mina mariana
minas não mira o mar
o mar não ri para minas
minas canta uma outra ária
bebeu de outra mina: mariana
ouro preto, ponte inconfidente
a pele - becos e escadas, ruas e templos,
é polvilhada de puros poros de tempo
a alma - amores e escravos, poetas e o polvo
é ponte entre a mina e o horizonte
o ouro: duro, dourado e o sangrado alferes
a alimentar o polvo
a apontar perto e reto o porto ao povo
horizonte belo
floresta concreta plantada no prado
gestada já na mina, nutrida no ouro
promessa vibrátil de amoroso
contorno ao derredor da serra sagrada
consagrada
mas por ora: o polvo
devora a cordilheira e a seara
enquanto imensa família
ora pujante ora indigente
labuta o barro do preto sustento
de serena e morena estrada-manhã
a marchar célere como o amazonas
rumo ao cerrado e serrando ao meio
a bastilha e as esquadrilhas do polvo
e então talvez o mar e as minas
se beijem - aliviados
e o mar leve às aldeias do globo
o polvo - domesticado
o mar a murmurar em cada diferente porto
o nome da canção esquecida - canhota, torta
que brota da mina pura, singela
trilha a ponte de ouro e o horizonte belo
e jorra vibrante lavanda no seu corpo gigante.
tal mágica e rubra bandeira
talvez.
roberto soares
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