar: essa guerra urbana, esse caos social, não traz nenhuma novidade. Não é preciso ser um fervoroso díscípulo de Marx para compreender que tudo isto é apenas o começo, que este um grau ainda menor da barbárie que acompanha e acompanhará o capitalismo em seus excessos e em sua obsolescência, em sua decadência enquanto modelo de organização social que um dia teve na história o seu papel revolucionário.
E é sempre preciso lembrar: essa guerra urbana, esse caos social, não traz nenhuma novidade. Não é preciso ser um fervoroso díscípulo de Marx para compreender que tudo isto é apenas o começo, que este um grau ainda menor da barbárie que acompanha e acompanhará o capitalismo em seus excessos e em sua obsolescência, em sua decadência enquanto modelo de organização social que um dia teve na história o seu papel revolucionário.
Aos assustados, obcecados e narcortizados pelo sistema, somente resta pedir polícia e mais polícia, somente resta apoiar - primeiro discretamente, depois abertamente - projetos, partidos e iniciativas de caráter fascista, autoritário, como se os fascistas tivessem o condão de resolver as cada vez mais insolúveis contradições do capitalismo.
Essa pessoas assustados não sabem que, na verdade, com a sua brutalidade os estúpidos fascistas servem, e muito bem, aos interesses do sistema, afinal a barbárie e o fascismo é que possibilitarão que o capitalismo adie o momento de sua superação por outro modo de organização social, adie o momento de sua prestação de contas com a história e com a trajetória dos homens sobre a terra.
Portanto, é aos ainda lúcidos, combativos e comprometidos com a transformação, que resta a grave tarefa de acreditar na possibilidade de evitar essa barbárie e esse fascismo, que ganham cada vez mais espaços, principalmente nas sociedades dos países ricos, em razão de sua crise e de sua decadência política e econômica. A essesresta acreditar que é possível derrotar todo esse aparato da barbárie, formado por mídias, partidos, judiciários, igrejas manipuladas, movimentos fascistas e, claro, polícias arrogantes e brutais.
Acreditar que é possivel evitar que seja mais uma vez chocado o ovo da serpente na história da humanidade.
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Acho interessante divulgar também o comentário de Vinicius Tomaz Fernandes, que foi quem postou o vídeo no facebook do MCA:
"Está ficando recorrente. Mais uma vez, ontem, a Polícia Militar entrou no campus de Goiabeiras na UFES (aparentemente, sem autorização). Três viaturas, cerca de 10 policiais exibindo seu armamento pesado e um POLICIAL A PAISANA ARMADO. Deram batida em quem estivesse pela frente, quando vi, pelo menos 15 jovens estavam sendo revistados com as mãos na parede do Cine Metrópolis. Um deles não só foi preso, como teve que ouvir ameaças de agrassão: "ele vai apanhar por causa de vocês [estudantes que estavam filmando]".
Quem oferece mais risco: o usuário ou a polícia com seu aparato militar? A maconha ou um polícia à paisana armado?A polícia militarizada é resquício da ditadura, de nossa transição incompleta para a democracia. Sejamos intransigentes com a atuação da PM, não só em nosso campus, mas em toda sociedade! Por uma nova política de segurança!"
Palavras bem apropriadas, que reforçam aquilo que tentei expor acima: a presença da polícia nos campus das federais não tem nada de inócuo, é fato gravíssimo, é sintoma de ovo da serpente.
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