05/02/2009

ilegibilidade

ILEGIBILIDADE deste
mundo. Tudo duplo.
Os relógios poderosos
dão razão à hora físsil
roucos
Tu, encalacrado em teu âmago
te apeias de ti
para sempre.

(paul celan - 'partitura da neve', 1971)Comentários de Flávio Kothe:
Celan não viu mais serem publicados os poemas seguintes, suicidou-se no início de 1970. Eles são o fascinante registro de uma peregrinação para a morte. Parece que ele desiste de cavalgar a noite que havia se apossado dele. A duplicação do mundo na tradição metafísica (mundo terreno x mundo divino, corpo x alma, pensamento x sentimento, etc) parece ser a causa da ilegibilidade dele. O marcador do tempo já está rouco, mas o principal é que ele, Celan, é como um escorpião que já picou a si mesmo com a sua própria cauda. Os poemas de Paul Celan, publicados aqui no DESVELAR, na medida do possível virão acompanhados dos comentários feitos Flávio R. Kothe, pelo tradutor e organizador "Paul Celan, hermetismo e hermenêutica" . Optei por publicá-los, em razão de se tratar de poesia hermética e de refletir uma vivência complexa e polêmica como foi a de Celan. Oportunamente, teremos uma uma abordagem mais detalhada, tanto dos comentários quanto da peosia de Celan.

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