19/02/2009

Convocatória Libertária!

Os políticos e jornalistas ridicularizam nosso movimento, tratando de impor a ele a sua própria carência de racionalidade. Segundo eles, nos rebelamos porque nosso governo é corrupto, ou porque gostaríamos de ter acesso a mais dinheiro, mais emprego. Arrasamos os bancos porque reconhecemos o dinheiro como causa central de nossas aflições; se quebramos as luzes das vitrines não é porque a vida seja cara, senão porque a mercadoria nos impede de viver a qualquer preço. Se atacamos a escória policial, não é só em vingança por nossos companheiros mortos, senão porque entre este mundo e o que desejamos sempre se supõe existir um obstáculo.
O manifesto abaixo foi elaborado e divulgado por um dos grupos que participaram, e participam, das revoltas populares e anarquistas que vem sacudindo a Grécia desde Dezembro de 2008, e que se espalhou, com menos intensidade, por outros países da Europa. Mais textos sobre o moviento libertário, clique aqui
Convocação para uma nova internacional
Sabemos que é chegado o momento de pensar estrategicamente. Neste momento tão importante sabemos que a condição indispensável de uma insurreição vitoriosa é que ela se estenda, ao menos, em nível europeu. Nos últimos anos temos visto e temos aprendido: as contra-cúpulas pelo mundo, os distúrbios estudantis e nos subúrbios da França, o movimento anti-TAV na Itália, a Comuna de Oaxaca, os distúrbios de Montreal, a agressiva defesa do Ungdomshuset em Copenhague, os distúrbios contra a Convenção Nacional Republicana nos Estados Unidos, e a lista continua.
Nascidos na catástrofe, somos os filhos de una crise global: política, social, econômica e ecológica. Sabemos que este mundo é um caldeirão sem saída. Há que se estar louco para agarrar-se a suas ruínas. Deve ser concertado para auto organizar-se.
Há uma obviedade na recusa total aos partidos e organizações políticas; são parte do velho mundo. Somos os filhos malcriados desta sociedade e não queremos nada dela. Esse é o pecado que nunca nos perdoarão. Atrás das máscaras negras, somos vossos filhos. E estamos nos organizando.
Não nos esforçaríamos tanto em destruir o material deste mundo, seus bancos, seus supermercados, suas delegacias, se não soubéssemos que ao mesmo tempo socávamos sua metafísica, seus ideais, suas idéias e sua lógica.
Os meios de comunicação descreveram todo o ocorrido nas semanas passadas como uma expressão de niilismo. O que não entendem é que no processo de assalto e assédio a sua realidade, temos experimentado uma forma de comunidade superior, de divisão, uma forma superior de organização alegre e espontânea que estabelece a base de um mundo distinto.
Qualquer um poderia dizer que nossa revolta encontra seu próprio fim na medida em que se limita a destruição. Isto seria certo no caso de que junto aos enfrentamentos nas ruas, não houvéssemos estabelecido a necessária organização que requer um movimento a longo prazo: cantinas providas por saques regulares, enfermarias para curar aos nossos feridos, os meios para imprimir nossos próprios jornais, nossa própria rádio. A medida que liberamos território do império do Estado e sua polícia, devemos ocupá-lo, preenchê-lo e transformar seus usos de maneira que sirvam ao movimento. Deste modo, o movimento nunca para de crescer.
Por toda Europa, os governos tremem. Asseguramos que o que mais temem não é que se reproduzam os distúrbios locais senão a possibilidade real de que a juventude ocidental encontre suas causas comuns e se levante como uma só para dar a esta sociedade seu golpe final.
Esta convocação vai dirigida a todos que queiram escutá-la:
Desde Berlim a Madri, de Londres a Tarnac, tudo é possível.
A solidariedade deve transformar-se em cumplicidade. Os enfrentamentos devem expandir-se. Devem declarar-se as comunas.
Desta forma, a situação nunca retornará à normalidade. Desta maneira as idéias e práticas que nos unem serão laços reais.
Deste modo seremos ingovernáveis.
Uma saudação revolucionária aos companheiros de todo o mundo. Aos detidos, os libertaremos!

Transcrito de http://anarkopagina.org/noticias/grecia.nova.internacional.html

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