Não deixa de ser um sinal dos tempos a louvável iniciativa dos professores grevistas da UFES - de fazer uma atividade de integração popular na relativamente distante Praça Costa Pereira (centro de Vitória), conforme texto abaixo da ADUFES.
Claro que não apenas os professores, mas a maior parte dos trabalhadores organizados têm, através de suas entidades, toda uma tradição de engajamento e de integração com as lutas populares das mais diversos setores sociais, enfim uma relação orgânica, direta com a população - embora não seja exatamente uma interação que promova o enfrenatmento com as estrutruras estabelecidas, uma integração transformadora, muito menos revolucionária.
Mas, de certa forma, não há como não ver nessas 'ocupações' - nessa prática e nessa consciência da necessidade ir até o povo e até às ruas e praças, em seus momentos de luta - um reflexo dos movimentos Ocupa, que se espalharam pelo mundo ao longo de 2011, e que neste ano recuaram drasticamente - o que não quer dizer que tenham sido derrotados em seus propósitos e propostas.
Aliás, uma atividade interessante e benvinda, que farão os professores na Costa Pereira, e que é prática comum nos acampamnetos do movimentos Ocupa, são as aulas públicas, acessíveis a qualquer pessoas que esteja nas ruas e praças.
Abaixo o texto de divulgação da ADUFES. Quanto aos movimentos Ocupa, veja mais no ítem "rebelião no ocidente", à direita deste blog, na seção "nomes e temas'.
Comando Unificado leva Ufes em Greve para a Praça Costa Pereira
Cortejo fúnebre da Educação nessa terça-feira, 12,
no campus de Goiabeiras e Fernando Ferrari
no campus de Goiabeiras e Fernando Ferrari
A atividade “Ufes em Greve na Praça” reunirá nesta quinta-feira, 14, a partir de 8 horas, professores, estudantes e trabalhadores técnico-administrativos da Ufes, na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória.
O comando unificado de greve da Ufes vai levar para a praça uma série de atividades e serviços à população. Na programação estão aulas de alongamento, aeróbica, capoeira e serviços de medição de pressão arterial, exame de sangue, avaliação de obesidade e orientação ao exercício físico.
Até uma sala de aula com 100 cadeiras será montada ao ar livre, sendo que o aulão será ministrado por dois professores, um da Ufes e outro da rede estadual de ensino. A aula pública será assistida por estudantes e demais pessoas interessadas no tema “A crise, A Copa, A Greve na Educação”.
Além de quebrar o conceito antigo de que sala de aula é o único lugar em que se pode aprender, a atividade tem como objetivo chamar atenção da sociedade para os problemas enfrentados pela educação pública brasileira. O Comando Unificado de Greve da Ufes distribuirá panfletos que explicam as razões da greve nas instituições federais de ensino.
Os professores estão em greve há quase um mês. Já os técnico-administrativos iniciaram o movimento nessa segunda-feira, 11. Os estudantes, por sua vez, aderiram à greve dos professores no último dia 30.
Que a universidade se pinte de povo!
Num ambiente alternativo, rodeado de árvores, o Ufes em Greve na Praça pretende mostrar a importância da universidade pública, as atividades desenvolvidas e denunciar o desrespeito à educação superior e aos profissionais em greve. Um panfleto a ser distribuído no local mostra que é comum encontrar bibliotecas desatualizadas, laboratórios improvisados, salas de aula superlotadas, equipamentos antigos e sem manutenção, hospitais atendendo em condições precárias, restaurantes com alimentação inadequada, creches sucateadas, técnicos administrativos mal remunerados, professores sobrecarregados, estudantes desmotivados.
Lembra que as expansões promovidas pelo Programa de Reestruturação e Expansão do Ensino Superior (REUNI) têm comprometido a qualidade do ensino e as condições de trabalho dos profissionais da educação. Que os novos campi universitários já nascem inadequados, incompletos. “Faltam professores, técnicos, livros na biblioteca, equipamentos nos laboratórios, políticas de assistência estudantil. A expansão do ensino é “pra inglês ver”, ressalta Helder Gomes, do Comando Local de Greve (CLG) dos professores da Ufes.
Reivindicações
A greve dos docentes, iniciada em 17/05, já atinge 51 instituições federais de ensino superior no país. As principais reivindicações dos professores são: reestruturação da carreira, equiparação dos salários dos docentes de Magistério Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico ao valor pago a pesquisadores do Ministério da Ciência e Tecnologia com a mesma titulação; retirada dos itens 42 a 47 da Medida Provisória nº 568/2012, que modifica o cálculo das gratificações de insalubridade e periculosidade; expansão das Instituições Federais de Ensino Superior, com manutenção da qualidade do ensino, entre outros itens.
Quanto aos servidores técnico-administrativos, são reivindicadas as seguintes mudanças: reajuste do piso salarial da categoria para três salários mínimos, step de 5% de um padrão de vencimento para outro, reposicionamento dos aposentados, incentivo à qualificação profissional, racionalização de cargos e isonomia salarial entre os três Poderes, dentre outros.
Fonte: Adufes
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