no combóio para varsóvia
pode acontecer em qualquer lugar, por vezes no combóio
quando estou muito longe: subitamente a porta
abre e figuras esquecidas entram
mas que se aproxima, alegre, sorrindo
e um determinado poeta chinês que amava
a música e as folhas das árvores no outono
estudantes de teologia de Córdoba, ainda sem barba
emergem de nenhures e saltam à vista
retomando o debate sobre os atributos de Deus
e a esplêndida vida surge como uma queda de água na primavera
até que finalmente um telemóvel soa, inoportuno
depois outro, e um terceiro, e todo este mundo excelente, estranhose contraí e desaparece, exactamente como um rato de campo
que, apercebendo-se do perigo, se retira habilmente para
o seu apartamento secreto.
adam zagajewsky - polônia
transcrito do site português poesia ilimitada
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