Tudo bem que a democracia representativa - viciada e impotente, cretina e oportunista - esteja com os seus dias contados.
Mas antes que ela seja efetivamente superada pela democracia direta, popular, não se pode cair na armadilha de ver partidos, parlamentares e projetos políticos como se fossem todos iguais, como se fosse tudo uma "quadrilha só".
Há bandidos e há cretinos (muitos), há oportunistas, há os profissionais, há os marionetes do capital e do poder econômico instituído (a maioria, claro) mas há também os partidos, políticos e governates coerentes, embora equivocados (e também um tanto ou quanto oportunistas e parasitas, claro) na sua prática e na sua teoria de defender e exercer uma projeto de ação política obsoleto, viciado, limitado e limitador, tal como o é atualmente a democracia burguesa, firmal, institucional.
Enfim, como dito acima, enquanto essa obsolescência histórica não é superada, é preciso tolerar ao menos os partidos e governantes coerentes, comprometidos com um programa político minimamente decente e transformador - os chamados partidos e projetos progressistas. Não dá pra cair na armadilha de misturar tudo com os Demóstenes, Barbalhos, Sarneys, Renans etc etc. É preciso distinguir aqueles que, mesmo com todas as contradições e limitações, tentam combater essas cretinices.
O texto de Carta Maior, abaixo transcrito, ilustra bem essa tentativa da grande mídia de msiturar tudo, de tentar confundir realidade distintas.
O DISPOSITIVO ENTRA EM CENA
Passado o primeiro momento de perplexidade e catatonia, depois que savonarolas, bicheiros e jornalistas foram flambados nas próprias chamas, o dispositivo midiático demotucano se recompõe. A pasmaceira aos poucos recupera a afinação cúmplice de um coral de igreja: o importante no primeiro momento é confundir. A desempenadeira torta da suspeição entra em campo para nivelar partidos e reputações. A mensagem é martelada: a política é uma confederação de quadrilhas; todos os gatos são pardos. Instalada a neblina, a hierarquia se inverte: o secundário se sobrepõe ao principal. Demóstenes & Cia são vítimas de uma estratégia do PT para encobrir o 'mensalão que Gilmar Mendes quer julgar antes das eleições municipais (leia-se: antes que Serra naufrague em SP). Sombra e luz, tudo a mesma coisa. Agora é fixar a versão: não há mais fatos A versão diz que a verdadeira origem e destino da corrupção é o governo e o PT. A mídia vocifera e o judiciário togado de conservadorismo insolente pontua. Nivelado o terreno, borbulha a cachoeira de recados. A chantagem se amolda ao veículo e ao grau de cinismo do emissor. Oscila da sutileza ao ranger descarado dos blindados golpistas. Mas a ameaça velada a Lula é uma só: 'E aí, vai encarar?'. Deveria. Dificilmente haverá outro momemto tão pedagógico para desnudar o condomínio midiático-conservador que tem feito gato e sapato da democracia brasileira. Sempre em nome da ética.
(Carta Maior; Sábado/14/04/ 2012
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