06/10/2011

um poema do nobel de 2011

histórias de marinheiros

há dias de inverno sem neve em que o mar é parente
de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza
azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos
linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar
em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca
de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas
tripulações vêm a terra, mais ténues que fumo de cachimbo

(no Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas
e olhos sonhadores. no Norte, onde o dia
vive numa mina, de dia e de noite

ali, onde o único sobrevivente pode estar
junto ao forno da Aurora Boreal escutando
a música dos mortos de frio)

tomas tranströmer - suécia (agraciado, nesta quinta-feira, com o nobel de literatura de 2011)

transcrito de poesia ilimitada

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