15/06/2009

assumir a própria ousadia

Algumas lideranças populares entendem que o Plano de Ação do COLEDUC, mencionado na matéria cpv avança com o coleduc, deve priorizar a constituição de Grupos de Trabalho que abordem, entre vários outros, dois temas muito importantes: a mobilização e a divulgação do COLEDUC junto às comunidades. Pois é fundamental que tenha de fato penetração nas comunidades, que ele se apresente para o movimento comunitário. Afinal, já se vão mais de três anos que o projeto foi aprovado e até o momento as comunidades não sabem dizer exatamente o que seja o COLEDUC e a que veio.
E agora que finalmente o projeto tem superado os entraves institucionais e de organização, é preciso começar a se pensar numa forma de atender a essa espécie de ‘demanda reprimida’ das comunidades. Pois embora haja um desconhecimento das propostas integrais do COLEDUC, percebe-se que as comunidades acolhem com interesse e até ansiedade um projeto que fala em “educação ambiental crítica”, “formação de educadores populares”, “sociedades sustentáveis no lugar de desenvolvimento sustentável” etc.
São expressões que seduzem e engajam as lideranças, mesmo que de forma apenas intuitiva.
Por isso é tão importante não se ater tanto a controles pedagógicos, conceituais e muito menos institucionais. É preciso não sufocar a espontaneidade e a criatividade que existe no meio do movimento comunitário. Existem inúmeros PAP3 (ver abaixo explicação sobre PAP3) informais, latentes, que têm inclusive muito a nos ensinar.
E, afinal, um das propostas do ProFea (Programa Nacional de Formação de Educadores Ambientais) não é exatamente a de aprender ensinando, não é a de que os formadores de educadores ambientais aprendam com os seus “alunos”, no nosso caso, aprendam com as lideranças populares e conselheiros locais?
Obviamente que sem desfazer do lúcido e minucioso trabalho teórico, já acumulado pelos técnicos e pesquisadores do ProFea, é preciso estarmos sempre atentos para não sufocar a espontaneidade e a particularidade de cada comunidade.
Por isso, é preciso que não enfiemos essa singularidade e essa espontaneidade em nossas camisas de força, não gastemos excessivamente tempo, energia e expectativas apenas com diretrizes, métodos, projetos, enfim, não nos preocupemos em chegar com ‘receitas’ prontas pra os futuros educadores ambientais populares. Aprender a despertar autonomia no movimento instituinte (o movimento popular) e aprender a dar autonomia.
Assim, o COLEDUC de Vitória estará assumindo e exercendo de fato a sua ousadia e originalidade.
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Aliás, em breve organizaremos nas comunidades do Centro o primeiro Encontro de Educação Ambiental , exatamente com o objetivo de apresentar o COLEDUC às comunidades e de articular melhor o trabalho dos representantes das comunidades nos Conselhos de Escola e nos Conselhos de Saúde.
Na verdade, já começamos um trabalho de integração e conhecimento do território, como pode ser visto na matéria comunidades trilhando.
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SOBRE OS PAP3, resumidamente: o COLEDUC é estruturado de forma a se irradiar por todo o território e seus grupos sociais, atarvés de uma rede de grupos chamados de PAP. PAP significa Pesquisa Ação Participante, ou mais simplesmente, Pessoas que Aprendem Participando. Assim temos:
PAP1 - A Coordenação Nacional do projeto, sediada em Brasília, indicada pelo MMA e MEC.
PAP2 - A coordenação local do projeto, no nosso caso sediada em Vitória, formada por membros do CPV e das secretarias envolvidas no projeto: educação, meio ambiente, saúde, direitos humanos, coordenação política e CDV (Companhia de Desenvolvimento de Vitória). Sua principal tarefa é a de formar educadores populares que comporão os PAP3.
PAP3 - formado por lideranças, moradores, conselheiros das comunidades. Tem como tarefa intervir na comunidade e formar novos educadores ambientais populares, que comporão os PAP4.
PAP4 - formado também por lideranças, moradores, conselheiros das comunidades, também com o objetivo de capacitar politicamente, empoderar e intervir para questionar, transformar, conscientizar, enfrentar.
Registrando ainda que todos os PAPs irão trabalhar, refletir, propor e intervir de forma articulada.
E lembrando sempre que a educação ambiental a ser proposta aos diversos PAPs é de caráter popular, libertário e ampliado, ou seja, não se restringirá apenas ao aspecto preservacionista, de conservação da natureza, mas também se guiará pelo aspecto de entender, transformar, recusar modelos e projetos de desenvolvimento, propor alternativas para que, no lugar de apenas desenvolvimento sustentável, se criem de fato sociedades sustentáveis. E sustentáveis não apenas no sentido econômico e ambiental, mas também cultural, político, afetivo e coletivo.

Leia também: coleduc: primeiro contato

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