Campanha reivindica direito de resposta aos guaranis-kaiowás
A fúria conservadora contra o reconhecimento dos direitos constitucionais dos índios guarani-kaiowá ganha corpo na mesma proporção em que a campanha em prol da etinia ocupa mais e mais espaços, nas ruas e nas redes sociais de todo o mundo. E neste processo, a mídia conservadora, como era de se imaginar, se torna terreno fértil para a propagação de todo tipo de preconceitos e inverdades históricas contra as populações indígenas. É neste ambiente que índios e defensores dos direitos humanos se uniram para lançar a campanha “Direito de resposta aos Guarani-Kaiowá Já!”, direcionada à revista Veja, precussora dos ataques.
“A escrita, quando você escreve errado, também mata um povo”, afirmaram professores guaranis-kaiowás a respeito da matéria “A ilusão de um paraíso”, publicada na edição de 4/11. De acordo com os organziadores da campanha, a matéria é “claramente parcial no que diz respeito à situação sociopolítica e territorial em Mato Grosso do Sul, pois afirma que os indígenas querem construir ‘uma grande nação guarani’ na ‘zona mais produtiva do agronegócio em Mato Grosso do Sul’”.
Também distorce à atuação política de grupos indígenas supracitados e órgãos atuantes na região, “desmoralizando os primeiros ao compará-los, ainda que indiretamente, a ´massas de manobra´ das organizações supostamente manipuladoras e com uma ´percepção medieval do mundo´.
A campanha classifica a matéria como irresponsável e criminosa, por estimular medo, ódio e racismo. Um exemplo? “O resto do Brasil que reze para que os antropólogos não tenham planos de levar os caiovás (sic) para outros estados, pois em pouco tempo todo o território brasileiro poderia ser reclamado pelos tutores dos índios”, afirma o texto da revista.
A postura de Veja não é isolada. Hoje, foi a vez da Folha de São Paulo ceder espaço para um outro texto-síntese do pensamento conservador brasileiro. O artigo de Luiz Felipe Pondé aparentemente se volta contra os adultos que aderiram à defesa da causa guarani-kaiowá e uniram o nome da etnia aos seus próprios nas redes sociais. Os militantes virtuais são chamados de loucos, ridículos e mediocres, entre outros adjetivos de nível idêntido.
Mas o pano de fundo do texto também é atacar a causa do povo indígena também é duramente atacada. “Desejo que eles arrumem trabalho, paguem impostos como nós e deixem de ser dependentes do Estado. Sou contra parques temáticos culturais (reservas) que incentivam dependência estatal e vícios típicos de quem só tem direitos e nenhum dever. Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo”, diz um trecho do artigo.
Assine a petição “Direito de resposta aos Guarani-Kaiowá Já!”
Participe da campanha.