este poema de Hélio Pellegrino, seja pela sua atmosfera mineral, seja pela temática de Minas, me lembra um pouco o famoso poema de Drumond, confidências de um itabirano. pode ser uma associação bastante pessoal, mas de qualquer forma ambos vêm bem a propósito, como complemento à denúncia divulgada aqui, das pretensões da corrosiva Vale (fraudulentamente privatizada) em promover explorações minerais nas cercanias da Serra da Piedade.
quadrilátero ferrífero
Em tuas colinas rasas
não há vinhedos nem olivais.
Há — púrpura difícil — a hematita
uva das Minas Gerais.
Uva sáfara, mineral
fermentando uma pinga de poeira
cujo álcool — lâmina de rocha e cal —
torna triste a embriaguez mineira.
Embriaguez vertical, contida
cujas cores explodem dentro
do peito: ocre violento, lacre
e prata, sol — e lua ferida.
hélio pellegrino - minas ( 1924-1988)
mais sobre o autor em alguma poesia
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